(Santos-SP) – Imagens coloridas no computador, em três dimensões, mostram níveis diferentes de águas do subsolo santista: bacias hidrográficas, poços artesianos, camadas de sedimentos e o chamado “assoalho cristalino”, parte mais resistente, apta a receber edificações maiores. Outras imagens subterrâneas são do estuário de Santos e São Vicente. Esse levantamento geológico, da dra. Malva Mancuso, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), é um dos estudos que serão apresentados durante o IV Encontro Internacional do Programa Gerenciamento Costeiro (EcoManage), no Chile, de 27 de novembro a 1º de dezembro.

O diagnóstico subterrâneo do IPT foi elaborado em parceria com a engenheira Alexandra Sampaio, da Universidade Santa Cecília (Unisanta), com as equipes dos professores João Paulo Lobo Ferreira e Ramiro Neves, do Laboratório de Engenharia Civil (Lenec) e do Instituto Superior Técnico de Lisboa. Foi utilizado o software Arcgis, da Universidade Santa Cecília. O professor Fábio Giordano, doutor em Ecologia e coordenador do EcoManage na Unisanta, compara esse levantamento a uma “radiografia computadozirada” do subsolo.

Ainda não se quantificou o volume e os efeitos daquelas descargas de água doce no estuário, mas sabe-se que elas afetam a salinidade e outras características do mar. Como todo trabalho científico, conclusões e recomendações mais específicas quanto à oportunidade ou não de mais edifícios e outros empreendimentos à beira-mar demandam tempo, cruzamento com outras pesquisas e análise mais detalhada, lembrou Giordano.

“Não cabe aos pesquisadores tomar decisões, mas encaminhar os estudos disponíveis aos órgãos responsáveis. Esta é uma humilde contribuição dos cientistas”.

Macrozoneamento – O EcoManage – Sistema Integrado de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras (Integrated Ecological Coastal Zone Management) pretende contribuir com o macrozoneamento da Baixada Santista, visando definir o melhor local para receber, por exemplo, as habitações que devem substituir as favelas a serem removidas; a viabilidade de construção de marinas, terminais portuários, ou também para indicar medidas de emergência em caso de vazamentos de produtos químicos, lançamento de esgotos e outras ocorrências que afetam o meio ambiente.

Foi feito um mapeamento do Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas (Nese) da Unisanta, apontando a necessidade de 60 mil habitações que terão que ser construídas nos próximos dez anos, diante do crescimento populacional projetado.

Essas informações alimentam um banco de dados gigante, que exige o trabalho ininterrupto de campo de oceanógrafos, engenheiros, biólogos, economistas e geólogos, entre outros.

Programa no Chile – Os professores Fábio Giordano, Alexandra Sampaio e Gilberto Berzin representarão a Unisanta no Chile, com palestras nos dias 29, 30 de novembro e 1º de dezembro. O encontro será na cidade de Coyhaique, próximo ao Fiorde de Aisén. Dias 27 e 28/11 haverá um curso sobre Águas Subterrâneas, a cargo de especialistas de Trieste (Itália), Portugal e Chile.

Fruto de um consórcio de pesquisa internacional, com sede em países da União Européia, o Projeto EcoManage estuda, desde dezembro de 2004, sistemas costeiros do porto de Santos; de Baía Blanca, na Argentina; e do Fiorde de Aisén, no Chile, com a participação de técnicos desses países e da Itália, Holanda e Portugal.

Além da Unisanta, participam a Universidade de São Paulo, por meio do Instituto Oceanográfico; o Instituto Superior Técnico de Lisboa – IST, de Portugal, a Hidromod – Engenharia e Modelação Ltda e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil – LENEC; a Universidade de Trieste, na Itália; a Noctiluca Marien, da Holanda; o Instituto Argentino de Oceanografia – IADO, da Argentina; a Universidade do Chile e o Centro de Ecologia Aplicada, ambos do Chile.

Informações no site www.unisanta.br/nph/ecomanage ou pelo e-mail ecomanage@unisanta.br.