Superação é uma palavra determinante no vocabulário da nadadora Natália Ferro de Grava e é com esse espírito que a atleta se mantém há quase sete anos em Santos, atuando pela UNISANTA, nos principais campeonatos da modalidade. Natural de Bauru, interior de São Paulo, ela, prestes a completar 25 anos (03/12), é uma das mais antigas nadadoras da equipe, superada” apenas para Maressa Nogueira, que veio de Ourinhos dois anos antes, em 1999.
Natália conta que em Bauru não possuía a estrutura de que precisava para continuar evoluindo e, por isso, optou por buscar seus objetivos longe de casa, mesmo que isso lhe exigisse alguns sacrifícios. “Sair de casa é algo muito difícil porque a família proporciona uma estrutura desde que você nasce e, de repente, você não tem mais aquilo”, diz a atleta. Ainda assim, ela não pode reclamar muito, pois seus pais possuem um apartamento no Guarujá, cidade vizinha a Santos, e vêm ao menos uma vez por mês para a cidade.
A nadadora não aparenta a tensão geralmente estampada no rosto daqueles que praticam esportes de alto rendimento, ao contrário, passa a maior parte do tempo na dela, como gosta de dizer: “Sempre fui muito tranqüila, é meu jeito, sou assim desde que me entendo por gente”, brinca. Natália acredita que esse é um fator que facilita as dificuldades de uma vida de atleta, regrada e sacrificante, que costuma levar a situações de stress físico e psicológico.
De todo esse tempo longe de casa, ela diz que a maior dificuldade enfrentada foi a morte da avó, há cinco anos. “Sempre fui muito ligada à minha avó, mãe do meu pai, e estar distante em um momento desses, foi muito difícil”, desabafa.
Dotada de uma grande persistência, Natália já enfrentou muitas dificuldades em sua carreira de atleta sem desistir: “Já tive momentos bem difíceis, como há dois anos, quando passei uma temporada inteira sem dar resultados e enfrentando outros problemas, mas graças a Deus, minha família e meus amigos eu dei a volta por cima continuei firme”.
Com relação à natação brasileira, a atleta diz que houve uma grande evolução, especialmente no feminino, mas há um longo caminho para se chegar a um patamar mais próximo ao que se vê fora daqui. Ela analisa que é importante impor índices fortes, mas alguns eventos deveriam ser mais flexíveis para incentivar aqueles que ficam muito próximos de conseguir uma vaga.
Natália é a caçula de três irmãos e há menos de um mês ganhou um presente que julgou ser o mais especial de todos até hoje: “Agora eu sou tia, minha sobrinha Eduarda nasceu e já corri para Bauru para visitá-la. Dizem que ela é a minha cara quando criança”, orgulha-se.
Na futura vida profissional, a atleta tem duas opções de carreira a seguir. Formada em Educação Física pela UNISANTA em 2004, ela pode atuar na área esportiva ou optar pela área de administração de empresas, na qual se forma no final de 2008 pela mesma universidade. Embora ame o esporte que faz, ela tende a exercer a carreira de administradora.
As mudanças ocorridas desde que Natália chegou a Santos são muitas, a começar pela posição da equipe no cenário nacional: “Imagina que há seis ou sete anos eu imaginaria ser campeã de um Finkel no feminino”, conta.
Ela também diz que a estrutura, que na época já era boa, ficou ainda melhor, mas as cobranças também aumentaram, o que considera natural. A nadadora analisa esses fenômenos como algo positivo durante uma trajetória, pois estimulam ao modificar a rotina.
Outra diferença existente é a intensidade dos treinos, que agora estão muito mais “puxados” que antes, especialmente a parte física e musculação. Além disso, o número de sessões semanais também aumentou, mas ao mesmo tempo os atletas contam com mais profissionais a disposição na borda da piscina.
Natália possui no currículo grandes conquistas como o recorde sul-americano de campeonato obtido nos 50 metros borboleta, no Uruguai em 2004; a vitória do Troféu José Finkel, realizado na UNISANTA em 2003, também nos 50 metros borboleta; participação em diversas seleções nacionais e medalhas nos campeonatos absolutos nos últimos cinco anos.
Especialista nas provas de curta distância (50 metros nado livre e borboleta), ela diz que possui adversárias de peso como Rebeca Gusmão e Flávia Delaroli, sempre presentes nas seleções nacionais mais importantes, e que o estímulo vem do fato de que ganhar delas pode abrir muitas portas e significar a realização de sonhos de toda uma vida.
Para o futuro, Natália espera ter na vida a garra que tem no esporte e levar todos os ensinamentos e experiências para qualquer situação que venha a enfrentar. Dentro das piscinas, ela ainda sonha, e treina, visando representar o País em uma olimpíada, e mais pra frente, quando se aposentar, pretende trabalhar para abrir um centro social que permita que aqueles que não têm condições tenham a possibilidade de construir um futuro como ela construiu.
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