Nove refugiados africanos em busca de uma vida digna, sem saber o que encontrariam ou até mesmo se chegariam. Bem vindos à maior porta da América Latina, o Porto de Santos.
Navegando pelo videodocumentário Mar Negro, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da dupla Jonatha Carvalho e Renato Silvestre, formandos do Curso de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta), é possível refletir sobreas histórias e dramas apresentados, que retratam as dificuldades encontradas pelos clandestinos.
“É um sentimento de tristeza. Todos os personagens dizem amar a terra natal, mas não têm perspectiva de retorno. O Brasil também é um país com muita desigualdade, mas eles chegam sem imaginar isso”, conta Carvalho.
Mais do que entrelaçar fatos e apresentar uma boa linha de raciocínio, os estudantes conseguiram, em 19 minutos, contar a história de representantes de uma legião mundial, que, por si só, é reveladora e intrigante.
“Tínhamos cerca de 13 horas de gravação. Foi um grande trabalho de decupagem e edição. Realizamos quatro versões editadas, que sempre passavam pelo crivo do orientador, antes da finalização”, diz Silvestre.
O trabalho teve orientação do professor Eduardo Rajabally e auxílio da Cáritas Diocesana de Santos e da Casa do Migrante, em São Paulo. De acordo com os produtores da obra, seria praticamente impossível encontrar os personagens sema ajudadessas instituições, e mesmo após convencê-los aparticipar, por vezes, os refugiados desistiam de falar e não era possível contatá-los.
“Alguns desistiram e outros simplesmente sumiram. Vivenciamos na prática que o roteiro nem sempre pode ser seguido, pois lidamos com a realidade. Apesar disso, em momento algum pensamos em desistir”, concluem ambos.
Outro contraponto foi a dificuldade de comunicação com as fontes. Alguns falavam apenas francês. “Utilizamos o inglês, mas foi difícil, pois o sotaque é bem diferente do inglês tradicional. Para a inserção das legendas, contratamos uma tradutora profissional para não correr o risco de algum deslize”.
Bantu filmes – style=”color: black”> O nome fantasia da produtora é uma designação cultural e lingüística da África e foi escolhido como uma das formas de homenagear aquele continente. Os estudantes optaram por não comercializar o trabalho, visando preservar o bem estar dos refugiados. O intuito é divulgarno meio acadêmicoda Região e em algumas universidades do Estado. “Vamos nos inscrever em festivais de curtas e de documentários. Caso venhamos a ganhar algum prêmio, tudo será revertido para as associações e entidades que atendem aos refugiados no Brasil”.