As duas equipes foram homenageadas pela Alta Direção da Unisanta, no dia 31 de agosto, durante a recepção aos professores pelo início do semestre
Eles voltaram mais experientes nas carreiras que pretendem seguir, mas, acima de tudo, sensibilizados com as dificuldades das populações pobres de Colares, no Pará, e dos moradores ribeirinhos do Amazonas, em Manaus. E gostariam de retornar após formados, por algum tempo, se tivessem salários condizentes.
Homenageadas na palestra que abriu o semestre letivo na quarta-feira à noite (31/8), no auditório do Bloco E, as duas equipes da Universidade Santa Cecília (Unisanta) consideraram o Projeto Rondon uma experiência inesquecível. Retornaram mais solidários, dispostos a contribuir, com seu trabalho, para melhorar as condições de vida das populações brasileiras, no que puderem. As duas operações foram simultâneas, em julho, durante cerca de 20 dias.
“Se for possível, quero voltar um dia, depois de formada, para trabalhar durante algum tempo no local”, disse Armanda Guarnieri, do oitavo semestre do Curso de Odontologia, que trabalhou a bordo do navio hospital U 21 Soares Meireles, da Marinha Brasileira. Ela atendeu aos moradores das comunidades próximas ao rio Amazonas, em Manaus.
Amanda retornaria ao local se o governo proporcionasse salários dignos aos profissionais da Saúde, como médicos e dentistas. Supervisionada por dentistas da Marinha, ela fez extrações de dentes, ajudou a detectar lesões na boca e participou de microcirurgias. O navio hospital tem quatro andares e instalações para tratamento odontológico, clínica médica, exames, enfermagem e pequenas cirurgias.
Um dos fatores que mais impressionou Amanda foi o povo. Apesar de sofridos, carentes de serviços básicos, muitos afirmam que são felizes e não gostariam de abandonar o local em que moram. A universitária ficou hospedada em um navio patrulha e ia de lancha ao navio hospital, ancorado no rio Amazonas.
Mutirões e capacitação
O Curso de Odontologia da Unisanta também enviou Camila de Barros Maciel, do sexto semestre, que atendeu pacientes em Forte do Presépio, em Colares, no Pará. Ela participou de mutirões de saúde com Juliana dos Santos Pereira, do Curso de Farmácia, em visitas domiciliares para orientar sobre prevenção de doenças, condições sanitárias e fazer aferições de pressão e de glicemia. Bárbara Gouveia, quartanista de Biologia Marinha, se engajou no grupo e conversou com os moradores sobre preservação de meio ambiente.
Devido à precariedade de recursos oferecidos pelas autoridades locais, o acadêmico de Engenharia Civil, Felipe Costa, não pode concretizar os projetos que havia feito. Teve que improvisar, mas conseguiu fazer uma fossa séptica ecológica, por apenas R$ 70,00 (setenta reais), utilizando tubos de PVC, três bombas e três bombonas que seriam descartadas. Se fosse utilizar material convencional, o custo seria de três a quatro vezes mais.
Cursos de capacitação e palestras junto a comunidades da periferia , distantes cerca de 7 quilômetros, foi a atividade principal dos outros rondonistas: Maria Carolina Miotto, de Pedagogia; Taiam Antonio Zaritta, de Administração e Daniks de Lallo Fischer, de Direito.
Todos se uniram para atividades conjuntas de educação ambiental e de saúde. Oficinas de leitura foram feitas por Maria Carolina, enquanto os demais passavam informações de suas áreas de conhecimento. Como futuro administrador, Taiam aprendeu também o quanto é importante para as empresas investir em responsabilidade social. Daniks, no último ano de Direito e já aprovado em exame da OAB, orientou sobre direitos humanos e cidadania.
Livia Duarte Fernandes, quartanista de Jornalismo, documentou com fotos, vídeos e textos sua experiência em Colares. “Coloquei em prática 100% do que aprendi em sala de aula. Descobri personagens com histórias de vida que me impressionaram muito. Foi uma experiência muito interessante”. Lívia e seus colegas voltaram transformados, com uma nova percepção dos problemas do País e muita vontade de oferecer o melhor de suas habilidades para ajudar a melhorar as condições de vida da população.
A operação denominada Forte do Presépio, no município de Colares, Pará, contou com dez rondonistas da Unisanta, coordenados pelo professor Daniel Siquieroli Vilas Boas, com a participação de Maria Fernanda G. Pedroso, professora adjunta.
A outra operação, chamada ASSHOP (Assistência Hospitalar), em Manaus, no Rio Amazonas, foi coordenada pelo professor Celso Volpe e contou com uma equipe formada por 13 rondonistas, sendo dois da Unisanta. Os demais foram definidos pelo Ministério da Defesa.
Sobre o Rondon: O programa é coordenado pelo Ministério da Defesa e visa capacitar e informar a população local, promovendo ensinamentos sobre direitos, deveres, cuidados e cidadania. Os universitários desenvolvem atividades benéficas para a cidade enquanto os habitantes locais mostram outro Brasil, gerando uma convivência e contato humano totalmente diferente do que acontece nos grandes centros. O trabalho é realizado diretamente com as prefeituras das cidades, tendo o apoio do Exército, no que diz respeito à segurança.
Fotos: Livia Duarte / Equipe Rondon Unisanta