Orientado pelo docente Carlos Moino, o projeto demorou cerca de um ano para ser finalizado e foi entregue no dia 06 de setembro.
Fazer a diferença e impactar positivamente a vida de uma pessoa com deficiência. Esse foi o motivo inicial que uniu um grupo de estudantes de Engenharia Mecânica da Universidade Santa Cecília (Unisanta) para o desenvolvimento de um trabalho de conclusão de curso inovador: a motorização de uma cadeira de rodas convencional com um dispositivo de baixo custo.
Composta pelos alunos Beatriz Santos, Gabriel Lopes, Guilherme Muglia, Victor dos Santos e Willian da Silva, a equipe conseguiu criar uma estrutura que se adapta a qualquer cadeira de rodas, utilizando o mínimo de peças e componentes.
“A gente começou decidindo os materiais que iríamos usar. Em seguida, partimos para a parte da inclinação. Tentamos unir um conjunto ideal para ele poder usar num cotidiano tranquilo, numa velocidade constante. E se adaptar às ruas, que também têm bastante inclinação, meio-fio, calçada. ”, explica Gabriel, integrante do grupo.
O modelo desenvolvido é recarregável, com carregador portátil e uma carga estimada em quatro horas de duração. Esta solução é uma alternativa mais econômica para pessoas portadoras de deficiência que desejam passear e trabalhar com mais facilidade. “ A gente pegou uma cadeira de rodas convencional que basicamente hoje no Brasil a maioria das pessoas utilizam, e a gente adaptou de uma maneira que o usuário pudesse ainda utilizar essa cadeira para se locomover até o centro da cidade ou fazer uma viagem”, diz a estudante Bruna.
Utilizando a adaptação, a pessoa consegue percorrer entre 40 e 50 quilômetros com uma carga completa. Para isso, o grupo acoplou o motor e a bateria de um skate elétrico a uma roda, transformando-a em um modelo elétrico com potência de até 800 watts.
Projeto econômico e prático
Em comparação com as cadeiras de rodas automatizadas disponíveis no mercado, o projeto desenvolvido pelos estudantes é mais barato e oferece excelente custo-benefício. “Uma cadeira de rodas automatizada atualmente no mercado é muito cara, cerca de R$17 mil, é bem exorbitante esse valor. A gente utilizou um carregador convencional para carregar em qualquer tomada e basicamente hoje a gente tem um dispositivo que fácil de se locomover, fácil do próprio usuário colocar na cadeira de rodas e que promove muita autonomia”, complementa a estudante.
De acordo com o docente Carlos Moino, orientador do TCC e coordenador dos cursos de Engenharia Mecânica e Produção, esse projeto é uma forma de incentivar a iniciação científica no meio acadêmico e continuar a parceria que o curso possui com a faculdade de Fisioterapia da instituição.
“Muitos projetos vêm sendo realizados nessa parceria, com o objetivo de dar ao aluno também essa conotação da importância da engenharia na sociedade, de você fazer a diferença para as pessoas através da engenharia. Então, esse dispositivo pode ser acoplado a qualquer modelo de cadeira, e a ideia é que mais pessoas tenham acesso a esse deslocamento motorizado”, comenta o professor.
Durante um ano, os estudantes dedicaram-se ao projeto que visava melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência, entre elas, do profissional administrativo, Victor Moreira. Conhecido por um dos integrantes do grupo, Victor comenta que a acessibilidade é difícil nas cidades, porém, em Santos e Guarujá, apesar de possuir buracos e a falta de rampas nos locais, as ruas são mais planas.
“Com essa acessibilidade aqui, eu vou conseguir acompanhar minha esposa numa velocidade legal, dar uma pedalada junto com ela, vou ter mais facilidade agora. E aqui, diversão não vai faltar, eu achei [o dispositivo] muito legal, bem rápido e com uma autonomia muito boa”, diz.
Após experimentar a cadeira de rodas motorizada, sob os olhares atentos de sua esposa, dos estudantes e do docente Moino, Victor lembrou-se de alguns momentos de sua vida. “Da época que eu andava, dá uma sensação de estar voltando a pedalar de bicicleta, o ventinho no rosto…Estou feliz, bem animado e contente com o projeto”, finaliza.
Intitulado “Adaptação estrutural para a criação de cadeiras de rodas elétrica”, o projeto também contou com o auxílio de Irineu Penha da Ressurreição e Sérgio Giangiulio, técnicos do Laboratório de Mecânica da Unisanta.