A parceria entre Unisanta e Defesa Civil destaca-se pela ênfase em meteorologia e oceanografia

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O Dia Mundial da Meteorologia, marcado em 23 de março, ressalta a crescente importância dessa área do conhecimento. Nos últimos anos, a meteorologia tem ganhado destaque, impulsionada pelo avanço científico e tecnológico, além dos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Esta data não apenas reconhece tais avanços, mas também destaca a estreita interconexão entre a meteorologia e outras disciplinas, como a oceanografia. Além disso, ilustra como essas conexões são representadas por parcerias institucionais, como a entre a Defesa Civil de Santos e o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Unisanta.

Venha conhecer mais sobre o tema!

O que a meteorologia estuda?

A meteorologia é a ciência encarregada de analisar e prever as mudanças climáticas da Terra. Através da coleta de dados como umidade do ar, temperatura e precipitação, os meteorologistas são capazes de prever as condições climáticas em uma determinada região.

Isso é crucial para prevenir acidentes e evitar danos para diferentes setores da sociedade. Além disso, esses estudos têm relação com a climatologia, que se dedica a entender as transformações climáticas da Terra ao longo do tempo.

Como surgiu o Dia Mundial da Meteorologia?

A comemoração marca a data de criação da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), uma agência da ONU criada para substituir a antiga Organização Meteorológica Internacional (OIM). 

A instituição é importante pela produção de dados atmosféricos que ultrapassam fronteiras políticas, aumentando a validade de seus serviços para a humanidade.

O conselho executivo da OMM se reúne anualmente para definir o tema referente às comemorações do Dia Mundial da Meteorologia. O tema deste ano, ‘Na linha de frente da ação climática’, reflete o ODS 13 da ONU, que destaca ações urgentes contra as alterações climáticas.

Qual a relação da meteorologia com a oceanografia?

A oceanografia e a meteorologia se relacionam desde a coleta de dados até a compreensão dos processos que moldam os oceanos e a atmosfera. Através da meteorologia, é possível ter ferramentas para quantificar e compreender os processos físicos, químicos e biológicos que definem o comportamento dos oceanos.

Franco Cassol, meteorologista da Defesa Civil de Santos, destaca a relação entre a previsão meteorológica e as condições marítimas oceanográficas na Baixada Santista.

“É muito importante monitorar e prever as condições meteorológicas, como as condições do tempo, as instabilidades da atmosfera, quanto as condições marítimas. As condições oceanográficas, inclusive, são muito afetadas pelas condições meteorológicas.”

Ele exemplifica que fenômenos como a sobrelevação da maré e correntes de ressaca geralmente resultam da interação entre a meteorologia vigente e fatores astronômicos, durante frentes frias. Com isso, quando a frente fria coincide com a maré astronômica de sizígia (períodos de lua cheia ou nova), os eventos de ressaca e maré alta são potencializados.

Defesa Civil e NPH

O NPH é um laboratório das Faculdades de Engenharia e Biologia, que, a partir de 2000, constituiu-se como Núcleo de Pesquisas. Dessa forma, foi possível a obtenção de uma extensa base de dados meteoceanográficos e estudos na região litorânea de São Paulo.

Desde então, vem desenvolvendo atividades em pesquisa e consultoria no âmbito nacional e internacional, buscando atender os setores Portuário, Defesas Civis e Saneamento Básico.

Segundo a Profª. Alexandra F. P. Sampaio, coordenadora do NPH, a parceria com a Defesa Civil de Santos, desde 2016, se estabeleceu a partir dos envios de alertas antecipados de eventos meteoceanográficos extremos que ocorreram neste ano e afetaram muito a cidade.

Esta parceria com o município se mantém através de um convênio de compartilhamento de informações entre as instituições. Isso ocorre através do fornecimento de dados e de previsão oceanográfica em nível operacional por meio da plataforma “AquaSafe Santos”.

Plataforma AquaSafe Santos

A plataforma permite o acompanhamento em tempo real dos dados observados e das previsões oceanográficas de alta resolução, possibilitando uma análise mais detalhada dos riscos associados à passagem de eventos de maior magnitude e de como eles podem afetar a cidade de Santos.

O sistema registra os valores obtidos por sensores em tempo real, como altura da maré, a altura e período das ondas e também um conjunto de dados meteorológicos.

Por meio do sistema AquaSafe Santos, o monitoramento efetuado pela Praticagem de São Paulo através dos sensores instalados ao longo do canal de navegação do Porto de Santos, pela Defesa Civil através de uma estação meteorológica própria, de pluviômetros automáticos do CEMADEN, imagens do satélite do Goes e de modelos de previsão meteoceanográfica de alta resolução da UNISANTA, estão todos integrados nessa mesma plataforma.

“Em Santos temos essa vulnerabilidade, em alguns casos, a ressaca é suficiente para a água invadir a avenida da praia, por exemplo. Então, durante a passagem desses eventos, temos que estar sempre monitorando e atentos; desta forma esses dados fornecidos são fundamentais”, explica o meteorologista.

Adicionalmente, a equipe do NPH desde 2016 vem também fornecendo boletins diários de previsão meteoceanográfica e sempre que prevê eventos adversos relacionados às condições marítimas que acionam o Plano Preventivo de Ressacas e Inundações Costeiras (PPDC) do município de Santos, emite boletins extraordinários.

Esses boletins incluem informações sobre a alteração do estado de Observação (normalidade) para Atenção ou Alerta (nível máximo), e os horários críticos de acordo com a previsão da altura do nível do mar e da altura e direção das ondas, para várias localidades de Santos, e que podem deflagrar ações preventivas do lado do município de acordo com o PPDC.