Além do ponto atual de descarte dos sedimentos do porto de Santos, considerado ideal pois não há retorno dos sedimentos, há mais três bons locais para dispersão desse material, na área externa ao estuário. Essa foi uma das conclusões do relatório final dos estudos feitos pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA), em parceria com o Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST) de Portugal, para a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
Os resultados foram apresentados na manhã de terça-feira (12), na Universidade, com as presenças do professor Ramiro Neves, do IST de Lisboa, do engenheiro José Chambel Leitão, da Hidromod de Portugal, e da Reitora da UNISANTA, dra. Sílvia Ângela Teixeira Penteado.
O ponto de descarte atual, a quatro quilômetros da Ponta de Monduba, Guarujá, não está saturado e continuará a ser utilizado pela Codesp, informou o engenheiro Aluísio de Souza Moreira, superintendente de Qualidade e Meio Ambiente da empresa, que recebeu o relatório final das mãos do diretor de Engenharia da Universidade, engenheiro Antonio de Salles Penteado, “Vamos continuar a parceria com a UNISANTA, pois esses estudos são muito importantes também em casos eventuais de desastres como derramamento”, acrescentou. É possível evitar ou reduzir impactos ambientais e econômicos devido a acidentes, possibilitando um desenvolvimento sustentado, se soubermos quais os locais favoráveis à dispersão, disse ainda.
Mencionou o engenheiro Souza Moreira a importância da dragagem ao porto de Santos, que movimenta a média de 30 bilhões de dólares/ano. Excepcionalmente, o porto está movimentando 150 milhões de dólares/dia.
Pontos de dispersão – O professor Gilberto Berzin, da UNISANTA, responsável pelos estudos, disse que um ponto excelente (ponto 3) para dispersão dos sedimentos, segundo os estudos da UNISANTA/IST, está situado a três quilômetros da costa, para fora da Ilha da Moela.
Mais três foram apontados como bons: o chamado 2, a quatro quilômetros a leste do 1; o de número 4, a dois quilômetros para fora em relação ao 2 e o de número 5, a dois quilômetros do local de descarte atual, deslocado para o alto-mar. O ponto número 1, a cinco quilômetros em relação à Ponta do Itaipu, não foi considerado bom.
A Cetesb autorizou a Codesp a despejar no lago Santa Rita 50% do material dragado. Esse “lago” fica na área interna do estuário e é chamado de “sepultura”, pois é muito difícil haver deslocamento dos sedimentos. Esse descarte interno não está sendo feito e os 100% do material estão sendo descartados em áreas externas à baia.
Quanto à contaminação dos sedimentos, não há estudos conclusivos. A Codesp vai fazer quarentena do lodo, para análises posteriores, informou Guilherme Masec, presidente do Centro Educacional Água Viva.
Senha – Detalhes dos estudos da UNISANTA/IST de Lisboa estão no site da UNISANTA, www.unisanta.br., mas só podem ser acessados mediante uma senha a ser fornecida ao interessado pela Codesp.
O Modelo Hidrodinâmico de Controle Ambiental, tecnologia desenvolvida pela UNISANTA e IST, foi aplicado ao Estudo da Determinação de Áreas de Descarte de Material de Dragagem na Zona Oceânica Exterior à Baía de Santos.
Nos estudos, foi utilizado sistema de modelos computacionais Mohid, baseado em “campanhas” de medidas meteorológicas e oceanográficas, realizadas em 1998/99, 1999/2000 e em 2002. “Avançou-se significativamente no conhecimento da hidrodinâmica da região, pelo estabelecimento de modelos tridimensionais calibrados, que permitem interpretar os fenômenos de dispersão que ali estão ocorrendo”, explica o professor Berzin.
Alguns dos equipamentos utilizados para as medições: correntógrafo, o marégrafo, localizado na parte externa da Ilha das Palmas (mede a altura das correntes), vários aparelhos que medem a chamada estrutura termohanina (densidade, salinidade e temperatura). Um aparelho permanece cerca de 30 dias no fundo do estuário durante os períodos chamados de “campanhas”.
Uma sonda emite sinais para localização do equipamento submerso. São utilizados ainda mergulhadores, uma lancha, uma estação meteorológica na Praia da Enseada, Guarujá e a estação da marinha na Ilha da Moela. Depois, segue a chamada fase de calibração, aplicação da modelagem matemática nos dados.
O professor Berzin falou sobre Técnica da modelagem, Campanhas Oceanográficas, Calibração e Simulações. O tema Modelo tridimensional e cenários foi abordado pelo engenheiro José Chambel Leitão, da Hidromod, e o professor Ramiro Alves falou sobre o tema Experiência de Modelagem para Controle Ambiental na Comunidade Européia. Houve também mesa-redonda sobre Alternativas de Áreas para Lançamento de Material Dragado.
Estiveram presentes a Dra. Marta Lamparelli, da Cetesb de São Paulo, Rodolfo de Castro, diretor do Meio Ambiente de Guarujá, representando o prefeito Maurici Mariano, representantes do Instituto Oceanográfico da USP e dos Institutos Geológico e de Pesca do Estado de São Paulo.