Desde o dia 4/11, às 19h30, o Espaço Cultural Unisanta apresenta a mostra do artista santista Roberto Ortiz.

Ortiz é autodidata e explora os recursos de diferentes técnicas e materiais para expressar respostas às suas inquietações.

Durante sua permanência no Japão, se familiarizou com a cultura milenar, da qual absorveu referências usadas formal e conceitualmente nas obras. Intuitivo, a composição de seu repertório visual possui notadamente influência do desenho.

Ortiz se utiliza de várias técnicas, tais como óleo, pastel, aquarela, gravura, entre outras. Possui um currículo com diversas mostra, incluindo duas cidades do Japão: Gunma-Ken e ; Shizuoka-Ken.

A mostra permanece aberta ao público até o dia 27 deste mês, de segunda a sexta-feira, das 19h às 21h30. O Espaço Cultural fica na Rua Oswaldo Cruz, 277, Boqueirão, em Santos.

Madeleine Alves escreve sobre o artista:

“Uma das origens da palavra “arte” – mais especificamente aquela oriunda do inglês arcaico – está ligada à segunda pessoa do singular do verbo “ser”. “Thee art” (“tu és”) viraria “you are” (“você é”) nas andanças da língua inglesa através dos tempos, submetida dia a dia aos processos da fala, da escrita, ressignificando-se a cada uso.

Um artista é também um andarilho de seus processos, submetendo dia após dia as suas percepções sensíveis aos processos do labor, do estudo, da técnica. Caminha por vezes a passos lentos, por vezes a passos largos; em ritmo ou em rito, para em determinado ponto e analisa, absorve, observa, sente, medita, enlouquece, transpira… E continua o caminho interessado em caminhar, em ser, em interagir com outros seres para além dos limites do tempo, do espaço, de si mesmo.

É inevitável refletir sobre tudo isso quando se entra em contato com a Arte de Ortiz. No estudo das culturas passadas, ditas “primitivas”, Roberto depara-se com o concerto do erro e não se intimida – pelo contrário, apropria-se dele na busca pela melodia das formas, distorcidas, simplificadas… Amplificadas! A harmonia soa plena na noite da Intuição e traz à luz uma escrita visual rica em simbolismo e poesia.

Técnicas afinam-se em conversa mútua: materiais consagrados na arte passam pelo estudo do artista-aprendiz-artesão, saem de seu pedestal para um dueto com novos materiais, como o concreto celular; geram novas possibilidades técnicas, a fim de acordar com a contemporaneidade da linguagem da arte.

Assim podemos sentir a arte de Roberto Ortiz: uma força intuitiva que conversa com o nosso “eu” mais profundo, o âmago primitivo e indizível dos nossos sentidos em uma de suas possíveis materializações. Todo artista é um louco quando se lança ao caminho rumo ao desconhecido, em busca da linguagem do mundo. E todo artista é um mago quando, ao apreender uma porção dessa linguagem, manipula signos, códigos e sintaxes e nos encanta para além da compreensão.

O artista está continuamente fadado a percorrer os caminhos do Ser.”