Ela só tem 16 anos. Em tese, ainda tem muito a aprender. Seu talento, porém, transcende fatores biológicos, fisiológicos e outros tantos. Encarar as dificuldades das travessias e maratonas aquáticas não é para qualquer um. Exige muito do nadador, principalmente daqueles que foram criados em uma piscina, distante de correntes traiçoeiras, águas barrentas, ondulação constante e a solidão do mar aberto.
Para Daniele Lopes Fernandes Ramalho (UNISANTA/SEMES/Clinica Humanus), no entanto, tudo isso se apresenta como quesitos de motivação. Há dois anos, ele descobriu que dispunha de um talento natural para as provas de águas abertas. Ela acaba de conquistar o título de campeã estadual da principal categoria feminina (Elite) das competições de Águas abertas, superando nadadoras de mais idade e maior experiência.
Em 2003, sem prejuízo de suas performances na equipe de competição da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) – no momento, ela integra o time juvenil, sob o comando do técnico Gérson Pazian -, ela já havia conquistado o título vice campeã santista de águas abertas, a um ponto apenas da campeã.
“Naquele momento, senti que poderia ousar maiores vôos. Assim, nesta temporada de 2004 resolvi encarar o desafio do Circuito Estadual de dez etapas, disputas em rios, represas e mar aberto, como em Ilhabela e Ubatuba”, destaca.
Com a firme convicção de quem sabe o que quer da vida, apesar de ainda atravessar sua fase de adolescente, Daniele diz que já está pronta para ir mais além. “As pessoas dizem e eu acredito também que possa vir a me dar bem no Circuito Brasileiro já em 2005”.
Ela sabe das dificuldades a enfrentar, mas adianta que isso já faz parte do seu dia a dia. “Preciso conciliar meus estudos e mais os treinos e competições da equipe da UNISANTA com as disputas em águas abertas – Daniele também participa do circuito regional da modalidade -, e isso não é nada fácil”.
No Circuito Estadual, ela venceu duas das dez etapas; ficou em segundo em outras três. Nas demais, sempre ficou entre as quatro melhores colocadas, exceção feita à primeira etapa, na qual foi a sexta. Na oportunidade, porém, ainda enfrentava uma realidade bastante distante da sua.
Ao término da temporada, somou 1.103 pontos, superando Liz Jandui Soares, de Guarulhos, atleta de maior experiência, que totalizou 1098.
INÍCIO DE TUDO – Nascida em 20 de abril de 88, Daniele começou cedo na natação. Aos dois anos e meio já dava as suas primeira braçadas na acanhada piscina do Brasil FC. Depois atuou no Vasco da Gama e há seis anos defende a UNISANTA, equipe na qual já passou pelas categorias petiz e infantil.
O fato de nadar provas de fundo a deixa mais à vontade para disputar competições de águas abertas de longa distância, como as de cinco ou seis quilômetros e as de até 10 quilômetros, como a de Ubatuba.
“Mas não basta apenas ter fôlego e resistência para vencer essas distâncias, eu tenho que mostrar sempre que sou capaz de encarar as provas de piscina e águas abertas sem prejuízo de uma ou de outra. Eu sei que posso, mas não é fácil. Por vezes, a pressão é forte e o estresse elevado. Mas preciso encarar e superar os desafios caso pretenda levar à sério meus objetivos”, conclui.