Imaginem um banco internacional gigantesco de dados recebendo, desde 2004, informações científicas sobre o oceano, mangues, águas subterrâneas, habitações, sistemas de esgotos e outras intervenções do homem, em três regiões: sistema estuarino de Santos e São Vicente, no Brasil; Baía Blanca, na Argentina e no Fiorde de Aisén, região costeira do Chile. Para alimentar esse software, há um trabalho incessante, praticamente diário, no mar, nos manguezais e nos laboratórios.
O Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Universidade Santa Cecília (Unisanta), sob a coordenação do prof. Gilberto Berzin, efetuou medidas de profundidade em 1.400 pontos, em oito campanhas, de fevereiro de 2005 a abril de 2006, no estuário de Santos e São Vicente. Pesquisadores do Curso de Biologia, coordenados pelo professor mestre João Miragaia Schmiegelow, colocaram 240 cestas no mangue, em 20 locais, para coletar folhas (que caem dos vegetais) e analisar a produção. Como o mangue é essencial na cadeia alimentar, percebe-se aí a importância dessa análise.
Em 2007, essas informações permitirão um Modelo Matemático e Ecológico capaz de orientar previamente governantes e empresários sobre a construção de marinas, píers, terminais portuários, conjuntos residenciais, indústrias, empreendimentos turísticos e outras atividades econômicas, necessárias ao desenvolvimento sustentado.
Esse é dos objetivos do EcoManage – Sistema Integrado de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras (Integrated Ecological Coastal Zone Management), que terá a quinta reunião internacional no Chile, a partir de 29 de novembro. Na oportunidade, representantes de dez instituições da Itália, Holanda, Portugal, Brasil, Argentina e Chile trocarão informações sobre as pesquisas iniciadas em dezembro de 2004.
O Modelo Matemático e Ecológico poderá ser aplicado em estuários diferentes, pois a tecnologia utilizada prevê essa possibilidade. O de Santos é o mais complexo dos três estudados na América Latina, com diversas intervenções do homem, como a contribuição de rios, do Porto, indústrias etc. O de Baía Blanca é mais aberto, menos complexo, e o Fiorde do Chile, com profundidades de até 100 metros, sofreu impactos menores.
A modelagem ecológica com base matemática é nova e estudos desse tipo estão apenas começando em locais como a Flórida, nos Estados Unidos. Gilberto Berzin, coordenador do Núcleo de Estudos Hidrodinâmicos, e Alexandra Sampaio trabalham na modelagem hidrodinâmica. O professor João Miragaia estuda a Oceanografia e a Ecologia Marinha e Dulcícola (de água doce). O professor Roberto Borges, a Biologia e a Ecologia dos Zoobentos, organismos associados ao fundo (pedras, costões, dentro dos sedimentos e nos manguezais).
No início do EcoManage, os pesquisadores concluíram que havia poucos estudos sobre a cadeia alimentar do sistema estuarino de Santos. O EcoManage pesquisa dados sobre todos os organismos que fazem fotossíntese: fitoplantos (unicelulares), macroalgas, vegetais superiores (mangues, gramíneas etc).
V Encontro – Os professores Fábio Giordano, Alexandra Sampaio e Gilberto Berzin representarão a Unisanta no Chile. A reunião será na cidade de Coyhaique, próximo ao Fiorde de Aisén. Dias 27 e 28/11 haverá um curso sobre Águas Subterrâneas, a cargo de especialistas de Trieste (Itália), Portugal e Chile.
As apresentações dos pesquisadores da Universidade Santa Cecília serão dias 29, 30 de novembro e 1º de dezembro.