*colaborou Elaine Brazão

Após 24 anos, o Brasil volta a ter representante nas Olimpíadas no ciclismo de pista, Gideoni Rodrigues Monteiro. Campeão brasileiro na Omnium e quarto colocado no pan-americano, em 2014, 15º no ranking mundial, o atleta ceciliano é mais um exemplo de superação na vida e no esporte.

 

 

Gideoni Rodrigues Monteiro, de 26 anos, é mais um atleta com apoio da Unisanta que estará nas Olimpíadas do Rio 2016. Para isso, o esportista se classificou no último mundial, disputado no início de 2016, em Londres, e, após 24 anos, o Brasil terá um representante no ciclismo de pista. Vai concorrer na categoria Omnium, considerada a mais complexa da modalidade, disputada ao longo de dois dias.

Campeão brasileiro em 2014 e bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto no ano passado, Giodeoni conquistou a tão sonhada vaga para os Jogos Olímpicos no último dia do Mundial de Ciclismo, em março deste ano. Após dois anos de treinamentos intensos e provas, o atleta ficou em 18°. lugar, carimbando seu passaporte para o maior evento esportivo do planeta.

A competição serviu como teste para as Olimpíadas, quando concorreu com a maioria dos esportistas que estarão no Rio de Janeiro, em agosto. Gideoni, que representa o Memorial Santos/Fupes, recebeu apoio da Unisanta a partir de 2016.

“Estou muito feliz com o momento que estou vivendo, com a conquista já alcançada. Só tenho que agradecer à minha família, à minha equipe e a todo esse apoio dos patrocinadores”, disse o atleta, após a conquista da vaga.

O ciclista se divide entre os treinos em Indaiatuba (SP), no Centro de Treinamento da seleção no velódromo de Maringá (PR), e os intercâmbios no Centro Mundial de Ciclismo da União Ciclística Internacional, em Aigle, na Suíça, realizados pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). Ele continua se dedicando ao ciclismo de estrada, que dá a resistência necessária para encarar bem as seis etapas da Omnium. Se o cansaço é um grande obstáculo, Gideoni se apega à crença de que seu pai José Lusmar, morto em 2014, em decorrência de um acidente, está feliz com toda a dedicação do filho.

História – Nascido em Groaíras, no Ceará, ainda pequeno mudou-se para a capital de Sergipe. Lá, aos 13 anos, influenciado pelo tio que tinha uma loja de bicicletas, deu suas primeiras pedaladas. O tio é um de seus maiores incentivadores, deu ao sobrinho uma bicicleta e o acompanha nas competições. De 2009 a 2011, treinou na Europa, no ciclismo de estrada. Quando voltou em 2011, o técnico Emerson Silva o apresentou à prova de pista e o convidou para um teste com a Seleção Brasileira, em Maringá (PR).

Dali em diante, os resultados começaram a aparecer. Conquistou o Pan-Americano de perseguição individual de pista e conheceu a categoria Omnium, que disputa atualmente. Então, passou a competir nas duas provas, estrada e pista.

Acidente- Em 2012, durante um treinamento, Gideoni foi atingido por um caminhão. Foram várias cirurgias e três meses parado, mas esse não foi o maior choque durante a preparação para os Jogos Olímpicos. José Lusmar, maior incentivador de Gideoni, faleceu em um acidente de carro em janeiro de 2014, na mesma época em que o ciclista saiu da equipe onde treinava em Ribeirão Preto (SP).

“Quando eles me mandaram embora, pensei: Meu pai gostava tanto do que eu fazia, tenho que continuar. Decidi que iria até a Olimpíada, que era meu sonho, nem que fosse avulso. E a equipe de Santos me contratou logo depois”, recorda.

Nos Jogos Sul-Americanos, no Chile, em março de 2014, foi o quarto melhor colocado na competição. Com um bom resultado, conseguiu um novo patrocinador e entrou para a Aeronáutica, que lhe garantiu mais um apoio importante. Foi campeão brasileiro na Omnium e, quarto colocado no pan-americano, ambos em 2014.
Os pódios lhe renderam classificação para a Copa do Mundo, que era o pontapé inicial para a conquista do índice olímpico.

Ali começava o caminho rumo ao Rio-2016. Gideoni entrou para a Aeronáutica, o que lhe garante um apoio importante, segundo o atleta. Foi campeão brasileiro na Omnium em 2014 e o quarto no pan-americano do mesmo ano. Isso lhe deu a classificação para a Copa do Mundo da modalidade, competição que marcava o início da contagem de pontos para o ranking olímpico.

Treinou na Europa, com a seleção, especialmente na Suíça, referência do ciclismo de pista do mundo. Participou das etapas da Copa do Mundo e conseguiu a vaga para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, em 2015.

A vaga – O Mundial, disputado em março na Inglaterra, era a chance final de somar pontos e ficar entre os 18 melhores no ranking, garantindo a vaga olímpica. O apoio dos treinadores Emerson Silva e Cláudio Diegues foi fundamental. Com o 18º. no Mundial, Gideoni ficou em 15º. no ranking e garantiu o Brasil nos Jogos após 24 anos de ausência no ciclismo de pista.

Gideoni conta que escolheu se especializar na Omnium justamente porque, olhando os critérios de classificação olímpica, era a que tinha a maior chance. “Aos poucos, à medida que fui evoluindo e subindo no ranking, me dei conta de que o objetivo estava perto de ser alcançado. Até que, em março, após a disputa do Campeonato Mundial, tive a vaga confirmada. É uma ficha que está caindo aos poucos”.

Sobre sua pretensão de pódio, o atleta diz: “Dos 18 ciclistas classificados, todos chegam com chance de vencer no mínimo uma das seis provas. O objetivo é terminar no top-10. Mas claro que o sonho maior é subir ao pódio e conquistar uma medalha. O importante é que eu esteja calmo, relaxado e coloque em prática tudo o que aprendi nestes últimos dois anos. Quem sabe, contando ainda com o apoio da torcida brasileira, eu possa ir longe”.