O “Grupo Delas”, um projeto de escuta feminina criado no âmbito do curso de Psicologia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), tem como objetivo acolher e dar suporte a mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade e violência, de forma gratuita. O projeto surgiu a partir de estudos realizados durante o estágio de contextos institucionais judiciais, nos quais também foram analisados os dados apresentados na última pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que demonstrou o impacto psicológico que a violência causa nas mulheres, além de temas como as leis de proteção feminina e o cenário da saúde pública.
Sob a supervisão da psicóloga e professora Denise Alexandre Marques, o grupo é composto pelos estagiários Amanda Lara, Daniela Martins, Diego Martins e Indira Souza e oferece um espaço seguro para que as participantes compartilhem suas experiências e encontrem suporte emocional.
Os encontros ocorrem semanalmente, às quartas-feiras, das 15h30 às 17h30, no Serviço-Escola de Psicologia da Universidade, localizado no Bloco C – 3º andar do Campus, até o dia 04 de dezembro. As interessadas podem comparecer diretamente ao local ou se inscrever pelo e-mail grupodelas.escutafeminina@gmail.com. Informações também estão disponíveis na página do Instagram @grupodelas.escutafeminina.
“Os estudos nos mostraram a crescente demanda por espaços de escuta para mulheres vítimas de violência, e os dados que analisamos foram decisivos para a criação do grupo. Nosso objetivo é proporcionar um ambiente de acolhimento, onde as mulheres possam falar sobre suas dores e encontrar apoio”, explicou a professora Denise Alexandre Marques, supervisora do projeto.
A criação desse espaço vai muito além de atender à necessidade urgente de acolhimento, permitindo uma troca enriquecedora entre as mulheres atendidas e os estudantes envolvidos. Essa interação é fundamental, pois possibilita que os estagiários trabalhem a empatia e a compreensão sobre a complexidade da violência de gênero. Dessa forma, o projeto se torna um ciclo de aprendizado e fortalecimento, em que todos os participantes crescem juntos.
Para Amanda Lara, estudante do curso e estagiária do projeto, essa experiência oferece o desenvolvimento de habilidades essenciais para a profissão. “Trabalhamos muito a questão da nossa escuta e trazemos o teórico que a gente veio aprendendo durante os anos; então estar podendo repassar esses ensinamentos e conhecimentos que a gente está tendo aqui no estágio está sendo bem especial para mim”, comenta.
O Grupo Delas surge como resposta ao aumento de casos de violência contra a mulher, evidenciado em estatísticas recentes que apontam para a urgência de ações preventivas e de apoio psicológico.
“A gente tem a violência patrimonial, a física, sexual, a gente tem várias instâncias da violência e aqui, neste espaço de escuta, a mulher pode vir reconhecer alguma violência que ela está sofrendo e o nosso grupo de estagiários tem essa autonomia de encaminhá-la para a rede do município ou, de alguma forma, trazer mais informações sobre esses processos”, ressalta a docente.
Esse espaço de escuta acolhe as mulheres e capacita os estagiários a reconhecerem a complexidade da violência em suas múltiplas formas. A autonomia conferida aos alunos é importante, pois os prepara para agir de maneira profissional e sensível, oferecendo um suporte mais efetivo às mulheres que buscam ajuda. Assim, a prática se torna uma oportunidade única de aprendizado e transformação, ampliando tanto a formação profissional dos estagiários quanto o impacto positivo na vida das atendidas.
A estudante Indira Souza reflete que essa autonomia e a vivência têm expandido seu olhar perante o tema e permitindo o desenvolvimento de experiências para lidar com diversas situações. “Quando você faz um estágio, você consegue ali ter esse entendimento, ter uma escuta e uma sensibilidade maior com a pessoa que está sendo atendida. Então, dentro desse projeto, o ensinamento é primordial, é gigante”, finaliza.