Os cadastramentos dos pacientes interessados podem ser feitos pelo telefone (13) 3202-7156, das 14h às 17h.

Inaugurado em 13 de abril deste ano, o Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 da Unisanta está funcionando “a todo vapor”, oferecendo vasto atendimento a pacientes que contraíram o novo coronavírus e já se curaram. O projeto, pioneiro na região em instituições particulares, também envolve alunos das áreas de Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Educação Física da Unisanta, oferecendo a estes uma oportunidade única de pesquisa e aprendizado prático.

“É um projeto importante, agora em andamento. Temos diversos pacientes pós-Covid, que saíram de internações ou até mesmo os que tiveram a patologia em casa, que estão aqui agora, já em tratamento gratuito”, ressaltou a Diretora de Saúde da Unisanta, Dra. Caroline Teixeira, que continua: “As pessoas saem (do hospital) com diversas comorbidades pulmonares, neurológicas, psicológicas e hoje estão aqui sendo atendidas […] então para nós é uma realização estarmos com o primeiro ambulatório particular da Baixada e poder atender à necessidade de todos nesse momento tão difícil”.

Caroline também definiu o funcionamento do ambulatório da Unisanta, que, segundo ela, tem os trabalhos de Fisioterapia como centrais: “Normalmente, a Fisioterapia avalia, agenda, vê os pacientes e depois encaminha para a Nutrição, para a Psicologia e, depois disso, para a Educação Física”.

Uma característica que chamou a atenção da Diretora de Saúde da Unisanta foi a variedade de sequelas possíveis em um paciente pós-Covid. Caroline destacou que já houve casos de pacientes que tiveram quadros muito semelhantes da doença, mas, mesmo assim, apresentam sequelas completamente distintas.

“Ontem eu não consegui atender uma paciente por conta de uma sequela psicológica. […] Ela chegou, eu avaliei, e ela desde o começo estava agitada, via-se que ela estava ansiosa, fomos conversando: ‘vamos fazer uns testes para avaliar a respiração’, e ela começou a dizer que estava passando mal. Temos o aparelho oxímetro e, quando fui ver, ela não estava passando mal, estava com 99 de saturação, só pelo fato de se falar ‘vai ter que respirar fundo’, ela não conseguia fazer mais nada”, relatou Caroline Teixeira.

Recuperação pós-Covid-19 também representa uma valiosa oportunidade de experiência aos universitários envolvidos. O curso de Fisioterapia tem o maior número de estagiários, dez alunos fixos. Além disso, o de Nutrição tem cerca de três estagiários rotativos diariamente, Educação Física tem dois e Psicologia, seis. “Grande parte dos alunos que vão se formar neste ano, principalmente, que são os que estão aqui atuando conosco, são alunos que vão ter essa realidade nas suas profissões. Então, nós já estamos passando essa prática, que com certeza é muito importante para o acadêmico e para o mercado de trabalho”, complementou Caroline.

Pacientes aprovam atendimento

A maior prova da importância dos trabalhos do Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 da Unisanta são os relatos de pessoas que utilizaram esses serviços.

O trabalhador portuário Michel Anderson dos Anjos, que teve Covid-19 entre os dias 19 de setembro e 30 de outubro do ano passado, chegou a ser internado duas vezes: “a primeira (internação) com Covid-19 e depois pós-Covid, porque eu fiquei com pneumonia e anemia. Na verdade, foram 25 dias de internação, só teve um intervalo de uma semana entre uma e outra”.

Ele contou que teve sequelas importantes por conta dos medicamentos ingeridos: “De lá até aqui (alta hospitalar), estou passando por pneumologista, endocrinologista, que é a parte de diabetes, hematologista, que cuida do sangue, e também dermatologista, por causa dos cabelos, que estavam enfraquecidos, tudo por conta da Covid”.

Michel soube dos serviços oferecidos pela Unisanta por meio de uma fisioterapeuta que o havia atendido há anos: “Ela já sabia do meu caso e quis me ajudar, para que eu pudesse fazer o meu cadastro e fazer esse tratamento”, destacou ele, que está no Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 há cerca de três semanas e já sente uma melhora significativa em seu quadro. “A Fisioterapia ajuda muito, com certeza”.

Outro paciente satisfeito com os serviços da equipe Santa Cecília é Marcio Murilo Clemente, que sentiu os primeiros sintomas do novo coronavírus no dia 8 de fevereiro deste ano e, depois de nove dias internado, recebeu alta no dia 29 do mesmo mês. “Não fui intubado, fiquei no limite da possibilidade, minha família recebeu a informação de que eu poderia ser intubado a qualquer momento, mas, após dois dias nessa situação, eu comecei a melhorar”, comentou.

