“Saí do inferno ao céu. Fiquei triste quando acabou, mas decidi partir para outras provas. Se eu tivesse me classificado nos 10Km talvez não estivesse com a medalha de ouro da Maratona de 25 km”. Assim a medalha de ouro da Maratona de Xangai, Ana Marcela da Cunha, explicou sua vitória expressiva em Xangai, após não ter se classificado nas provas anteriores.
Primeira brasileira a subir no lugar mais alto do pódio em toda história do Mundial dos Esportes Aquáticos, Ana Marcela, nadadora da Universidade Santa Cecília (Unisanta), de Santos (SP), mostrou confiança em seu trabalho. Não se classificou nas provas precedentes à maratona em Xangai “porque não era o meu dia”.
Não cometeu erros, garantiu aos jornalistas presentes à entrevista coletiva concedida na manhã desta terça-feira (26/7) na Unisanta, oportunidade em que foi homenageada pela Universidade que representa.
“Dei o meu máximo. Fiquei triste, mas se eu não consegui não era para ser. Quando nós atletas treinamos com objetivos não pensamos em desistir. Tenho consciência de que fiz o meu melhor nos 10, 5 e 25Km”.
Ana Marcela disse que a maior prova que ela já havia disputado foi a de 12Km. “Nos 25Km meu desafio era terminar a competição. Me senti bem durante o percurso e pensei: agora eu vou até o fim e quem me acompanhar vai decidir comigo na batida de mão”.
Sobre as dificuldades, afirmou que estava bastante quente, com a temperatura da água de 31.9°C. “Utilizamos como estratégia fazer um número maior de alimentações. Fiz 18 paradas para alimentação, com águas, refrigerante, isotônicos e suplementos. A chave foi manter a cautela e a paciência”.
A campeã mundial de 19 anos credita à Unisanta todas as vitórias que teve até hoje. “Em 2006 tivemos uma mudança de vida. Em 2007 largamos tudo que tínhamos em busca de um sonho. Saí de Salvador por falta de estrutura. Aqui eu teria um lugar para estudar e nadar. A Unisanta proporcionou as vitórias que tenho até hoje. Com 14 anos eu não tinha nada e ninguém”, declarou, mencionando o apoio incondicional dos pais, Ana Patrícia e George.
Suas performances destacadas em maratonas nacionais e internacionais ela atribui à paixão pela natureza. “Sempre tive uma paixão diferente pelo mar e a natureza. “Aos 8 anos já fazia travessias no mar com o apoio dos meus pais, que pediam autorização para que eu participasse das competições, uma vez que a idade mínima permitida era 13 anos”.
Sobre os Jogos Olímpicos de Londres, Ana Marcela mantém uma esperança. “Sou a primeira reserva, se uma das 25 nadadoras sair eu participo dos Jogos”
Márcio Latuf, técnico da seleção brasileira de natação e de Ana Marcela disse que vai continuar trabalhado passo a passo. “Vamos investir bastante nas etapas da Copa do Mundo de 2012, Pan-Americano. Na sequência, o s Jogos Panamericanos”.
Marcelo Teixeira, Pró-Reitor da Unisanta, disse que Ana Marcela não precisa mostrar mais nada para ninguém. Provou que é a melhor do mundo em sua categoria, “deu uma resposta rápida aos que tiveram dúvidas”.
“Nossa tarefa, nosso dever são recompensados, afirmou ainda, referindo-se ao apoio da Unisanta à natação. A Reitora e a Presidente da Universidade, Sílvia Teixeira Penteado e Lúcia Maria Teixeira Furlani mencionaram o trabalho coletivo, de técnicos e professores, que dão suporte ao talento individual de atletas.
“Ana Marcela chegou a um ponto que nem ícones como Maria Lenk chegaram”, afirmou a presidente da Instituição.