O professor doutor João Figueira de Souza, membro do Comitê Científico Internacional da Associação para Colaboração entre Portos e Cidades (Rete)  e docente da Universidade Nova de Lisboa, falou sobre Logística e Planejamento Urbano em Cidades Portuárias,  tema que abordará também na noite desta quinta-feira (12/9).

Foi um diálogo franco e produtivo entre representantes das prefeituras da Baixada Santista, sobre problemas enfrentados  atualmente nos acessos ao porto de Santos e propostas visando amenizar essas dificuldades, principalmente a médio e longo prazo. Assim foram  a abertura e os primeiros debates do Seminário  Acessibilidade ao Porto de Santos – Visão estatal, promovido pelo Núcleo Avançado Rete/Nepomt/Unisanta, nesta quinta (12/9) pela manhã.

Em todas as intervenções dos debatedores, uma afirmação comum:  a  necessidade das instituições de ensino superior  colaborarem  com as discussões dos usuários do porto, fornecendo idéias e pesquisas que auxiliem a resolver os problemas apontados. E a criação do Núcleo Avançado/Unisanta da Associação para a Colaboração entre Portos e Cidades (sigla Rete, em italiano), em junho último, foi saudada como um grande passo dado, visando esse objetivo.

Tradição em pesquisa

Essa mediação das Universidades nos debates sobre o porto é indispensável – afirmou a Reitora da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Sílvia Teixeira Penteado. Lembrou que a Unisanta tem contribuído com  o tema, com cursos de capacitação e outras iniciativas como cursos superiores de graduação e de pós-graduação, mestrados, seminários e intercâmbios internacionais, em diversas instâncias, em parceria  com outros setores da sociedade.  Por meio da Rete, essas portas  para os debates e as pesquisas estão  sendo alargadas.

“Neste momento, afirmou a reitora, a  professora Alexandra Franciscato, coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Unisanta, está participando em Brasília de um encontro  sobre impactos ambientais marítimos diante de atividades socioeconômicas  ligadas ao porto, a convite da Secretaria dos Portos da Presidência da República”.

Sílvia e a presidente da Unisanta, Lúcia Maria Teixeira Furlani, mencionaram o recente convite à participação da Rete, por meio de Alexandra, em publicação especializada da Onu.  A Unisanta tem pesquisadores junto à ONU, OEA -Organização dos Estados Americanos  e Unesco, entre outros órgãos importantes, afirmou Lúcia. A Unisanta criou seu primeiro curso de Engenharia, voltado para as necessidades do porto e do Parque Industrial de Cubatão.

“Temos ex-alunos e pesquisadores contribuindo ativamente com as batalhas pelo desenvolvimento  econômico, social e ambiental”, acrescentou a presidente.

“Comitê de Crise” e projetos

O Secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, José Eduardo Lopes, disse que diversos países do mundo apresentam problemas de acesso aos seus portos. Relatou todas as providências tomadas para minimizar essas dificuldades, como o Comitê da Crise e  “a participação importante do Ministério Público, quando necessário, para ajudar no convencimento de determinados atores”, visando o bem comum.

Obras importantes estão sendo projetadas e anunciadas, e uma nova ligação entre Santos e o Planalto (governo estadual).   A Secretaria de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos defende  o desenvolvimento das malhas ferroviária e hidrodiária. Há um projeto para melhorar os acessos na entrada da cidade, uma iniciativa tripartite entre prefeitura e  governos  federal e estadual, e  outro para o novo Terminal de Cruzeiros, o Porto Valongo, com recursos do governo federal/Codesp e  daprefeitura de Santos,  terminal que vai se somar ao Concais.

“Não abrimos mão de nossa qualidade de vida”, acrescentou o secretário, exemplificando com os projetos de se retirar os grãos da Ponta da Praia e acomodá-los na área continental. Outros projetos têm em vista  “melhorar nossa qualidade de vida”.

Porto sem Papel

Oswaldo Freitas Vale Barbosa, superintendente de Logística Integrada e CPT/CENEP, mostrou algumas das providências tomadas para se reduzir os problemas de acessibilidade ao porto de Santos. Foi criado um Centro de Monitoramento, para visualizar as operações desde a entrada da Alemoa à Ponta da Praia e na margem esquerda.  As cargas devem ser monitoradas desde sua origem. “Estamos fechando um círculo para evitar congestionamentos”.

