Ana Marcela Cunha, nadadora da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), de Santos, a mais jovem integrante da equipe olímpica brasileira de esportes aquáticos, é “top five”, da natação mundial em águas abertas e a melhor da América Latina. Depois de uma grande atuação, Ana Marcela terminou em quinto lugar na estréia das maratonas aquáticas no calendário olímpico, em Pequim, nadando para 1h59s31. A outra brasileira, Poliana Okimoto, na prova ficou em sétimo, com 1h59m37.
Com o resultado, Ana Marcela passa a integrar um seleto grupo de brasileiras, que ostentam um quinto lugar em competições olímpicas. Antes dela, apenas Piedade Coutinho, em 1956, e Joanna Maranhão, em 2004, alcançaram tal feito. Ana Marcela inicia sua viagem de volta nesta sexta-feira (22), devendo desembarcar no Brasil no sábado (23).
A prova foi vencida pela imbatível russa Larissa Ilechenko, vencedora dos três últimos Campeonatos Mundiais (2006, 2007 e 2008). Ganhadora da II maratona Aquática de Santos/Troféu Renata Agondi, em Janeiro deste ano, Larissa venceu em Pequim, com 1h59m27, após um sprint que deixou para trás a dupla inglesa que liderou a maior parte da disputa, Kari-Anne Payne (1h59m29s) e Cassandra Patten (1h59m31).
Na quarta posição ficou outra vencedora em Santos (2007), a alemã Ângela Maurer, atual líder do ranking mundial e campeã do 10 KM Fina Marathon Swimming World Cup 2007. Ela marcou 1m59m31s9.
FELIZ – Nem mesmo sem chegar ao pódio, Ana Marcela deixou o Parque Olímpico de Shunyi, feliz. “Claro que faltou a medalha, mas acredito que estive bem, dava para ter nadado para o pódio. Um erro de estratégia no final fez a diferença. Repeti o resultado da Joanna e para as meninas dos esportes aquáticos isso é bom. Sou nova ainda e tenho certeza que em Londres será outra coisa. Estarei quatro anos mais experiente”, disse Marcela, lembrando que houve a tentativa de nadar ao lado da russa, “porque sabíamos que ficar do lado dela garantiria uma boa colocação. Abrimos para direita e isso, de perder um pouco o grupo, às vezes acontece”, concluiu
Depois de largarem entre a sétima e 11ª. posições, as brasileiras conseguiram se juntar ao primeiro pelotão da prova na última meia hora para o final e chegaram a estar em terceiro e quarto lugar. Ao optarem por abrir pela direita para tentar ultrapassar as inglesas, abriram espaço para que Larissa acelerasse e que a alemã Ângela Maurer entrasse na quarta posição.

TRABALHO DE EQUIPE -. Destacando que apenas Brasil e Inglaterra contavam com duas atletas na prova, as atletas britânicas, ao contrário das brasileiras, trabalharam juntas, em equipe, desde a largada e mantiveram a ponta, até restarem poucos metros.Mas dá para afirmar que Larissa Ilchenko controlou a prova e não procurou resolver tudo no início. A russa administrou o ritmo de sua prova e chegou a nadar muito tempo entre Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha. Ela manteve uma distância segura para as britânicas, não deixando com que elas escapassem de sua vista. Já nos metros finais atacou e passou "como um foguete" pelas britânicas que só tentaram manter a prata e o bronze.
As brasileiras fizeram uma grande prova. Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha estiveram sempre no pelotão da frente, brigando pela liderança. Em determinados momentos Poliana chegou a ameaçar a liderança das britânicas. Já Ana Marcela tentou forçar no último quilômetro. As brasileiras tentaram de todo o jeito ficar próximas da russa Ilchenko, a melhor do mundo. No final elas perderam contato com as quatro líderes e chegaram praticamente ao mesmo tempo, junto com a suíça Swann Oberson, que foi a grande surpresa da prova já que não havia tido resultados expressivos este ano.
Outro destaque foi para a venezuelana Andreina Pinto, que nadou no bolo das melhores colocadas e fechou na nona posição. Kristel Kobrich não terminou a maratona. A sul-africana Natalie du Toit, que tem uma perna amputada ficou na 16ª colocação geral. A campeã dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, a americana Chloe Sutton, terminou na 22ª posição.