Nem mesmo a maré alta e os ventos fortes que empurravam com força as águas para perto da terra impediram o início do replantio de mudas do Projeto Remangue. Munidos de botas e luvas, o coordenador do programa, professor da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e doutor em Ecologia, Fábio Giordano, e os alunos do curso de Biologia Marinha da Unisanta, Herbert Lima e Tatiana Marques, deram, na última segunda-feira (22), o pontapé inicial dos trabalhos, realizando os primeiros replantios no terreno situado no entorno da sede do Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST/SENAT), no bairro Cidade Náutica, em São Vicente (SP).
Colaborando com o plantio — o primeiro em maior escala (os anteriores foram em caráter experimental) —, estavam crianças da 7ª série das escolas públicas Pastor Joaquim Rodrigues, Vera Lúcia Machado Massis e Prof. Lúcio Martins Rodrigues — todas de São Vicente —, e que, sob a tutela da dupla de estudantes da Unisanta, ajudam na captação de sementes, preservação das mudas e na retirada de lixo das áreas de mangue. A previsão é de que até março de 2009, 1000 mudas sejam replantadas em trechos que compõem, além da Cidade Náutica, os bairros Vila Margarida e México 70, em uma área com aproximadamente um quilômetro quadrado.
Herbert e Tatiana, aliás, estão no Remangue desde 2005, quando ainda cursavam o primeiro ano da Universidade. Desde então, trabalham com a conscientização de jovens e já tem planos para, depois de formados, seguir com as atividades nos anos seguintes e realizarem uma Pós-Graduação na área, conforme revelou Giordano.
No viveiro, erguido em abril deste ano e situado no SEST/SENAT, parceiro da Unisanta no Remangue ao lado da Petrobrás (através do Programa Remar) e da Secretaria de Educação de São Vicente (Seduc), já eram contadas 582 mudas antes do replantio. As mais crescidas foram selecionadas e replantadas. “Faremos esse trabalho a cada três meses. É o tempo para que possam germinar e crescer fortes, sem problemas com acúmulo de lixo e avanço das marés. Com isso, elas serão mais resistentes e se sustentarão bem mais tempo em pé, podendo então cumprir suas funções, como evitar a invasão da água e o assoreamento dos canais”, explica Giordano.
O professor da Unisanta está confiante de que o total replantado supere as mil mudas previstas. Muito se deve aos progressos na conscientização de pessoas. “Ao longo do projeto, tínhamos a expectativa de alertar 1500 pessoas. Esse número já está em 2.500 pessoas, sempre crescendo, e com apenas sete meses de trabalho”, conta.
O número de Agentes Remangue formados pelo projeto, cujo esperado era de 20, já chega a 100. Giordano conta que “o objetivo é que, a cada ano, novos alunos de diferentes instituições de ensino participem, ampliando a rede de agentes. Até brinco que, antes, falávamos somente de 20 alunos, mas a molecada toda quis participar. E não dá para rejeitar a ajuda de tanta garotada engajada”.
Expectativas – De acordo com o professor da Unisanta, há a intenção de se ampliar o projeto para outras áreas do entorno da Baixada Santista onde o mangue sofre com a degradação. “Estamos acertando parcerias, mas temos em mente desenvolvermos o Remangue em áreas de Cubatão e em outros campos de Santos que não sejam afetados pelo Porto. São nossos próximos objetivos”.
O material científico proveniente dos trabalhos realizados pelo projeto será apresentado na Feira de Educação, Ciências e Tecnologia de São Vicente, em outubro.