O presidente da Praticagem, Claudio Paulino, informou que só conhece parceria semelhante entre a universidade e a praticagem de Nova York. Esta é uma nova fase de estudos do NPH – Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta, utilizando a Modelagem Numérica, que a Universidade desenvolve desde 1996.
Mais segurança para os navios, aos seus tripulantes e aos moradores e frequentadores das praias de Santos são alguns dos benefícios do convênio com fins acadêmicos e científicos firmado nesta quarta-feira (11/2) entre a Praticagem de São Paulo e a Universidade Santa Cecília (Unisanta).
Nesta nova fase do projeto, a Unisanta está implantando a plataforma Aquasafe, um software de gestão de informação em tempo real para receber, processar e integrar automaticamente, em um único local, diversas fontes de informações disponíveis e que estão dispersas. Entre essas informações estão os dados de sensores meteorológicos e oceanográficos de diferentes instituições, como as da Praticagem de Santos. Com a parceria, a reunião e análise desses dados poderão aperfeiçoar o trabalho dos práticos, visando evitar acidentes com os navios e eventuais danos às pessoas, ao meio ambiente e à economia da região.
“A Praticagem vê com muita alegria este momento, que converge para um ponto comum com a Unisanta, a responsabilidade social”, afirmou o presidente da empresa, Claudio Paulino, durante a solenidade de assinatura do documento, realizada na Sala de Atos da Reitoria. Ele se referiu ao prestígio da Universidade, “que tem recebido diversos prêmios por suas pesquisas. “
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta (NHP-Unisanta), Profa. Alexandra Sampaio, o objetivo da parceria é utilizar dados meteorológicos e oceanográficos para o aprimoramento e desenvolvimento de ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local.
“A Praticagem irá disponibilizar ao NPH, em tempo quase real, os dados meteoceanográficos coletados pelas estações autônomas localizadas em Santos. Esses dados serão incorporados à base de dados do NPH e analisados, para o aprimoramento e desenvolvimento de ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local”, explica a coordenadora.
A Unisanta, através do NPH, está desenvolvendo o projeto financiado pelo FEHIDRO- Fundo Estadual de Recursos Hídricos, utilizando o software /plataforma Aquasafe, desenvolvido pela empresa portuguesa Hidromod.
Trabalho heroico e desafios
A Reitora da Unisanta, Sílvia Teixeira Penteado enalteceu o trabalho dos práticos, “de grande importância para o Porto de Santos e o ecossistema.” E cumprimentou a Capitania dos Portos do Estado de São Paulo, por proporcionar esta abertura de trabalho conjunto, entre duas instituições reconhecidas e credenciadas. Ressaltou também a importância acadêmica e pedagógica da parceria.
Os práticos “são verdadeiros heróis” e a Unisanta também é heróica ao avançar o conhecimento em várias fronteiras, afirmou a presidente da Instituição, Lúcia Maria Teixeira. A presidente e o Pró-Reitor Administrativo, Marcelo Teixeira, mencionaram a importância das pesquisas para o momento em que o mundo vive, de crises e desafios surgindo da natureza. “Por meio da parceria, estamos reafirmamos compromissos anteriores com o desenvolvimento da região, além de laços de trabalho e amizade com a Praticagem”, disse o Pró-Reitor.
Segundo Cláudio Paulino, a Praticagem “é um fiel da balança do movimento portuário, ao exercer uma posição técnica que protege vidas e o patrimônio. A Praticagem é o guardião do meio ambiente.”
O Capitão de Mar e Guerra Carlos Roberto de Almeida Bastos salientou que a Marinha é um berço de pesquisas no Brasil, e esse link, essa aproximação com a Unisanta vai beneficiar a Praticagem, que também é “um centro de excelência” em sua área. O Capitão salientou que a Marinha é um berço de pesquisas no Brasil, e esse link, essa aproximação de dois “centros de excelência”, Unisanta e a Praticagem de São Paulo, é muito importante. Ele lembrou que a Praticagem está muito bem equipada tecnologicamente, que executa suas funções com muita competência e merece todo o respeito. Bastos representou o Capitão dos Portos, Ricardo Fernandes Gomes.
Estavam ainda presentes presidente Cláudio Paulino, o coordenador do convênio, pela Praticagem, comandante Helder Luiz Puia, o diretor de Assuntos Institucionais da empresa, Fábio Melo Fontes, o gerente de operações, Viriato Geraldes, além de diretores e pesquisadores da Unisanta.
Poluição do estuário
São 19 anos de pesquisas, utilizando ferramentas computacionais para estudar a dinâmica e a qualidade da água do estuário, dos rios e da zona costeira do estado de São Paulo, conforme explicou a Coordenadora do NPH.
Em 2014, o Núcleo iniciou novos estudos sobre a poluição do estuário santista, para monitorar a balneabilidade das praias, em parceria com órgãos ambientais.
Outros dados disponíveis referem-se às descargas oriundas da rede de drenagem da bacia hidrográfica, resultados de monitoramento da qualidade da água, previsões de modelos meteorológicos e oceanográficos globais e dados de satélite. As informações devem ser conjugadas a modelos numéricos locais hidrodinâmicos e de qualidade da água, em desenvolvimento há décadas pela Unisanta.
Pretende-se aumentar e melhorar a capacidade de fornecer diagnósticos e prognósticos das condições de mar. O objetivo desta implantação é gerar não somente conhecimento científico, mas também benefícios à gestão do ambiente costeiro.
“Desta forma, através dessa ferramenta, será possível fornecer, automaticamente relatórios, prognósticos, alertas para condições pré-estabelecidas como relevantes para cada usuário do sistema, auxiliando o planejamento de operações e a tomada de decisão, ou ainda, permitir a otimização futura de coleta de dados, gerando e fornecendo sistematicamente informações ambientais em toda a área do domínio do modelo, explicam a coordenadora do Laboratório, a professora Alexandra Sampaio e o professor Renan Braga Ribeiro, também pesquisador do NPH.
Os modelos numéricos permitem visualizar, pelo computador ou até mesmo através de smartphones, o comportamento e a evolução das marés, ondas, ventos e da qualidade da água em todo o seu domínio. “Quando se alimenta os modelos com dados de monitoramento em tempo quase real, é possível comparar seus resultados, apurar sua confiabilidade e fornecer diagnósticos e prognósticos que auxiliem, por exemplo, a navegação, as obras costeiras, o monitoramento ambiental e até mesmo a população, como aplicado em outras regiões costeiras do mundo”, completa a engenheira.