A discussão sobre a estrutura das campanhas políticas foi o ponto principal do debate que envolveu os assessores de comunicação dos candidatos à Prefeitura de Santos, ocorrido na última quarta-feira (24), pela Semana Ceciliana de Artes e Comunicação. Dos quatro presentes no encontro, realizado no Auditório do Bloco D da Universidade Santa Cecília (Unisanta), três afirmam fazer de tudo na campanha, “quase que sozinhos”.
Estiveram presentes ao evento os assessores de imprensa (Eneida Koury – PSOL) Gustavo Mesquita, Carolina Marchioli (Mariângela Duarte – PSB), Reginaldo Pacheco (Maria Lúcia Prandi – PT) e Wania Seixas (João Paulo Tavares Papa – PMDB). Alessander Vigna (Natan Kogos – PRTB) não compareceu ao debate.
Mesquita explicou que sua função varia desde a estratégia da campanha até a produção de fotos, se necessária. “Somos um partido novo, então somos limitados no que diz respeito a recursos. Por isso, a equipe toda precisa meio que fazer de tudo. Até participar do próprio desenvolvimento do plano de governo do candidato, muitas vezes”.
Carolina, que até 2007 era aluna de Jornalismo da Unisanta, conta que é a única jornalista de sua campanha, e, sozinha, realiza todo o trâmite envolvendo a candidata e a imprensa. “É bastante corrido, pois, quando há dinheiro, se realizam e se planejam táticas e mais táticas. Quando não há, é o talento dos profissionais daquela equipe que pode levar o trabalho adiante. De qualquer maneira, é um trabalho que amplia e muito a visão do jornalista sobre os campos da comunicação”.
Pacheco reforça a questão de o jornalista ser multifuncional em campanhas menos providas financeiramente. “Recebemos ligações com pedidos de entrevista até mesmo de meios de comunicação de São Paulo, e fatalmente acumulamos funções que transcendem o trabalho de jornalista. Mas, por mais que o resultado final possa não ser o satisfatório, o importante é você ter consciência de que fez o melhor, e cumpriu seu dever”.
A questão de estrutura é considerada discutível, no entanto, aos olhos de Wania, que é professora de Comunicação Integrada na Unisanta. Segundo ela, eleições já foram vencidas com recursos limitados em outros lugares do País. Afirma ter participado de campanhas com pouco dinheiro, obtendo resultados satisfatórios e vitoriosos. “Em outras campanhas, tivemos pouco tempo ou menos recursos, mas adotamos uma certa estratégia que julgamos necessária para aquele momento e passamos a subir”.
Resultado – Sobre a influência delas no resultado, Wania alega que, quanto mais tempo se tem, maior a pressão e necessidade de se produzir um material atrativo. “Para esse ano, tínhamos uma maior disponibilidade, até pela relação de partidos envolvidos junto com a coligação. E ainda assim, tivemos que lidar com uma situação diferente e complicada, que era ter a liderança no princípio dos programas eleitorais, o que pode ser uma faca de dois gumes. Por isso, busca-se tornar o programa bem leve, como uma revista”.
Pacheco, por sua vez, pondera que “até se pode vencer uma eleição com recursos mais limitados, mas isso vem se tornando cada vez mais difícil, especialmente em uma cidade como Santos, que demanda uma boa quantidade de dinheiro para sustentar toda uma competição”.
Já Mesquita afirma que, apesar de sempre se entrar em uma eleição visando à vitória, “não sou hipócrita de pensar que vamos vencer com uma campanha limitada do ponto de vista de estrutura, até pela juventude do partido”, mas o grande objetivo final é “marcar presença” na cidade, “mostrando que há o PSOL como outra alternativa no município”.