A mostra “Viva Pagu”, que foi visitada por mais de 7 mil pessoas na Casa das Rosas, na capital, poderá ser visitada pelo público santista até o próximo dia 26 de agosto, no 4º andar do Bloco E da Unisanta (Rua Cesário Mota, 8 – Ed. Leonilde e Sílvio Pirilo), com entrada gratuita. A exposição traz manuscritos inéditos de suas obras, suas cartas, fotografias legendadas por ela e cadernos. A curadoria é de Lúcia Maria Teixeira Furlani, autora de vários livros sobre Pagu. A abertura da exposição aconteceu no dia 19/8, quando foi lançado o livro Viva Pagu – Fotobiografia de Patrícia Galvão, também de Lúcia Teixeira, com colaboração de Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu. Tem edição da Imprensa Oficial e Editora Unisanta.
Dividida em três atos, a exposição apresenta Pagu destrinchando silêncios e, no mínimo, intrigando seu interlocutor. Em destaque, a realidade brasileira dos anos 1920 aos anos 60 , com suas tensões políticas e manifestações culturais. Mulher múltipla, Patrícia Rehder Galvão (1910-1962) foi jornalista, musa modernista, romancista, militante comunista, poeta, desenhista, incentivadora da cultura brasileira e da cultura universal.
O primeiro ato fala do surgimento da musa; o segundo aborda a militância política, a entrega total a uma causa; o terceiro mostra a jornalista antenada com o novo, a militância cultural, o amor à arte, à literatura e ao teatro. As frases que designam cada ato foram retiradas de poema de Patrícia Galvão. No ato I, “Lê em meus olhos todos os consentimentos”; ato II: “Mata tua sede na pedra que se fez fonte”; e no III, “E te encanta com a paisagem contraditória do meu ser “.
As peças que compõem cada ato – na maioria inéditas – discursam, dialogam e contrastam entre si, fazendo aparecer as múltiplas Patrícias. São memórias, textos, depoimentos, cartas, narrativas, manifestações literárias, rastros de Pagu e de seus companheiros de viagem, registros minuciosos – inclusive informes reservados e prontuários do Deops. Elas retraçam o rico itinerário de Pagu, que riscou fronteiras desconhecidas, definiu abismos e atravessou continentes. E servem também para construir um perfil da intelectual transgressora que marcou a vanguarda do século 20.
O objetivo da curadora é recuperar o sentido dos gestos de Patrícia Galvão e da vanguarda do século 20 no Brasil para o público. “A identificação com os sonhos e ideais de Patrícia Galvão nos faz entender sua época e sua história de vida, ligada à luta pela liberação das minorias sociais, pela superação dos preconceitos, pelo espaço de construção da cultura brasileira, elegendo a arte como o caminho capaz de garantir o acesso à brasilidade.”
Lúcia explica que a identidade de Patrícia liga-se à renovação, à ousadia, à ruptura: “A renovação é, muitas vezes, confundida erroneamente com ausência de memória. Ledo engano. Sem memória, sem o confronto com o velho, não existiria renovação. Por meio de suas posições nacionalistas, o seu compromisso com o futuro se estabelece justamente através da releitura do passado brasileiro”.
O interesse da curadora por Pagu é antigo, data dos anos 1980. De lá para cá, Lúcia constituiu um importante acervo – de onde veio boa parte das peças expostas –, lançou três livros sobre Pagu, fez debates, exposições e fundou o Centro de Estudos Pagu Unisanta, que reúne ao redor de três mil documentos catalogados.
As peças apresentadas na exposição estão no livro “Viva Pagu – Fotobiografia de Patrícia Galvão” (Imprensa Oficial/Unisanta), que Lúcia escreveu em parceria com o jornalista Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu e que terá lançamento junto com a abertura da mostra, na Universidade Santa Cecília, em Santos. A exposição tem a colaboração de Geraldo e do neto de Pagu, Rudá K. de Andrade , que se encarrega da videoinstalação.
Curadoria
Lúcia Maria Teixeira Furlani é Mestre e Doutora em Psicologia da Educação, autora de “Pagu – Livre na imaginação, no Espaço e no Tempo”, “Croquis de Pagu”,”Autoridade do Professor“, “A Claridade da Noite” ,”Fruto Proibido” e dos infanto-juvenis “Tudo é Possível” e “O Segredo da Longa Vida”, entre outros. É presidente da Universidade Santa Cecília e presidente do Centro de Estudos Pagu Unisanta, em Santos.