Após cerca de 40 horas quase ininterruptas de trabalho, Welton José, estudante do 4.º semestre de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) da Universidade Santa Cecília (Unisanta), conquistou o terceiro lugar, juntamente com sua equipe, na 7.ª edição do HackLab FNESP, uma das mais prestigiadas competições de inovação voltadas para estudantes universitários no Brasil.
A maratona aconteceu durante o 26.º Fórum Nacional de Ensino Superior Particular Brasileiro (FNESP), o maior evento de ensino superior da América Latina, realizado em São Paulo nos dias 18 e 19 de setembro. O HackLab FNESP desafia estudantes a desenvolver soluções inovadoras para problemas reais enfrentados por instituições de ensino superior, com propostas que são apresentadas a gestores educacionais de todo o país.
Durante o HackLab, que teve duração de 3 dias, Welton e sua equipe criaram uma plataforma revolucionária, que utiliza inteligência artificial (IA) para melhorar a interação entre professores e alunos, personalizando o processo de aprendizagem. “Nosso projeto busca integrar a IA generativa dentro da nossa plataforma para facilitar a conexão entre os professores e os alunos”, explica Welton. “Hoje, há uma discrepância entre a metodologia de ensino dos professores e a forma como os alunos aprendem. Nossa IA resolve isso, criando um questionário que identifica as habilidades do professor (hard skills) e o estilo de aprendizagem preferido do aluno. A partir dessas informações, a IA desenha uma trilha personalizada, otimizando o processo de ensino e aprendizagem.”
O projeto também inclui uma função inovadora voltada para a acessibilidade, com um foco especial nos alunos com autismo. “Para alunos autistas, usamos o laudo de um neuropsicólogo e alimentamos nossa IA com essas informações, para criar a melhor trilha de aprendizado personalizada para cada um”, detalha Welton.
Outro destaque da solução foi a incorporação de feedback em tempo real, uma tecnologia já utilizada na Finlândia, mas inédita no Brasil. “A ideia é permitir que o aluno receba feedback imediato após cada atividade ou questão. A IA não apenas informa se a resposta está correta ou errada, mas também explica o motivo, ajudando o aluno a compreender melhor o conteúdo”, acrescenta. “Essa funcionalidade é algo que ainda não vemos nas plataformas brasileiras, e estamos tropicalizando essa ideia para adaptá-la ao nosso contexto educacional.”
O processo criativo do grupo foi intenso. “Foram 40 horas de trabalho contínuo, muito cansativo, mas também muito recompensador”, lembra o universitário. “Nós tivemos a sorte de criar uma ideia sólida logo no início, o que nos permitiu focar no desenvolvimento e na lapidação do projeto, enquanto muitos outros grupos precisaram mudar de ideia ao longo do processo.”
O estudante de ADS compartilhou uma curiosidade sobre como quase perdeu a chance de participar do HackLab. “Eu estava em Rondônia, participando do Projeto Rondon, que é organizado pelo Ministério da Defesa, e acabei me esquecendo do prazo de inscrição, porque estava envolvido em várias atividades. Quando percebi, já tinha passado da meia-noite, e o prazo tinha acabado. Por sorte, a organização prorrogou as inscrições, o que me permitiu enviar o vídeo explicando minha proposta a tempo”, relembra. “Foi uma ideia que me veio de última hora, mas acabou sendo aprovada entre as 35 melhores do Brasil inteiro, o que me deixou muito feliz.”
O desempenho do grupo de Welton no HackLab FNESP não só lhes garantiu o terceiro lugar, mas também abriu portas para futuras oportunidades de desenvolvimento e implementação de sua solução, que promete transformar a forma como o ensino é adaptado às necessidades individuais dos alunos.