Com vendas nos olhos, cadeiras de rodas ou como acompanhantes, alunos do 3° ano da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) saíram pelas ruas e pela universidade numa atividade diferente. “Eles passaram pelas mesmas dificuldades que os portadores de deficiência física e visual sentem ao se locomover”, conta a professora de Ergonomia, Alda Paulina dos Santos.
Segundo a professora, o objetivo da atividade é proporcionar aos universitários uma visão das dificuldades que os portadores de necessidades especiais enfrentam. “É obrigatório que todos os lugares, públicos e privados, ofereçam condições de acessibilidade, é importante que os próprios alunos saibam quais são as inadequações existentes”, concluiu Alda dos Santos.
A aluna Karina Mendes Duarte, que participou da atividade, conta que sentiu dificuldade tanto simulando a deficiência visual, com vendas nos olhos, quanto andando de cadeira de rodas. “Se eu não tivesse um acompanhante, eu não conseguiria. E isso tudo, aqui na minha faculdade que eu conheço, imagine em um lugar desconhecido”.
Para Karina, a maior dificuldade é a irregularidade do chão e as rampas. “Não sei como eles conseguem. Mas, foi bem interessante. É importante para a gente saber como eles vivem, quais são suas dificuldades para no futuro podermos ajudar nossos pacientes”, conclui a estudante.
O coordenador do curso de Fisioterapia Rivaldo Novaes acredita que os alunos não devem ver as limitações como problemas incomuns. “Vivências como essa possibilitam que o aluno sinta que o problema não é do outro e que não é algo distante. É vivenciando que eles entenderão o quanto a cidadania pesa na vida das pessoas”.
Um caso especial – “Acredito que essa atividade dê para os estudantes sentirem um pouquinho do que nós, deficientes visuais, passamos”, diz a aluna do 2º ano do curso de fisioterapia, Elaine Cristina Souza Santos é deficiente visual há 7 anos. Ela conta que, aos 14 anos, caiu e bateu a cabeça, teve atrofia no nervo ótico e, desde então, não enxerga mais.
Elaine afirma ser alvo de preconceito, mas não deixa se abalar. “Não é devido à deficiência visual que eu tenho que ficar isolada na minha casa. Eu tenho direito de ir e vir, como todos, só tenho uma limitação. E eu não chamo de deficiência, porque deficiência todo mundo tem”.