É preciso aprender a conviver com as possibilidades de elevação do nível do mar em Santos neste século, e planejar e executar obras de engenharia dispendiosas mas inevitáveis, afirma Gilberto Berzin, da Unisanta, ao mencionar os três cenários projetados sobre o alagamento de ruas santistas, devido ao aquecimento global.
Dependendo de cada caso e região, explica, será necessário construir e/ou aumentar a altura de muradas junto às praias, construir molhes, quebra-mares, espigões marítimos, obras de proteção e defesa costeiras mais afastadas das praias e fazer o controle de erosão marítima. Será necessário modificar toda a logística do Porto, além de obras de contenção, devido ao alagamento constante das áreas junto aos atracadouros.
Cabe às autoridades públicas da Baixada Santista reunir especialistas em Engenharia e Meio Ambiente, além de mobilizar toda a comunidade, para estudar que obras serão necessárias. Para isso, os municípios precisam saber com antecedência onde atuar, quais as áreas atingidas e o que fazer para controlar e/ou proteger estas áreas em função do aumento do nível das marés e das ondas.
A técnica desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas- NPH-UNISANTA tem condições de determinar com exatidão todas estas áreas dos municípios costeiros do Brasil, garante o pesquisador.
Visando esclarecer dúvidas, sem provocar alardes e falsas interpretações, o NPH está apresentando, de uma maneira clara, o que há de realidade em todas as suposições, principais estudos, tendências e principalmente o que iria acontecer com o Estuário de Santos, caso os resultados destas pesquisas se concretizarem, finaliza Berzin.
O NPH-UNISANTA deu um enfoque maior para a Ilha de São Vicente, precisamente para a cidade de Santos, onde está o maior porto da América Latina, mostrando o potencial dos resultados da pesquisa atual, podendo ser estendida para todas as cidades do Estuário, desde que seja de interesse e se tenha um perfeito cadastro topográfico, com uma altimetria detalhada.
Para chegar às conclusões sobre as ruas que seriam afetadas em Santos com a provável elevação do nível do mar, o NPH-UNISANTA apoiou-se em pesquisa cujos resultados são muito confiáveis, preparados eapresentados pelo Grid Arenal, UNED e Observed Climate Trends, da Universidade de Cambridge, que projeta o aumento do nível do mar e também os cenários de elevação do nível até 2100, considerando as três propostas mais previsíveis. São eles:
1. Aumento de 5 a 7 cm.
2. Aumento de 50 a 57 cm.
3. Aumento de 95 a 110 cm.
Valores reais
O NPH -UNISANTA trabalhou com valores reais, passíveis de serem medidos e obtidos na realidade, desde que se tenha a altimetria precisa das regiões. Para correlacionar a altura das marés com a parte física da cidade (ruas, calçadas prédios), foi utilizada uma técnica que, para muitos, pode ser simplista, mas os resultados são surpreendentemente exatos, explica Gilberto Berzin.
Num dia de maré mais alta (de sizígia), cerca de 1,50 m, neste horário foram realizadas medidas entre o nível das águas nos sete canais de Santos e pontos notáveis das pontes sobre os canais. Estas medidas sofreram reajuste, validação e calibragem para o modelo.
Para se avaliar a topografia da área insular de Santos, foi utilizada a Base Cartográfica Digital de Santos, elaborada pela Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM. Foram utilizados métodos matemáticos no software ArcGIS Desktop 9.2, em aproximadamente 17.000 pontos cotados, para elaborar o mapa da topografia da região, em relação ao nível do mar.
Foi obtida a cota do nível da água médio, com base nas medições dos sete canais de drenagem. A partir dessa cota, foram simulados cenários de aumento relativo do nível do mar em 0,5 m, 1,0m e 1,5m, considerando um evento extremo de preamar em maré de sizígia, também foi simulado um cenário com aumento relativo no nível do mar de 1,5m considerando um evento extremo de baixa-mar em maré de sizígia.
A partir dos cenários calculados, com a utilização do software ArcGIS Desktop 9.2 e com base no mapa topográfico, foram desenvolvidas as plantas, mostrando as áreas de inundação nos cenários simulados, descritos anteriormente.
A pesquisa de Gilberto Berzin e Renan B.Ribeiro será apresentada no próximo Congresso Brasileiro de Oceanografia, a ser realizado em Rio Grande- RS, em março de 2010.
Estudo inédito da Unisanta mostra 3 cenários da possível invasão do mar na orla e ruas de Santos