Marcio Murilo frequenta o ambulatório duas vezes por semana, utilizando os serviços de Fisioterapia, Nutrição e Psicologia. Ele conta que logo receberá alta da Fisioterapia e começará a ser atendido pela equipe de Educação Física. “Isso aqui é algo sensacional, fiquei apaixonado. Essa oportunidade que estão dando está sendo imprescindível na minha recuperação, espero um dia estar bem e retribuir de alguma forma, mas é algo que, poxa, estou muito feliz, fez muito bem pra mim. Também o setor psicológico, estar amparado por tudo isso, foi muito legal”, ressaltou Marcio.

A coordenadora do curso de Nutrição da Unisanta, Angela de Oliveira Ilha, também destacou a variedade do estado de saúde dos pacientes atendidos. “Alguns pacientes chegam muito debilitados, então nós precisamos recuperar peso, todo o estado nutricional. Outros já vêm com diabetes ou apenas com descontrole da glicemia, com dislipidemia, aí temos que fazer um tratamento de perda de peso, de reeducação alimentar. Então, para cada paciente adequamos o tratamento nutricional”, comentou.

Uma sequela comum em pessoas com Covid-19 é a falta de paladar e de olfato. Mesmo não existindo um protocolo específico, o setor de Nutrição do ambulatório procura alternativas de tornar a experiência mais agradável aos pacientes. “Tentamos trabalhar um pouquinho de cada coisa. Se ele não está tendo paladar, vamos colocar apresentação e texturas diferentes, também identificar qual é o paladar que ele (paciente) tem mais dificuldade, para poder incentivar no que ele consegue ainda consumir”, complementou a coordenadora de curso da Unisanta.

Angela Ilha ainda falou sobre o aprendizado dos alunos de Nutrição envolvidos no projeto: “Estamos com os alunos do primeiro período, esse é um dos primeiros cursos de nutrição que está oportunizando aos alunos ter um estágio observatório, ou seja, ele vem para acompanhar a nutricionista formada já nesses atendimentos. Então, é o primeiro contato que ele já tem com a prática. Essa proposta veio da nossa diretora de saúde, eu achei muito interessante, porque dá essa oportunidade para o aluno de primeiro período vivenciar essa prática, é um grande diferencial do nosso curso”.

José Luis Portolez, coordenador da Faculdade de Fisioterapia da Unisanta, ressaltou que a universidade já tem uma clínica de múltiplos atendimentos há um bom tempo, sendo que esta já fazia parte da formação acadêmica dos alunos. Agora, a clínica foi ampliada com um ambulatório específico pós-Covid, que, segundo ele: “veio para enriquecer mais ainda a formação deles (alunos)”.

O coordenador também destacou que, além da experiência no ambulatório, os alunos fazem um acompanhamento dos pacientes ainda na parte hospitalar por um tempo, o que representa para ele: “uma integralidade em termos de atendimento, prestando importante função na formação dos alunos e prestando um atendimento importante para a comunidade”.

José Luis ainda comentou uma característica recorrente e preocupante notada nos pacientes do ambulatório: falta de noção sobre as características do novo coronavírus. Segundo ele: “o paciente sai do hospital e não tem uma orientação exata do que é a doença, porque ela é uma doença não só respiratória, mas uma doença sistêmica. […] Muitas vezes, ele saiu (do hospital) e acha que está com cansaço, porque teve um problema pulmonar, mas na verdade, daqui a pouco, ele tem um trombo embolismo, tem um AVC. Então esse acompanhamento tem que ser maior”.

Nesse sentido, outra finalidade do Ambulatório de Recuperação Pós-Covid-19 da Unisanta é o aprofundamento nas análises e estudos sobre as possíveis sequelas provocadas pelo novo coronavírus. “Há uma quantidade considerável de publicações com o paciente no hospital, o pós-Covid ainda não. Então, a partir de agora, a tendência é isso crescer […] O que temos aqui (no ambulatório) é um trabalho multidisciplinar, multiprofissional, com várias áreas, não só da fisioterapia, porque é um paciente que vai ser afetado em várias frentes”, concluiu Portolez.

