Estudo realizado pelo médico veterinário e pesquisador da Universidade Santa Cecília, Prof. Eduardo Filetti, e alunos do curso de Ciências Biológicas, indicou uma estabilização no número de pombos em Santos e São Vicente durante a pandemia, além de mostrar a proximidade dessas aves com os seres humanos, através de agentes patogênicos encontrados nas fezes do animal.

A pesquisa foi realizada em 102 pontos das cidades, no período de fevereiro a agosto de 2021. Ao todo, a equipe reuniu 408 amostras de fezes, que foram coletadas após a alimentação das aves. “Colocávamos plástico de 2×3 metros no chão com comida para as aves, das 6h às 8h da manhã, principalmente nos finais de semana, pois o número de pessoas nestes dias e horários é menor, tem menos interferência”, explicou Eduardo.

Foi constatado no estudo que o número de aves da região está em estabilidade desde a última pesquisa, em razão da diminuição de pessoas na rua que alimentavam esses animais, devido ao isolamento social, já que após a alimentação, as aves tendem a reproduzir. No entanto, apesar da estabilidade, a quantidade de animais na região ainda é alta.

Normalmente, essas aves, descendentes do Columba livia, se alimentam de grãos e farelos, mas, por conta da proximidade com os seres humanos, se acostumaram a comer legumes, frutas, verduras e, até mesmo, resto de lixo, explicando o número alto de animais na região.

Outra descoberta do estudo é a presença dos agentes Endolimax nana e Entamoeba coli, naturais do trato intestinal humano, nas fezes dos pombos, comprovando que essas aves estão se alimentando de lixo e fezes produzidas por humanos.

Outros protozoários também foram encontrados. São eles: Chilomastix sp, Giardia sp e Cryptosporidium spp, comum em verduras e frutas mal lavadas; Ascaris Lumbricoides, bactéria causadora da Salmonelose; Ancylostoma duodenale, parasita comum em fezes de cães e gatos não vermifugados. Todos esses protozoários podem causar problemas em pessoas com baixa resistência, ou seja, diminuição das defesas orgânicas.

O grande risco de doença oferecido por esses animais vem das fezes secas, que podem conter fungos de difícil diagnóstico, causando doenças graves, como a Histoplasmose e a Criptococose. As fezes molhadas também podem oferecer riscos, como conjuntivites, otites e dermatites.

Ao mesmo tempo que realizam o estudo, o grupo também realizou uma pesquisa com a população, para identificar quem gosta das aves e as alimenta. Os resultados mostraram que 66% dos entrevistados gostam dos pombos, mas acham que eles estão em um número acima do desejado. 20% não gostam e não queriam que elas estivessem nas cidades. Apenas 16% dos entrevistados afirmaram que alimentam as aves com frequência.

A conclusão do estudo é que é necessário diminuir a reprodução dessas aves, mas de uma forma segura, sem causar prejuízos ou sofrimentos. Algumas das soluções incluem diminuir a fonte de alimentação na área portuária, fazer pombais alvos, onde os ovos seriam trocados por artificiais, e fornecer alimentação com anticoncepcionais.