Projeto importante é o Porto sem Papel, que permitirá ao usuário ver de imediato onde parou a sua carga, com um apertar de botão. A nova dragagem do canal, com verbas garantidas pelo governo federal, é outra melhoria importante.

Sugestão: teleférico de contêineres

 “Não é loucura se pensar em um teleférico de contêineres, com investimentos privados, partindo do Rodoanel, em São Paulo, até a Baixada Santista, onde a  carga seria acomodada em barcaças até os navios”, propôs Adalberto Ferreira da Silva, secretário de Planejamento de Cubatão.

Ele mencionou o enorme fluxo de veículos que atravessam o município nos eixos norte-sul e leste-oeste, coincidindo com picos do fluxo turístico, no final do ano. Há projetos de obras em diversas malhas, mas ele entende que, mesmo duplicando-se as ferrovias, o modal rodoviário continuará sendo importante.

Cubatão contribuirá com um projeto: a Via Arterial, de 12 quilômetros, ao lado da ferrovia existente. Essa obra está em fase de desenho técnico.

Importância das Universidades

 A necessidade da presença acadêmica nas propostas para o Porto de Santos foi enfatizada pelo secretário Adjunto de Desenvolvimento Tecnológico e Logístico da Prefeitura de Guarujá, Adilson Cabral. Por meio da Rete/Unisanta, e de seminários como  o que está sendo realizado, a Universidade está preparada para agregar seu conhecimento visando às soluções, que devem ser integradas com todos os setores envolvidos, disse, propondo aos estudantes de graduação presentes que se interessem pelos temas e desafios ligados ao porto.

“As prefeituras são as primeiras a serem cobradas pela população quanto há problemas de acesso ao porto, e elas precisam assumir seu papel de protagonistas”. Sem uma união entre todas as partes envolvidas, não adiantará a conclusão das grandes obras previstas para os próximos três ou quatro anos”.

O mediador dos debates foi o  Diretor Executivo da Associação Comercial de Santos, Márcio Calves.

Núcleo Avançado Rete/Unisanta

O engenheiro Adilson Luiz Gonçalves, coordenador do Núcleo Avançado (“Nodo Avanzado”) da Rete-Nepomt-Unisanta,  falou sobre a criação da  Rete/Unisanda, aprovado em 6 de junho  de 2013, em Tarragona, Espanha, sendo que a primeira atividade do grupo , uma reunião internacional “on-line”, ocorreu em 28 de junho último.

Participam do Comitê Científico representantes de Itália, Portugal, Alemanha, Espanha, Argentina, Canadá, França, Chile, Costa Rica e Brasil. A Unisanta é a primeira universidade brasileira a integrar o Comitê Científico da Rete, além de sediar o primeiro núcleo avançado (“Nodo Avanzado”) da associação na América Latina. O Núcleo Avançado realiza projetos em colaboração.

Curso na Espanha

 Ainda como reflexo do intercâmbio da Unisanta com organismos ligados à Rete, uma aluna do Programa de Mestrado de Ecologia da Unisanta, formada no curso de Biologia Marinha, Erika Guisande Rojas, participará da XIII Edição do “Curso Iberoamericano de Tecnologia, Operações e Gestão Ambiental em Portos”,  na cidade de Santander, na Espanha, de 16 de setembro a 11 de outubro, com estudos em Operações Portuárias e Gestão Ambiental. Trata-se de um programa de cooperação entre Portos da Espanha e a Comissão Interamericana de Portos da OEA – Organização dos Estados Americanos.

    

Programa

O público-alvo do Seminário inclui: estudantes, pesquisadores, profissionais e público em geral. A entrada é franca e os interessados em obter Certificado de Participação deverão, no preenchimento da lista de presença, informar seu e-mail, para posterior envio.

O Encontro  prossegue na noite desta quinta-feira, das 19 às 21h30, na Rua Cesário Mota, 8, quarto andar, com o Painel

VISÃO MODAIS DE TRANSPORTE

Debatedores: José Roberto Lourenço –Gerente de Relações Institucionais da MRS Logística); Antonio Maurício Ferreira NettoDiretor do Departamento de Revitalização e Modernização Portuária da SEP – Secretaria de Porto da Presidência da República;  Prof. Dr. José Wagner Ferreira, consultor na área logística de transportes.

Mediador: professor engenheiro Aureo Pasqualeto Figueiredo, da Unisanta.

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