As atuações do profissional de engenharia de computação

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Pesquisas indicam o crescimento cada vez mais intenso e veloz das profissões do meio tecnológico.

Por Rosângela Ribeiro Gil – Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo

Em 2018, o Fórum Econômico Mundial divulgou relatório sobre o futuro do emprego em que apontava as ocupações consideradas em ascensão: analistas e cientistas de dados, especialistas em tecnologia da informação (TI) ou megadados (Big Data), desenvolvedores de softwares, especialistas em redes sociais e comércio digital, entre outras. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) elaborou o Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023 no qual confirma essa tendência, também no País, do crescimento de profissões ligadas à tecnologia. O mapa prevê que o Brasil terá de qualificar 10,5 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico, qualificação profissional e aperfeiçoamento até 2023.

Professor Luis Fernando Pompeo Ferrara: o mercado de atuação do profissional de engenharia de computação é muito amplo e crescente. Foto: Divulgação | Unisanta.

Para o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e membro do Conselho Tecnológico do SEESP, Marcelo Zuffo, o avanço das “tecnologias portadoras de futuro”, como ele gosta de definir, é um caminho sem volta. “Entre essas destaco a realidade virtual, blockchain, criptomoedas e inteligência artificial.” Uma das modalidades da engenharia com mais proximidade com a área tecnológica é a de Computação, assegura o professor Luis Fernando Pompeo Ferrara, coordenador do curso de Engenharia de Computação da Universidade Santa Cecília – Unisanta.

O mercado, ao anunciar vagas para esse profissional, relaciona diversos requisitos, muitos em siglas em inglês, por exemplo, ter conhecimento em HTML5, CSS, JavaScript, .NET; conhecimento em Linguagem C# e Ionic (Ambiente de desenvolvimento Android Studio); domínio sobre arquiteturas de banco de dados; conhecimento em SQL Server; experiência no atendimento ao usuário. E ainda desejável ter conhecimento em Genexus, em banco de dados; suporte técnico; noções de API.

A lista de requisitos é imensa e muito diversificada, confirma Ferrara, porque a engenharia de computação “é a área de atuação que hoje em dia está presente em praticamente todos os ecossistemas tecnológicos e até em ambientes envolvidos pela natureza”. A modalidade serve, prossegue ele, de meio de acesso à tecnologia, “englobando noções de desenvolvimento de peças eletrônicas (hardware), a criação do cérebro lógico de algum equipamento (software) e toda a infraestrutura necessária para o ambiente funcionar (comunicação). Por isso, toda vaga na área de tecnologia que envolva a combinação de software e hardware é aderente ao engenheiro de computação, tanto na parte de projeto e desenvolvimento como na execução e gerenciamento dos sistemas”, observa.

Nesse rol de funções aderentes à área, entre outras, podemos citar: projetar e construir equipamentos periféricos e físicos, nessa linha estão teclados, monitores, placas de som e impressoras etc.; desenvolver e aprimorar programas de computador; criar aplicativos e sistemas operacionais ou operativos móveis para smartphones, tablets ou outros dispositivos móveis; elaborar e executar projetos de rede; participar de projetos de instalação de sistemas de telefonia; criar sistemas de processamento e tratamento de dados; automatizar máquinas com sistemas computadorizados baseados em Inteligência Artificial; coordenar a implantação de projetos de robótica.

Demandas on e off-line
No curso, o futuro profissional aprenderá todo o conteúdo referente à parte de TI, desde o desenvolvimento de aplicativos até o gerenciamento de sistemas. Como esclarece o professor da Unisanta, esses conceitos também são vistos em outros cursos ligados à área de Tecnologia de Informação, “mas o grande diferencial é a abordagem da parte de hardware, não só de computadores como o de sistemas eletrônicos em geral”. Esse conjunto de aprendizado proporcionará “uma enorme flexibilidade de atuação ao profissional graduado, que pode navegar pelo mar de possibilidades da indústria 4.0 como ir para o segmento de programação, desenvolvimento de produtos eletrônicos, inteligência artificial, automação industrial, cientista de dados e muitos outros”.

As possibilidades são bem amplas, englobando um universo rico tanto para demandas on-line como off-line. É possível trabalhar, vale reforçar, não só no desenvolvimento de hardwares (a parte física de um computador), como no de softwares (programas), mas também atuar na criação de aplicativos; redes e infraestrutura; comunicação e armazenamento de dados; suporte técnico; entre outros. Essa flexibilidade de atuação se deve, como diz o docente, à ampla base teórica e prática que o estudante adquire ao longo da graduação. “Mesmo engenheiros formados há mais tempo, com o devido comprometimento, conseguem se adaptar rapidamente”, diz referindo-se a uma área em constante e rápidos avanços científicos e tendências em relação às linguagens, às plataformas, aos programas e ao mercado em geral.

Segundo pesquisas, o processo de automação e a inteligência artificial devem impactar profundamente o mercado de trabalho até 2030, abrindo novos postos de trabalho, principalmente para os profissionais da área de tecnologia. Ferrara diz não ter dúvida de que o engenheiro de computação é o que mais se enquadra neste cenário. “Se analisarmos o que já está acontecendo hoje com a quarta revolução industrial conhecida como “Indústria 4.0”, os profissionais com maior facilidade de se adaptar a este novo paradigma são os engenheiros de computação”, analisa.

Trilhas de aprendizagem
Além das disciplinas básicas de um curso de engenharia – Física, Cálculos Matemáticos e Estatística –, a modalidade, na Unisanta, explica o professor, tem duas trilhas de aprendizagem bem definidas que se cruzam ao longo dos dez semestre de curso, uma envolvendo a parte de software e outra, a parte de eletrônica. Ele destaca: “Os alunos realizam mais de 50 projetos ao longo do seu período de formação. Os projetos vão desde aplicativos até o desenvolvimento de sistemas completos de automação”.

Ferrara também observa que a “formação do profissional desta área não pode ser restrita apenas ao conhecimento técnico, então, assuntos como inovação, empreendedorismo, gestão e liderança de equipes, gestão e gerenciamento de projetos também fazem parte do conteúdo do curso”.

Assim como todos os cursos de Engenharia, o de Computação também tem a obrigatoriedade do estágio.
Projetos que foram realizados por alunos do curso Engenharia de Computação da Unisanta:

• Aplicativo lúdico para conscientização ambiental de crianças entre 7 e 11 anos;
• Desenvolvimento de uma plataforma inteligente para coleta de lixo reciclável aplicando o conceito de IoT (Internet das Coisas);
• Sistema integrado de auxílio na redução do consumo de energia elétrica no uso de ar-condicionado;
• Separador inteligente de resíduos secos para facilitar a reciclagem de materiais;
• Desenvolvimento de um sistema para alerta de enchente em áreas urbanas;
• Desenvolvimento de um aplicativo de alerta da qualidade do ar com base nos dados da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo);
• Protótipo de verificação de pilhas para evitar o descarte desnecessário no meio ambiente;
• Monitoramento inteligente de consumo de água em chuveiros para o uso racional dos recursos hídricos nas residências;
• Sistema de monitoramento de nível e fluxo de água de reuso em uma cisterna;
• Estudo do reaproveitamento da água utilizada em lavadoras de roupas através de sensores de turbidez.

Fonte: https://www.seesp.org.br/site/index.php/comunicacao/noticias/item/19974-as-atuacoes-do-profissional-de-engenharia-de-computacao

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