Em seu primeiro ano cursando Produção Multimídia na Universidade Santa Cecília, Mariana Mussi já conquista reconhecimentos externos com o filme “O Bilhete”. A obra de 60 segundos, com a temática da pandemia, feita como trabalho de uma matéria do curso, foi selecionada para a Mostra Quarentena do Festival do Minuto, um evento nacional de formato pioneiro no mundo, que reúne profissionais, estudantes, além de interessados na área de audiovisual.
Mariana Mussi dos Santos Infanti, santista de 36 anos, teve mais de uma razão para cursar Produção Multimídia na Unisanta. Primeiramente, a escolha foi muito influenciada pela indicação de amigos ex-alunos: “Sempre reforçaram que me encontraria no curso, que era ‘minha cara’”, afirma Mariana, que é integrante do Laboratório de Cinema da Unisanta desde 2017, onde atua como criadora de conteúdo audiovisual, roteirista, produtora e realizadora.
Além disso, a metodologia e enfoque prático das aulas foram grandes atrativos para ela: “Apesar de tender para o audiovisual e ser minha primeira opção, a visão com formação em Design é fundamental para qualquer editor, seja desde a concepção de um storyboard, criações em softwares como o After Effects, até a divulgação do cartaz de um filme, por exemplo. Áreas que eu determinei a me aprofundar, como o desenho, desde o ano passado, quando me formei em desenho arquitetônico pelo SENAI, são desafios que estou desbravando”, destaca Mariana.
Com menos de um ano frequentando a Unisanta, Mariana já reúne várias experiências boas e marcantes cursando Produção Multimídia, entre elas: o trabalho da profa. Beatriz Rossi de reproduzir, em fotos, pinturas famosas; a exibição do filme “Tokyo!” em uma das aulas do prof. Vlad Lima; a aula sobre cores com a profa. Márcia Okida; entre inúmeras outras vivências.
“O Bilhete” surgiu de uma proposta de exercício valendo como P1 e P2 (avaliações) do semestre, da matéria de Introdução ao Vídeo, ministrada pelo prof. Rodiney Assunção. Essa proposta consistia na elaboração do roteiro e do storyboard e na captação, montagem e finalização de um filme ficcional com um minuto de duração. A obra conta a história de um menino, filho único, que mora com sua mãe em um apartamento de classe média alta. Ele se vê irritado com o confinamento da pandemia e pretende ir a uma festa feita pelo amigo, mas sem permissão da mãe. A reviravolta da história está em um bilhete deixado pela mãe que leva o garoto a uma reflexão e revisão de prioridades em momentos de crise como os que estamos vivendo.
“Eu desenvolvi o roteiro tendo em mente a reação das crianças frente ao isolamento social. No caso do Gustavo, o menino personagem da história, ele passa a ter uma nova visão sobre seu entorno, noções de sociedade e seus privilégios”, afirma Mariana.
A diretora, roteirista, produtora e editora de “O Bilhete”, filme realizado em junho deste ano, com as atuações de Gustavo Alves, Vinicius Pires, Bruno da Rosa Ribeiro e Marilia Mussi dos Santos, contou alguns detalhes da produção. Todo o contexto do filme é muito familiar para Mariana, o cenário é o próprio apartamento em que ela mora com a mãe (que inclusive atuou na cena final), e os atores, Gustavo (o protagonista) e Bruno (interpretando o faxineiro), são respectivamente seu vizinho e o porteiro do prédio, sendo que nenhum dos dois tinha experiência no audiovisual.
O maior contratempo que Mariana enfrentou foi a dificuldade de participação de seu amigo Vinicius, que interpretaria o colega de Gustavo, que daria uma festa e convidaria o protagonista. Vinicius, morando com os pais que fazem parte do grupo de risco da COVID-19, não quis se arriscar em uma filmagem na época mais crítica da pandemia na cidade (junho). A solução veio com a tecnologia. O diálogo entre os dois atores foi retratado via whatsapp. Além disso, a rapidez na filmagem foi o fato que mais chamou a atenção nos relatos de Mariana: “Eu gravei tudo no mesmo dia e em cinco minutos literalmente (tempo de posicionar a câmera, fazer os ajustes e gravar). O Gustavo estava acompanhado de seu pai no dia da gravação e com a aula on-line prestes a começar, motivo da ‘correria’ para gravar. Prazo curto, em cima da hora, mas o que é pra ser sempre acontece e deu tudo certo”, comemora a universitária.
Rodiney Assunção, professor que passou o trabalho do filme, elogiou a sua, já experiente, aluna: “A Mariana já produzia vídeos antes de entrar em Produção Multimídia e sempre foi muito interessada nas aulas. As dificuldades de se produzir estando em isolamento, para alguns, acaba gerando mais inspiração e eu acredito que é o caso”, comentou o docente.
A coordenadora do curso, Márcia Okida, que também dá aula para a Mariana, definiu a característica essencialmente prática como o diferencial do curso de Produção Multimídia da Unisanta, que já revela talentos desde seu primeiro ano de faculdade: “Eles (os alunos) são estimulados a isso, à produção desde o começo, produção em todas as áreas. Por exemplo, neste ano tivemos vários alunos, já do primeiro ano, premiados em concursos internacionais de design, no primeiro semestre”, comenta Márcia.
A seleção de “O Bilhete” para a Mostra Quarentena do Festival do Minuto foi uma surpresa agradável e uma prova de estar no caminho certo para Mariana, que pretende aprender e aprimorar os conhecimentos na área que ama. Por fim, a universitária se declara para a mais bela expressão humana: “Arte é o meio em que eu me comunico. Como eu costumo falar, ao sonhar ou imaginar, somos verdadeiramente livres e inconsequentemente honestos. Eu encontrei, na escrita, um local seguro para conversar e me comunicar. Arte é voz, é luz. Confluência. O que desanuvia e bombeia, todos os dias. Mesmo tão íntima ou, por vezes, tão nós, intento que, na interpretação pessoal, da vivência e experiências de cada um, seja colo e aquele abraço quentinho o que recebo no que me inspiro e me reconheço. Ou seja, continuar fazendo arte, levando sonhos, amor e esperanças nos corações de todos”, comenta Mariana.