Alunos da Fefesp avaliam potência de nadadores com o auxílio de físico da USP

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Único curso nota 5 no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) da Região Metropolitana da Baixada Santista e entre as melhores do País, a Educação Física da Unisanta (Fefesp) segue mantendo uma agenda recheada de palestras, aulas e intercâmbios, que permitem aos seus estudantes elevarem, ainda mais, o nível da graduação.

Na última sexta-feira (23), a equipe do Laboratório de Fisiologia do Exercício e Saúde (Lafes) recebeu a visita do professor aposentado do Departamento de Física Nuclear, do Instituto de Física da USP, o Prof. Mário Dias Ferraretto, que a auxiliou no desenvolvimento de uma fórmula para um aplicativo que avaliará a potência e força dos nadadores da Unisanta.

O encontro fez parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos do 8.° semestre da Fefesp, Bruno Aló da Silveira, Caroline Cavalcanti de Freitas e Yago Marcelo Brito que, orientados pelos pesquisadores do Lafes, Prof. Alexandre Galvão da Silva e Profa. Débora Rocco, estão elaborando um projeto com cálculos necessários sobre a potência do braço dos atletas de natação.

Para o teste prático, participarão 20 atletas da equipe máster e sênior da natação da Unisanta, e será utilizada uma medicine Ball, bola cujo peso varia entre 2 e 3kg e serve como objeto para auxiliar pacientes no momento da recuperação de uma lesão ou treinamento de força.                                       

No dia da atividade, os nadadores deverão ficar deitados, dobrar levemente os cotovelos e, devidamente posicionados, arremessar a medicine Ball. Pelos cálculos feitos pelos estudantes, o arremesso será unilateral, ou seja, primeiro lança-se de um braço e, depois, do outro, separadamente. O teste está marcado para o dia 9/11, na Sala de Ginástica, no Bloco M, ao lado Poliesportivo.

Este teste foi aprimorado, pois o anterior colocava os atletas encostados na parede, com as pernas e joelhos estendidos, segurando a bola na linha do peito e, ao som do avaliador, ela era lançada e, em seguida, seria medida a distância final. Neste protocolo, não existia fórmula para a potência, só havia o resultado da distância, o que não era interessante aos estudantes, já que precisavam de um resultado em potência.

“A gente quer calcular uma variável extremamente importante. O que define uma competição, muitas vezes, é quem consegue ser mais rápido, seja o nadador velocista ou até fundista, que nada provas mais extensas. Ali no finalzinho, precisa de uma potência a mais. Precisamos desse cálculo para complementar as nossas avaliações e também ajudar os atletas de certa forma”, analisa a aluna.

Como surgiu a ideia? – A partir do trabalho de avaliação realizado há mais de oito anos com as equipes de futebol infantil e amadora do Santos FC, notou-se a necessidade de elaborar um novo protocolo e medir a potência de braço dos atletas de natação. Como monitores do Lafes, Bruno e Carol foram os responsáveis por desenvolver essas avaliações.

Nessa discussão, Alexandre convidou Mário, professor de Física e pesquisador, para auxiliar no projeto. Prontamente, o professor da área da computação passou a construir essa fórmula, buscar o seu entendimento, para que de uma maneira mais simples, fosse possível testar a força dos atletas.

Ao longo de dois meses, o tema foi debatido por todos os envolvidos, de forma virtual e, Mário, dirigiu-se até à Unisanta para exemplificá-la presencialmente. O Mario corrobora demais com essa questão da interdisciplinaridade; educação física agregando valores biológicos, valências físicas, com um professor de Física, aplicando o conhecimento teórico a essa ciência na educação física”, aponta Alexandre.

A visita – Durante todo o último ano do curso, os estudantes buscam neste trabalho cobrir uma falha existente na literatura científica. “Percebemos que o protocolo existente na literatura não era específico para a modalidade, nem usava o mesmo grupo muscular, logo a gente pensou em fazer um mais específico”, comenta Caroline.

Em mais de uma hora de aula, o professor colocou em prática tudo aquilo que foi debatido nos meses anteriores e os alunos saíram da sala de aula com a certeza de que a fórmula explicada por Mário tem tudo para ajudá-los no dia do teste. “Ele chegou à fórmula final, que a gente quer, e veio passá-la pessoalmente, explicar toda essa parte que, presencialmente, fica muito mais fácil de entender”, diz Bruno.

Tudo isso serve para mostrar a importância da parte científica da Educação Física e que a área não se limita a discutir só futebol ou musculação, como também ciência e a fisiologia do estudo. “Estamos aqui hoje, encerrando o primeiro processo, que é justamente essa primeira análise. E nós vamos continuar a trabalhar em cima dessa fórmula, como ouvimos sobre a mola, alternativas baratas, simples, para que qualquer treinador, fisiologista do exercício, professor de educação física possam avaliar os seus alunos, atletas ou pacientes”, fala o pesquisador do Lafes.

Experiência no Lafes – Monitora do Lafes desde o segundo ano, Caroline, inicialmente, via os monitores da Anatomia quando ainda cursava o 1.° ano e se sentiu atraída para fazer a prova e entrar no laboratório. Como monitora, Caroline já passou por diversas experiências, como feiras de saúde, avaliação das equipes da natação e com a equipe profissional da AA Portuguesa Santista. “Aqui, a gente trabalha mais com ciência, então posso falar por mim, que foi uma experiência engrandecedora, que mudou a minha visão da educação física e até os meus anseios sobre o que farei futuramente, então, foi, para mim, uma experiência e tanto”, fala Caroline.

Companheiro de Caroline no TCC, Bruno seguiu um caminho parecido com o de sua amiga, entretanto, ainda na pandemia, se tornou o primeiro ou um dos primeiros monitores da Educação Física do ambulatório pós-covid da Unisanta. “A educação física voltada para a saúde, além da parte da ciência e tudo aquilo que a gente faz, nós já temos artigos publicados. É uma educação física diferenciada aqui e tudo isso graças aos professores Alexandre e Débora”, emenda.

Ao longo desse último ano de curso, a ajuda dos professores Alexandre e Débora foi valiosa. “Professor Alexandre e professora Débora, os dois nos deram todo o suporte nesses quatro anos inteiros e agora estão ajudando a gente em mais uma etapa”, diz o aluno. E completa a monitora. “Com certeza, ele é o nosso orientador, não só agora, mas no trabalho. Estamos há quatro anos aqui no laboratório, desenvolvendo diversos artigos, projetos, e ele foi fundamental. Foi o Alexandre quem deu o ‘start’ na ideia de fazer isso. Ele é o orientador e é fundamental pra gente”.

Não à toa, o curso, que tem a coordenação do Prof. Nicolau Teixeira Ramos, é nota 5 no Enade “porque, além da quadra e de outros espaços para realização das atividades físicas, também utilizamos um laboratório para estudar a relação do exercício físico com modificações e características da fisiologia humana”, conclui Alexandre.