Se eu pudesse, eu dividiria a medalha de ouro no meio, entre uma e a outra. Mas as duas estarão no pódio, na  Olimpíada”,  diz Marcelo Teixeira, Pró-Reitor da Unisanta, na entrevista coletiva.

 

Ana Marcela e Poliana Okimoto, as maratonistas da Unisanta já com vaga garantida para representar o Brasil na Olimpíada do Rio,  encaram a   francesa Aurelie Muller  e a holandesa Sharon Van Rouwendaal como as adversárias mais fortes. Mas acreditam que poderão (uma delas) trazer o título olímpico para nosso País, conforme disseram na entrevista à imprensa dada nesta quarta-feira (2/3), na Universidade Santa Cecília (Unisanta).

A francesa venceu a 2ª etapa da Copa do Mundo da Fina em Abu Dhabi, no dia 26/2,  por 15 milésimos de segundo. Poliana foi prata e Ana Marcela ficou com o bronze pela diferença de apenas um milésimo de segundo entre as duas . “Um milésimo é um piscar de olhos”, disse Ana Marcela, fechando os olhos, para demonstrar, literalmente,  como a diferença foi mínima.

Poliana explicou que é próprio de maratonas ter marcas tão próximas entre os nadadores, no final da prova, porque os competidores nadam no vácuo. A disputa é muito acirrada, todos quase chegam juntos. Tem que ter um pouco de sorte no final, completou a nadadora.

 Apoio familiar e da Unisanta

Quanto à pressão de representar o Brasil e uma suposta rivalidade entre as duas, as campeãs mundiais encaram os fatos  com naturalidade e de maneira saudável. A tranquilidade vêm do fato de serem amigas há muito tempo, da “estrutura oferecida pela Unisanta” e do suporte familiar, no caso, os pais.

“Sou amiga de Ana Marcela desde 2006, viajamos juntas muitas vezes durante o ano, para competir. Treino  em São Paulo, porque meus pais são de lá. Minha mãe  faz tudo para mim, eu não teria tempo de fazer comida e cuidar da casa”, disse a nadadora.

Pelo mesmo motivo – o apoio de pai e mãe – é que Ana Marcela retornou à equipe ceciliana, em Santos,  no fim de 2015. A amizade entre as duas não prejudica a intenção de vitória nas provas em que participam. “Na hora de competir, cada por um si, não importa quem estiver do lado”. Estamos treinando muito, eu dou mais de 200%  do que eu posso nos treinos. Quanto à pressão, eu estaria mentido se dissesse que não sinto isso,  é natural”, afirma Ana Marcela.

Ricardo Cintra, técnico de Poliana, acha que o fato das duas nadadoras terem sido campeãs precoces, antes dos 18 anos, também proporciona mais confiança para enfrentar pressões. “Poliana ganhou o troféu do Campeonato Absoluto aos 14 anos. Costumo dizer que seu sobrenome é pressão”.

A temperatura, entre 22 e 23 graus, das águas de Abu Dhabi será mais ou menos a que elas encontrarão no Rio, o que é um fato positivo, segundo Cintra.  Piasan representou, na entrevista,  o técnico Márcio Latuf, que está acompanhando Matheus Santana em competição nos Estados Unidos.

Marcelo Teixeira: medalhas inéditas 

Marcelo Teixeira, Pró-Reitor da Unisanta, ressaltou o fato de que o Brasil, anteriormente, nunca teve  mulheres medalhistas na modalidade aquática, em Olimpíada.   “É um objetivo audacioso e que está muito perto de ser alcançado. Tivemos essa etapa importante em Abu Dabi,  que reuniu oito das dez atletas que estarão nas olimpíadas,  e o pódio  foi praticamente todo brasileiro. Então, é  uma expectativa muito positiva. As duas estão muito determinadas, a estrutura está voltada para que haja uma preparação adequada e elas cheguem muito bem nas provas no Rio. Acredito que os passos e as braçadas que estamos dando sejam muito firmes e decisivas para que os objetivos sejam alcançados”.

Lembrou que a maratona aquática foi oficializada recentemente e,  com isso, o Brasil vai fazer história.  “São medalhas inéditas para o Brasil, mas os outros países também querem alcançar esse objetivo. Todas têm um nível muito forte e automaticamente brigarão por esta disputa. Mas eu acho que as brasileiras, e principalmente as cecilianas, estão muito próximas de alcançar  essa meta”.

“Se eu pudesse, eu dividiria a medalha de ouro no meio, entre uma e a outra. Infelizmente não podemos. E já que não podemos, dos três lugares no pódio, dois deles têm que ser nossos”;.

Estavam presentes à entrevista a reitora e a presidente da Unisanta, Sílvia Teixeira Penteado e Lúcia Teixeira, o Secretário Municipal de Esportes, Alcídio Mello (Cidão) o Presidente da Fundação Pró-Esporte de Santos, Paulo Miashiro  e a Coordenadora de Natação da Unisanta, Rosa Maria do Carmo.

Copa do Mundo 2016

Poliana Okimoto Cintra e Ana Marcela Cunha subiram ao pódio na 2ª Etapa da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas, da FINA com percurso de 10 km (olímpico). A prova aconteceu na manhã de sexta-feira passada (26), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Poliana ficou com a prata ao completar a prova em 1h58m19.8s e a Ana com o bronze, batendo um milésimo de segundos depois, com 1h58m19.9s. O ouro foi para a francesa, Aurelie Muller, que chegou em 1h58m05.0s. Ela conquistou a medalha de prata na primeira etapa do circuito, em 7 de fevereiro, no Rio Negro, em Viedma, na região da Patagônia (Argentina). Na ocasião, a italiana Rachele Bruni ficou com o ouro. Ana Marcela não participou desta primeira etapa.

 Sobre Poliana – Poliana Okimoto tem um histórico brilhante em Mundiais. Em Roma (2009), foi bronze na prova dos 5 km feminino e, em Barcelona (2013), foi ouro nos 10 km, prata nos 5 km e bronze nos 5 km por equipe. Entre as conquistas de Poliana em outras competições, destacam-se: 1º lugar no Mundial da FINA 2013 (10 km) – Barcelona, 1º lugar do ranking final do Circuito da Copa do Mundo 2009 – (10 km) e 2º lugar nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 (10 km) – Rio de Janeiro/RJ. Foi considerada pela revista americana “Swimming World” como a melhor atleta do mundo em águas abertas e terminou 2013 eleita como a melhor atleta olímpica do Brasil.

 Sobre Ana Marcela – Eleita atleta do ano de 2015 pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e melhor maratonista aquática do mundo, também em 2015, pela FINA, Ana Marcela conquistou, entre os principais títulos: ouro nos 25km, prata no revezamento misto e bronze nos 10km do Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan; medalha de prata no evento teste – Olimpíadas Rio 2016.