Após um ano de estudos e pesquisas, acadêmicos e docentes de Arquitetura e Urbanismo voltaram à cidade mineira para mostrar o projeto final, que inclui arborização e espaços de convivência.

colaborou: Victoria Capaldo

Acadêmicos e docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta) voltaram à cidade de Gonçalves, Minas Gerais, para apresentar  projeto de paisagismo para a cidade, realizado por eles. Uma das autoridades presentes na apresentação foi a secretária de Turismo e Cultura do município, Marília Ribeiro de Souza Lima.

No encontro, que aconteceu no dia 25 de fevereiro, a secretária ressaltou o fato de que tudo o que haviam discutido anteriormente a respeito do estudo foram atendidos no projeto final. “O grupo teve a sensibilidade de vir fazer a visita de campo, de conversar com os moradores e,  principalmente, de  manter as características do centro da cidade. A gente quer melhorar, quer ampliar, mas não quer perder as características do interior que são próprias nossas”, lembra a secretária de Turismo.

Marília confirma que já houve uma reunião com o Conselho Municipal de Turismo e que já foi montado uma comissão que encaminhará o projeto para torná-lo realidade. “A gente irá ter dúvidas, então vamos voltar a fazer contato com os alunos para que eles nos deem suporte para poder incrementar, pelo menos, as primeiras fases do projeto” explica.

Pesquisas

Há um ano, dez alunos dos períodos noturno e diurno, dos 6º, 8º e 10º semestres do curso vêm trabalhando em um projeto para melhorar a vida da população no município. Para construir um projeto paisagístico que pudesse ser tirado do papel, os acadêmicos, com os docentes Fábio Bei e Patrícia D’Andrea, fizeram visitas ao local.

“Quando viemos, andávamos em todas as ruas, anotando lugares em que a calçada era pequena, onde havia ou não árvores. Percebemos que não há espaços para lazer, como lugares para sentar e conversar, a população sentava nas calçadas. Fizemos plantas da cidade para que pudessem ser implementados parklets (lugares de descanso e convivência) ”,  explica uma das integrantes do grupo.

“Tivemos o comparecimento de representantes de outros municípios, como Poços de Caldas e Cachoeira de Minas, que ficaram muito interessados no projeto. A secretária da Educação também compareceu na apresentação”, ressalta Fábio, nas redes sociais.

Durante a apresentação, os estudantes explicaram passo a passo do que foi realizado no projeto, desde os primeiros contatos até o resultado final. Nos períodos em que estiveram na cidade, os acadêmicos pesquisaram o cotidiano do local, conheceram a cidade, a população e seu espaço urbano.

Etapas

“Nosso projeto englobou várias etapas: primeiro, os alunos vieram fazer uma pesquisa, saber o que a população necessitava. A partir dessa pesquisa, eles passaram para o processo de criação, depois começamos a fechar o projeto para a realidade. Em sala de aula, eles só aprendem a criação, isto aqui é a preparação para a vida profissional deles”, comenta Patrícia.

Segundo o professor Bei, o projeto foi pensado nas pessoas que moram no município, para, assim, criarem um projeto único, que beneficie a todos. Um dos desafios para os alunos foi preparar um estudo para a cidade pequena, que tem pouco mais de 4.200 habitantes (censo: 2010).

“A gente teve muitas reuniões em Santos para entender a cidade, porque os alunos estão acostumados a entender uma cidade grande, e dessa vez, é uma cidade pequena, que tem seus limites, uma característica rural mineira. Pensamos também nos recursos que tínhamos disponíveis”, diz o docente.

A apresentação para os habitantes trouxe aos alunos o feedback do trabalho realizado, em que puderam receber opiniões e sugestões dos moradores. “Foi como os professores falaram, foi nossa primeira verdadeira experiência de como vai ser a nossa profissão, e de como lidar com as pessoas. E isso é muito importante porque até o momento a gente trabalhava com limites, os professores aprovavam e acabava. Aqui não, aqui a gente pode ouvir as pessoas falando”, diz outra integrante do projeto.

O professor Fabio Bei, na apresentação, salienta aos moradores que nenhum projeto está sendo imposto ao local e sim, uma discussão sobre melhorias que o município poderá receber. “Nós vamos deixar painéis em alguns lugares para a população ver e entender um pouco mais sobre o projeto. O nosso intuito é leva-lo aos poucos e fazer algo interessante para a cidade”.

Faltam árvores e sombras

O professor Fábio Bei, morador da cidade e idealizador do projeto, conta que a ideia surgiu em 2017, por conta do calor excessivo que estava ocorrendo no local. “A população estava reclamando a respeito do clima quente e eu reparei que faltavam sombras e árvores. Então, inicialmente, o plano era apenas de arborização e depois mudou para algo maior, o paisagismo”.

Em maio de 2018, dez estudantes foram até o município, localizado a mais de 400 km da capital, Belo Horizonte, para analisar suas características urbanas. Ao retornar, os acadêmicos aplicaram os ensinamentos da sala de aula na prática do cotidiano da cidade. Participaram acadêmicos do curso diurno e noturno.

Durante o processo de análise, os acadêmicos verificaram que outros projetos como saneamento, plano diretor e uso e ocupação do solo são necessários ao município para seu regular crescimento e expansão.

Em dezembro de 2018, o estudo foi apresentado na Unisanta com a presença da Secretaria de Turismo da Prefeitura de Gonçalves, Marilia Ribeiro de Souza Lima, membros da alta direção da Unisanta, professores e alunos do curso de Arquitetura e convidados.

Locais beneficiados

As principais ruas que receberão as mudanças, segundo projetos de curto, médio e longo prazos, são: o portal da cidade, localizado na Av. Coronel João Vieira, que receberá arborização nas calçadas; a Rua Capitão Antônio Carlos, onde fica a Prefeitura, que ganhará um espaço para convivência, chamado parklet, além de demarcação para estacionamento de veículos e aumento de calçadas.

Para o docente, os demais cursos da Unisanta poderão aumentar o projeto, que visa á melhoria do município. “Vários cursos da universidade podem contribuir muito mais para a região, com seu corpo docente, técnico e as pesquisas acadêmicas, podendo-se criar outras novas parcerias”.