O “lapidador de diamantes”, Latuf é técnico de natação há 40 anos. Seus comandados demonstram profunda gratidão por sua competência e liderança inspiradora. Além das estrelas atuais Ana Marcela, Matheus Santana e Gabi Roncatto, Márcio Latuf já preparou outros campeões no passado e treina valores para futuros jogos olímpicos, como Felipe Ribeiro.

Caracterizado por seus atletas como “um paizão”, Márcio Latuf, treinador da categoria “sênior” da natação da Universidade Santa Cecília (Unisanta), dispensa qualquer tipo de apresentação. Com 60 anos de idade e quase 40 de carreira – ele iniciou suas atividades como treinador de natação ainda no ano de 1979, quando trabalhou em clubes como o Recreativa de Ribeirão Preto, Botucatu e o Pinheiros. No ano de 1987, recebeu o convite da Unisanta e na Universidade está até os dias atuais.

“Recebi um convite para que fizéssemos um trabalho que levantasse a natação de Santos e colocasse entre as melhores do País. Anos depois, conquistamos o Campeonato Brasileiro Juvenil. E estou aí até hoje”. Formado em Educação Física em Ribeirão Preto, Márcio faz parte da Comissão Técnica Permanente da CBDA desde 2004. O treinador também é integrante da Comissão Técnica de Seleções Brasileiras desde o ano de 1982.

Revelando e lapidando talentos – Latuf foi responsável pela descoberta e posterior lançamento de vários nadadores, hoje renomados. Exemplos que simbolizam bem o status agregado pelo treinador são Matheus Santana, Victor Colonese, Felipe Ribeiro, Gabrielle Roncatto, Alessandra Marchioro, Ana Marcela Cunha, todos hoje treinados pelo comandante ceciliano. Também passaram pelo comando do técnico os campeões Lúcia Roseane dos Santos e Hugo Duppre, além da medalhista pan-americana Monique Ferreira.

Dentre os títulos de destaque que o técnico obteve na carreira estão a medalha de ouro de Ana Marcela Cunha, conquistada no Campeonato Mundial de Xangai 2011 (25km), e o bicampeonato da nadadora no Circuito da Copa do Mundo de 2012. Latuf também foi treinador de Matheus Santana em suas conquistas recentes, incluindo a medalha de ouro nas Olimpíadas da Juventude, quando quebrou pela terceira vez o recorde mundial júnior, nos 100 metros nado livre, quinto melhor tempo do mundial em 2014.

Em 2015, Latuf seguiu com o trabalho vitorioso de Matheus Santana, campeão pela primeira vez do Maria Lenk nos 100m livre, mas também coroado pelos expressivos resultados de Felipe Ribeiro de Souza. O garoto chegou à sua primeira final no Maria Lenk, na prova dos 200m livre. Depois, foi o melhor da Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano Juvenil, em Lima, inclusive ganhando o Troféu Señor de Sipán.

Pelo excelente desempenho de Felipe Ribeiro, Márcio Latuf foi escolhido pela Best Swimming (site referência em natação) como o melhor treinador do Campeonato Brasileiro Júnior de Inverno, Troféu Tancredo Neves 2015. Mas essa não foi a primeira vez que o técnico ganhou este reconhecimento do site: Coach of the Meet do Brasileiro Júnior de Inverno 2014, The Coach of the Meet do Campeonato Brasileiro Júnior de Verão, Troféu Julio De Lamare 2013, Melhor Treinador de Águas Abertas em 2010 e 2008, entre outros.

Incentivador – Outra caracteriza marcante do coach é o seu poder de fazer com que o atleta retome seu potencial após uma derrota ou perda de rendimento. Um exemplo disso foi quando Ana Marcela perdeu a vaga Olímpica para Londres – 2012, por três segundos e uma posição.

“Naquele dia, eu saí para andar e conversei com ela (Ana) sobre o que é a vida e o esporte. Busquei mostrar para a ela que esse Mundial, que não estava bom para ela, poderia se tornar um ponto máximo. Que ela ainda é nova e ainda teria mais duas provas. E em poucas horas, ela voltou ao normal, treinou forte e conseguiu a medalha de ouro na última prova (25km da maratona no Mundial de Esportes Aquáticos – em Xangai / China)”, contou ele ao Jornal Boqueirão News na oportunidade.

Gabrielle Roncatto, a mais jovem atleta da natação brasileira nas Olimpíadas Rio 2016, também conta um episódio muito importante de seu retorno à Unisanta e conquista da vaga olímpica, e esse capítulo tem um personagem principal: Márcio Latuf. “Antes do meu retorno a Santos, eu estava em uma fase da natação que eu treinava, treinava, treinava e não melhorava meus tempos. Deixei de acreditar em mim e em toda a história que eu tinha com o esporte, estava mal comigo mesma. E quando eu retornei para a Unisanta, antes mesmo de assinar meu contrato, vim fazer um treino com o Márcio e não quis mais sair daqui, decidi ficar”.

A atleta lembra emocionada que certo dia, estava treinando muito bem e, no meio do treino, Márcio gritou muito alto: “Essa vaga olímpica é sua, você vai para as Olimpíadas senão eu não entendo nada de natação”. Essa frase nuca mais saiu de sua cabeça e o tão sonhado passaporte para o Rio foi carimbado.