Uma obra que permaneceu inédita durante 75 anos, o Caderno de Croquis de Pagu, Patrícia Galvão, de 1929, será divulgada em caráter nacional no próximo dia 4 de maio, em São Paulo, às 19h30, no Museu de Imagem e do Som (MIS), na Avenida Europa, 158. Na oportunidade, será lançado o livro Croquis de Pagu e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos, com textos e organização de Lúcia Maria Teixeira Furlani (Editoras Cortez/UNISANTA), e será inaugurada uma exposição com desenhos, fotos e documentos do livro, que permanecerá aberta ao público até 30 de maio, com entrada franca.
No MIS, deverão estar presentes os atores da minissérie Um Só Coração: Miriam Freeland, José Rubens Chachá, Paschoal da Conceição e Etty Frazer, que interpretaram Pagu, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Ita, além dos autores Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral. A realização da exposição é de Lúcia, com produção de Rudá de Andrade, filho de Pagu, e curadoria de Leda Rita Cintra Ferraz. Funcionará de terça a sexta-feira, das 14 às 22 horas e no sábado e domingo, das 11 às 20 horas, no MIS.
Livro e exposição
Com 128 páginas, Croquis de Pagu e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos apresenta desenhos inéditos e outros que a Musa do Modernismo dedicou à Tarsila do Amaral, no Álbum de Pagu, Nascimento, Vida, Paixão e Morte. As duas produções são do período em que Patrícia Galvão emerge no Modernismo, sob a tutela de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Lúcia incluiu fotos de momentos importantes de Pagu, além de amplo material de pesquisa, como jornais, de 1931 a 1981.
No total, são 22 desenhos do Caderno de Croquis, dos quais apenas quatro haviam sido divulgados; 15 do Álbum e mais um desenho caricatura que Pagu fez de Tarsila do Amaral, a quem dedicou essa produção. O Álbum contém “poemas ilustrados”. Há também oito recortes de jornal sobre momentos importantes da vida da Musa do Modernismo e quatro textos explicativos.
“Esses desenhos surgem ao lado de acontecimentos promissores da existência de Patrícia, na gestação de muitos projetos: o início da vida com Oswald de Andrade, de sua produção artística, literária, jornalística, de sua militância política e o nascimento de seu filho com Oswald, Rudá”, escreveu Lúcia Teixeira Furlani. “Ela se referiria, mais tarde, a esse período, como o mais feliz de sua vida”, completa.
Paixão renascida
Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu e do jornalista e escritor Geraldo Ferraz, escreveu no prefácio de Croquis de Pagu e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos: “…as luzes da ribalta continuam apaixonadas por Pagu…”
“….tantos anos depois do pano cair e os aplausos circunstanciais terem deixado de ecoar nas paredes do teatro, parece que a atriz se enfiou de mansinho pelas dobras da cortina pesada e voltou ao proscênio. De onde nunca mais saiu.” E ainda: “(…)Ela não viveu um monólogo, claro. Pensava muito nos outros para isso. Sobretudo nas crianças, nos humilhados e ofendidos, nos injustiçados, nos gatos e nos cachorros de rua. Mas sem cheiro de santidade ou manto de mártir”.
O lançamento do livro na UNISANTA, em Santos, dia 22 de abril último, atraiu intelectuais, escritores e atores. “Pagu assume uma condição ímpar no Brasil no Século XX, tanto em termos culturais quanto sociais e principalmente políticos”, destaca Miriam Freeland, que interpretou Patrícia na minissérie Um Só Coração. “Assim, iniciativa como a de Lúcia Teixeira Furlani reveste-se de muita importância para o resgate da atuação de Pagu, uma mulher de notável importância dentro do contexto cultural, social e político do País”.
Miriam, homenageada em Santos por Lúcia durante o lançamento do livro Croquis de Pagu, chorou de emoção. “Para interpretar Pagu, contei com a ajuda de sua família e principalmente de Lúcia, que me ensinou a conhecer, em detalhes, o mito Pagu. Com ela pude compreender a importância de Patrícia, sobretudo a sua riqueza humana”.
O santista José Rubens Chachá, que interpretou Oswald de Andrade na Minissérie, e foi igualmente homenageado por Lúcia, destacou a importância do lançamento, que mostra parte dos trabalhos de Pagu como artista plástica, que ele desconhecia. “A Minissérie serviu para mostrar apenas parte da complexidade de Patrícia Galvão, que representa para Cultura Brasileira muito mais do que pudemos passar ao telespectador. Como ator e principalmente como santista, sei o quanto Pagu representa para a cultura, notadamente para o teatro. E é isso que precisa ser resgatado e mostrado, exatamente como Lúcia vem fazendo”.
Compareceram estudantes de jornalismo de várias cidades do País, inclusive de São João da Boa Vista (cidade natal de Pagu), que estão pesquisando a vida de Patrícia.
A exposição em Santos estará aberta até 29 de abril, de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 e das 15 às 21 horas, e no sábado, das 9 às 12 horas, na Rua Cesário Mota, 8, 4º andar, no Boqueirão.
Autora
Lúcia Teixeira Furlani é autora do livro (em quinta edição) e do videodocumentário homônimos Pagu, Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo, obras que têm sido objeto de pesquisas em universidades no exterior e no País. Esses trabalhos serviram de pesquisa para a minissérie da TV Globo Um Só Coração e para a atriz e diretora da peça Pagu Que, a qual estreou neste mês, na Capital.
Dirigido por Rudá de Andrade e Marcelo Tassara, o documentário Pagu foi premiado na 28ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Doutora em Psicologia da Educação e diretora-presidente da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Lúcia Maria Teixeira Furlani é ainda autora dos livros A Claridade da Noite – Os Alunos do Ensino Superior Noturno e Fruto Proibido – Um Olhar sobre a Mulher.