Créditos: Lia Timson

Damin fez parte de estudo feito pela Unisanta e a Prefeitura de Santos a partir de 2004,  sobre os edifícios inclinados à beira-mar. Ele  avalia anualmente essas edificações,  como engenheiro da prefeitura.

O professor de Engenharia Civil, Orlando Carlos Batista Damin, da Universidade Santa Cecília participou de matéria do site do jornal australiano “The Sidney Morning Herald”, o mais antigo daquele  país. A publicação fala dos famosos prédios inclinados de Santos, que existem devido ao tipo de solo nas praias e por um erro na construção de fundações,  segundo os especialistas.

A jornalista Lia Timson, brasileira radicada na Austrália há 30 anos,  informa no texto que um estudo da Prefeitura de Santos e da Universidade Santa Cecília mediu todos os 651 edifícios à beira-mar por mais de oito anos a partir de 2004. As análises mostraram, conforme a reportagem,  que todos estavam um pouco inclinados e alguns estavam em “estado crítico”. No texto, o engenheiro civil e professor Orlando Damin diz que isso não quer dizer que eles estejam  inseguros  no momento.  Ela procurou o prof. Damin por sugestão de um ex-aluno de Engenharia da Unisanta, José Cláudio Dias Júnior, que mora em uma dessas edificações.

“Esses prédios excedem os parâmetros de variação de 0,5 metros de sua altura na inclinação, alguns estão entre 0,5 e 1,8 metros fora do nível”, informou Orlando Damin. “Basicamente todos os prédios se inclinam um pouco. Alguns podem ter uma diferença de cinco centímetros que pode ser causada por uma falha na construção e outros,  de 15 centímetros,  sem que isso afete a sua segurança. O Edifício Excelsior tem uma inclinação de 1,8 metros”, declara o professor de Engenharia Civil da Unisanta.

A publicação do site The Sidney Morning Herald informa que Orlando Damin é inspetor de engenharia estrutural na Prefeitura de Santos. Ele afirma ao site que uma amostra de 65 prédios é avaliada por ano. Em seguida, com uma ou duas exceções  todos recebem luz verde para serem ocupados por pelo menos 10 anos, desde que  sejam realizados trabalhos de manutenção regulares.

Almofadas de concreto

Segundo o texto da  jornalista Lia Timson,  algumas torres foram construídas com “almofadas”  de concreto, também conhecidas como fundações superficiais, em vez de estacas ou pilares até a rocha. ”As almofadas ficam diretamente sobre um leito de areia de 7 metros de profundidade que fica em uma cama de barro. A argila, por sua vez, é naturalmente coberta por água.

Lentamente, o peso das torres empurrou as almofadas que espremeram a água para fora da argila, aprofundando alguns cantos das edificações. Os edifícios não inclinam uniformemente, às vezes apenas um lado faz. Todos eles continuam a se inclinar pouco a pouco a cada ano”, afirma ela, acrescentando que,  “supreendemente , esses prédios ainda são habitáveis“.

O professor Orlando Damin ressalta, porém, que muitas das janelas dos prédios não funcionam mais, tanto que algumas perderam painéis de vidro ao longo dos anos e muitos dos apartamentos têm problemas de encanamento. Ele diz também que naquela época a economia foi levada em conta na hora da construção.

“Naquela época, as fundações profundas eram cerca de 15% a 20% do custo de construção. O sistema de pads (almofadas de concreto)  custa apenas cerca de 8%. Então, eles escolheram esse método de construção pelo custo. Em resumo, foi ganância. Ganância das construtoras e dos compradores que queriam ter o estilo de vida à beira-mar a um preço menor “, declara ele.

Prejuízos

Por fim o texto informa que enquanto muitos moradores se acostumaram com esse estilo de vida, Darmin afirma que vários moradores enfrentaram perdas crescentes no valor da propriedade, com diversas tentativas de vendas mas sem sucesso. Há também um problema de perda de equilíbrio e de labirintite.

“É uma loucura. Eu fiz uma inspeção na semana passada de um apartamento em sua condição original, nunca modificada. Você caminha e de repente você sente uma descida. É pequeno, mas você sente isso. As portas do guarda-roupa não abrem mais ”, conclui Damin.

Veja a matéria completa no site do jornal The Sidney Morning Herald.