O I Seminário Internacional Oceanos Livres de Plásticos, a ser realizado na Unisanta, de 7 a 8/6, debaterá questões que já impactam gravemente os seres marinhos e poderão afetar a saúde da humanidade. Há suspeitas de que o bisfenol, contido nos plásticos, pode causar câncer e disfunções sexuais em seres humanos, entre outras doenças. A fauna marinha já está afetada, como a baleia que morreu na Tailândia com 8 quilos de 80 plásticos no ventre.

Mortandade da fauna marinha, por ingestão de plásticos nos mares, é só um dos malefícios desse grave problema que será debatido na Universidade Santa Cecília (Unisanta) nos próximos dias 7 e 8/6, no I Seminário Internacional Oceanos Livres de Plásticos, promovido pelo Instituto Pólis e Fórum da Cidadania de Santos, com patrocínio do Ministério dos Transportes e Porto de Santos.

“Plásticos na água, ingeridos pelos peixes e demais seres marinhos, estão provocando a morte da fauna. Os animais, sentindo-se saciados, deixam de se alimentar”, afirma o prof. dr. Walter Barrella, professor do Mestrado de Ecologia Marinha da Unisanta, um dos palestrantes do Seminário. Um dos últimos casos foi a morte de uma baleia na Tailândia, encontrada com 80 plásticos em seu ventre, num total de oito quilos do produto, segundo notícias da imprensa no último domingo (2/6).

Há suspeitas de que frutos do mar contaminados por plásticos, se ingeridos por seres humanos, podem trazer riscos. Além dos sacos de plásticos facilmente visíveis, há os perigos dos microplásticos, geralmente invisíveis a olho nu, alvo de grande preocupação dos cientistas, pois há denúncias de que esses produtos estão disseminados até na água que ingerimos.

Em março último, foi divulgado que testes da Orb Media, com participação da Folha de S. Paulo, encontraram microplásticos em água engarrafada e nas torneiras de vários países do mundo, incluindo o Brasil.

Walter Barrella menciona um componente do plástico, o bisfenol, que pode causar disfunção sexual masculina, aumento da próstata, redução da qualidade do sêmen, aborto em mulheres, câncer de mama, prematuridade do feto, Síndrome do Ovário Policístico e pré-eclâmpsia, grave doença que afeta parturientes.

O bisfenol A (BPA), presente em utensílios de armazenar comida, garrafas de bebidas, latas de conservas etc., pode afetar a memória, a aprendizagem, o humor e a tireoide, entre outros distúrbios. Barrella cita pesquisas de diversos autores sobre esses malefícios, que incluem : permeabilidade intestinal, asma, hiperatividade e déficit de atenção.

Feminização dos peixes

Além da mortandade da fauna marinha, os plásticos liberam substâncias semelhantes ao hormônio feminino (estrógeno), o que provoca a feminização de peixes. “Já estão nascendo mais peixes fêmeas do que machos. Se o homem se alimentar desses animais contaminados, pode estar ingerindo também Bisfenol A .

“Feminização ou femilização refere-se ao aumento do peso relativo do sexo feminino na composição de uma população ou profissão” (Silvia YannoulasTemporalis, Brasília 2011).

O pesquisador Marco Antonio di Pinto Junior estudou o impacto dos Lixos Plásticos na População de Albatrozes. Concluiu que a mortandade dessas aves pela ingestão desses resíduos é muito elevada.

Os perigos no mangue e nas praias

Pesquisadores do Mestrado em Ecologia Marinha da Unisanta, como Walter Barrella, Camilo Seabra, Caio Nobre,  Augusto Cesar, Miguel Pretere Júnior, Fernando Cortez, entre outros, há anos estudam o lixo nos mares e nos mangues. O Laboratório de Ecotoxicologia da Universidade tem sido utilizado para pesquisas de doutorado, mestrado e de graduação.

Alguns desses estudos se referem ao lixo que vem do manguezal, junto às palafitas da Baixada Santista. Trata-se de uma área ocupada por 1.795.400 metros quadrados, com cerca de 36 mil habitações, onde residem aproximadamente 140 mil pessoas. Se cada uma dessas pessoas lançar uma sacola plástica, serão quatro toneladas /dia no oceano.

O lixo levado pelas marés chega às praias.  Somente na praia do Boqueirão, em Santos, foram encontrados, em 2012, 24 resíduos plásticos por metro quadrado, provenientes de filtros de cigarros, papel, embalagens, canudos, além de outros tipos de resíduos como tampinhas de latas, papel e isopor.

Viver sem plásticos?

A uma pergunta, o dr. Barrella  interrompe brevemente a entrevista e pergunta: você viveria sem plásticos? Vemos a caneta, as roupas que não amassam, as pastas dispostas na mesa… Essa  é outra questão que ele vai expor na mesa-redonda do I Seminário Internacional Oceanos Livres de Plásticos,  nesta quinta-feira,  a partir das 14 horas, no auditório do Bloco E da Unisanta.

Os especialistas presentes discutirão possíveis soluções, como usar plásticos biodegradáveis, como os feitos com óleo de mamona  e  bagaço da cana de açúcar, experiências brasileiras.  E providências paliativas, como o descarte adequado dos plásticos.

Naquele horário, começarão os debates sobre Avanço das Pesquisas sobre o impacto dos plásticos nos oceanos: Participação da Unisanta, Unifesp, Unesp, CMA – ICMBio

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 SERVIÇO

I Seminário Internacional Oceanos Livres de Plásticos

Dia 7/6 – Abertura: 9h – Palestras e mesas-redondas: das 10 às 12 horas e das 14 às 16 horas.

Dias 8/6 – das 9 às 12 horas e das 14 às 16 horas. 16h30 –  Apresentação da  Carta Compromisso Livre-se dos Plásticos.

Local: Auditório do Bloco E da Unisanta, na Rua Cesário Mota, 8. Bloco E, quarto andar.