Com as atenções voltadas para um bom desempenho em Pequim, em sua segunda Olimpíada, o nadador da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), de Santos, Kaio Márcio de Almeida, optou por não ir ao Mundial de Piscina Curta (25 metros), encerrado neste domingo (13), em Manchester, na Inglaterra, mesmo sendo um dos melhores do planeta neste tipo de piscina.
Mas, mesmo sem ir à Inglaterra, Kaio Márcio tem motivo de sobra para comemorar. Tudo bem que ele não tenha tinha tido a chance de defender seu título mundial nos 100 metros nado borboleta, conquistado em abril de 2006, em Xangai, na China, mas o seu recorde nos 50 metros nado borboleta em piscina de 25 metros, estabelecido em Santos, em dezembro de 2005, quando nadou para 22s60, continua como a melhor marca do planeta para a distância em piscina curta, passados cerca de dois anos e meio.
Além do mais, mesmo tendo de encarar em Pequim adversário indigestos como os norte-americanos Michael Phelps e Ian Crocker, nos 100 e 200 metros nado borboleta em piscina longa (50 metros), Kaio Márcio parece ver à distância a polêmica criada pela Speedo LZR, a fantástica roupa apontada como responsável por, pelos menos, 23 dos recordes mundiais estabelecidos neste ano de 2008.
Um levantamento divulgado por Alex Pussieldi, em seu Blog do Coach, no conceituado site Best Swimming, mostra um detalhe bastante curioso: destes 23 recordes mundiais, 13 foram em provas de livre, 10 individuais e três de revezamento. Outros sete em provas de costas, três em provas de medley, uma em prova de peito e nenhum em prova de borboleta. O experiente editor e técnico de natação até se pergunta: Será que o LZR não é bom para nadar borboleta?
No Mundial de Manchester os recordes no nado borboleta ficaram por conta da versão feminina das provas. A australiana Felicity Galvez estabeleceu as novas marcas mundiais para os 50 metros, com 25s32, na final da competição, e também nos 100 metros, com 55s89, também na final.
Assim, ao que parece, Kaio Márcio irá à Pequim, sabendo que o que verdadeiramente deve importar na natação é o fator o humano. E sua preparação segue um caminho que parece levá-lo a uma posição de destaque entre os principais nomes do esporte, agora em piscinas de 50 metros, nas quais suas conquistas maiores residem nas vitórias nos 100 e 200 metros nado borboleta nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, quando estabeleceu seus, até então, melhores tempos: 55s99 (100 metros), marca recorde brasileira e 1m55s45 (200 metros), marca recordes brasileira e sul-americana.
Em Manchester, Adam Pine, da Austrália venceu nos 50 metros nado borboleta, com 22s78, ficando a 18 centésimos do recorde de Kaio Márcio. Nas semifinais, o australiano nadou para 22s70, nova marca recorde de campeonato, mais ainda a dez centésimos do recorde mundial de Kaio.
Já nos 100 metros nado borboleta, Peter Mankoc, da Eslovênia, venceu com 50s04, um tempo melhor que o obtido pelo nadador brasileiro em Xangai, quando 51s07 lhe valeram o ouro e o seu primeiro título mundial.
Quanto à Manchester, Kaio Márcio só não tem como comemorar é a queda de produção da natação brasileira em termos de conquista de medalhas do Mundial de Xangai para o Mundial de Manchester. Em 2006, a delegação brasileira trouxe na bagagem duas medalhas, ambas conquistadas por Kaio Márcio, ouro nos 100 metros e bronze nos 50 metros.
Desta vez, o time brasileiro teve apenas de positivo a participação em finais e a melhora de marcas individuais, que determinaram novas marcas nacionais e continentais. Em termos de medalhas, o time nacional passou em branco.