A coordenadora do curso de Psicologia da Unisanta, Gisela Monteiro, contou que o atendimento nessa área é feito por ela e mais dois docentes da área, da Unisanta. Pelo curso estar apenas no segundo ano, ainda não há alunos com os conhecimentos clínicos necessários para assumir um trabalho prático. Dessa forma, os alunos estagiários de Psicologia vão apenas observar os processos.

Gisela explica que seu papel no ambulatório é realizar as anamneses (entrevistas de triagem), enquanto os outros dois professores vão atender os pacientes. “Cada um de nós será acompanhado por um estagiário do terceiro semestre para observação. Fizemos um processo seletivo com esses alunos, tivemos 19 interessados, que fizeram uma carta de intenção e selecionamos os alunos em três grupos, porque vamos fazer atendimentos de psicoterapia breve que vai demorar uns dois meses, então vamos conseguir atender a todos os alunos”, complementou.

“O objetivo do setor de Psicologia é fazer um atendimento, em torno de oito sessões de psicoterapia breve, que tem como função fortalecer as funções de ego do paciente, o pensamento, o juízo crítico, a parte de comunicação de memória, etc. Tentar ampliar a compreensão das dificuldades do sofrimento que ele está enfrentando, estabelecendo algumas estratégias de ajuda neste enfrentamento. Reforçar principalmente os aspectos emocionais sadios do paciente, encorajar a expressão emocional dos sentimentos, desejos e fantasias e estimular a utilização da rede de apoio de família e amigos”, concluiu Gisela Monteiro.

 

 

Curso de Primeiro Socorros

Em maio, os estudantes de Fisioterapia e Educação Física que atuam no Ambulatório Pós-Covid Unisanta participaram um curso da Cruz Vermelha sobre Primeiros Socorros com foco em reanimação cardiopulmonar.

Maria Claudia Leme Passos, supervisora de estágio e enfermaria geral, coordenadora do programa de recuperação pós-Covid da Unisanta, destacou que o Curso de Primeiros Socorros faz parte de umas das ações do Ambulatório para garantir a segurança dos pacientes. “Já que esses pacientes vêm com diversos tipos de sequelas, com instabilidades que precisam ser trabalhadas, quanto mais segurança melhor. Então, além da liberação de um cardiologista, para que eles possam fazer parte do programa de recuperação pós-Covid, nós realizamos um curso de primeiros socorros, em parceria com a Cruz Vermelha, com foco em reanimação cardiopulmonar, caso tenhamos que lidar com alguma eventualidade”, destacou.

Enfermeira atuante e coordenadora do departamento de primeiros socorros da Cruz Vermelha, Silmara Lima de Arquirusal ressaltou a importância da participação dos alunos da Unisanta, por conta do aprendizado relacionado aos primeiros socorros. “Os alunos vão sair daqui tendo conhecimentos básicos em primeiros socorros, atuando nas primeiras horas de alguma emergência, uma emergência clínica ou uma emergência médica. […] (os alunos) vão também ter conhecimentos de atuar, tanto aqui na faculdade quanto em outros lugares, e vão ser multiplicadores de informação e conhecimento”, comentou.

Silmara destacou a importância do primeiro atendimento no setor da Saúde. De acordo com ela, o domínio das técnicas de primeiros socorros constantemente salva vidas, pois, às vezes, quando o serviço especializado chega para o atendimento, pode ser tarde demais.

O aluno do curso de Educação Física, Victor Tavares de Santana, exaltou a possibilidade de aprendizado prático que está tendo com o ambulatório: “Atendemos pacientes nos mais diversos graus de Covid, pacientes que foram submetidos à intubação e internação e, a qualquer momento durante a reabilitação desses pacientes, pode acontecer uma ocorrência. Sendo assim, um serviço desses é de extrema importância, podendo fazer a diferença e salvar vidas”.

Larissa Hoehne, aluna de Fisioterapia, também se diz realizada com a oportunidade de atuar no ambulatório. “Nós trabalhamos com todo tipo de paciente, então temos que estar preparados para algum caso que tenha alguma ocorrência. Temos que saber dar esse primeiro atendimento. Então, esperamos sair sem essa sensação de ficar perdido por um momento que, normalmente, nos leva ao nervosismo”, destacou.

Ela ainda observou que com grandes conhecimentos vêm grandes responsabilidades. “Andamos de branco na rua […] sempre tem a chance de se presenciar uma situação enquanto nos locomovemos e precisamos saber o que fazer, tomar as primeiras medidas”, concluiu a aluna da Unisanta.