Pela primeira vez na Baixada Santista, uma pesquisa identificou algumas das muitas manifestações culturais passíveis de entrarem num processo público para o seu futuro registro e salvaguarda, como patrimônio imaterial nos municípios desta região.

Após o levantamento destas manifestações importantes para a identidade das cidades, alunos do curso de pós-graduação em Patrimônio Cultural, Memória e Preservação da Universidade Santa Cecília (Unisanta) entregam nesta terça-feira, 31/7, às 11h, cartas de intenção de registro de patrimônio imaterial para representantes oficiais dos municípios.

O encontro entre os alunos e os representantes das cidades tem como objetivo discutir a importância de manifestações culturais, que podem deixar de existir e, consequentemente, descaracterizar a cultura de uma comunidade. A ação abrirá a possibilidade do registro destes bens imateriais no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

A pesquisa dos alunos identificou que seja registrado, em Santos, o modo de fazer o bordado da Ilha da Madeira, pela união das bordadeiras do Morro do São Bento. Em São Vicente, o registro no livro de lugares, da Rua Japão, como espaço tradicional de trabalho e lazer. Em Praia Grande, o registro no livro de celebrações, a Festa de Yemanjá.  Na cidade de Itanhaém, a pesquisa indica para estudos e reflexões com os seus produtores, o modo de saber e fazer o doce de banana, feito pela fabrica de bananada Itanhaém.

Para os municípios de Bertioga e Mongaguá, serão indicados os modos de fazer e cultivar da Aldeias Indígenas Rio Silveira e Itaóca, respectivamente, como uma cultura tradicional em perigo de extinção, caso não forem efetuadas ações de resgate e salvaguarda destes saberes e fazeres indígenas.

A cidade de Guarujá será parabenizada por desenvolver ações de divulgação da festa de  Reisado Sergipano e Bumba meu Boi, no calendário cultural da cidade e também será indicada a realizar o registro destas manifestações no Livro de Formas de Expressão, como patrimônio imaterial local.

Já em Cubatão, primeira cidade do País a registrar um bem imaterial no órgão municipal, os representantes do município serão parabenizados por registrar o Grupo RINASCITA no Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Condepac) como patrimônio imaterial da cidade.

O encontro acontecerá no Consistório da Unisanta, na Rua Oswaldo Cruz, 277, no térreo do Bloco M.

Patrimônio Imaterial – A preocupação com o chamado bens culturais de natureza imaterial, que são “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural” data dos anos 2000, quando o governo brasileiro em conjunto com a UNESCO definiu políticas para o registro e salvaguarda destes jeitos, formas e saberes do povo brasileiro.

A política do cuidado com o patrimônio imaterial, portanto, ainda recente no país, não conseguiu se enraizar nas esferas estaduais e municipais, precisando assim do envolvimento de toda a sociedade, não somente para a identificação destes bens, mas principalmente na formulação de políticas públicas local.