Docentes da Unisanta comentam a estrutura do Porto de Santos em matéria do Jornal BoqNews

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O jornal santista BoqNews não poderia deixar de abordar segurança portuária, um tema recorrente pelo mundo após a tragédia que deixou morte e destruição em Beirute. Para isso, Silvio Vicente e Elio Lopes, docentes da Universidade Santa Cecília, como especialistas no assunto, foram convidados para tratar do tema na edição Nº 1322, de 15 a 21 de agosto, do jornal.

O primeiro a dar seus relatos foi o Dr. Silvio José Valadão Vicente, que traçou o perfil da substância causadora da explosão, o nitrato de amônio. O professor do curso de Engenharia Química da Unisanta comentou que o composto químico é muito presente em Santos pelo seu uso na fabricação de fertilizantes para a agricultura brasileira.

Silvio também destacou a importância do nitrato de amônio para o Brasil, mas alertou os riscos de sua manutenção na proximidade de áreas urbanas, como é o caso do Porto de Santos. Ele ainda detalhou os cuidados na manutenção de tal substância: “É importante monitorar constantemente a temperatura do produto que não pode se aquecer, pois acaba entrando em reação e, dessa forma, pode resultar em incêndios ou explosões. Outro ponto fundamental consiste no afastamento de materiais que poderiam reagir com o nitrato de amônio, como algodão, óleo diesel, açúcar e serragem”.

Já o engenheiro industrial Elio Lopes alertou sobre o risco em potencial de acidentes com o nitrato de amônio nos navios. O coordenador e professor dos cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental da Universidade Santa Cecília caracterizou qualquer aumento repentino de temperatura (geralmente por incêndios) como uma ameaça no transporte do composto químico, que pode causar explosões inacreditáveis. Ele citou o exemplo trágico do acidente que vitimou 581 pessoas em 1947, no estado norte-americano do Texas.

O docente da Unisanta, trazendo essa questão para o contexto santista, presumiu os riscos e consequências de acidentes náuticos na região: “O risco existe; se houver uma explosão, os impactos irão depender da quantidade do produto no navio e também do tamanho da embarcação. Normalmente, uma catástrofe desta proporção pode atingir entre 3 a 4 quilômetros de distância. Dessa forma, grande parte de Santos e outras cidades da região, como Guarujá, sofreriam impactos direto com alto poder de devastação”.