Os olhos da alma são dados a enxergar apenas aos seres especiais. Àqueles a quem o divino concede o privilégio de ver muito além da visão humana. Seres especiais que se tocam e se encantam em uma dimensão inacessível aos simples mortais. Talvez isso sirva em parte da explicar o surgimento de talentos em pontos distantes um dos outros, mas, que de uma forma ou de outra, se mostram interligados, como a formar uma imensa cadeia cósmica.
Enquanto, de Santos para o mundo, brilha a estrela de Carlos Alonso Farrenberg, o Carlão do Brasil, maior nome da natação paraolímpica nacional entre deficientes visuais, e atleta da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), em Santa Catarina, desponta um jovem e promissor talento.
Aos 16 anos, Matheus Rheine Corrêa de Souza, segue os passos, ou melhor, a perfeita linha d’água traçada por Carlão, com braçadas vigorosas e determinada.
Ele começou aos 14 anos, em 2007, quando com apenas uma hora de treinos quatro vezes por semana, conquistou suas primeiras medalhas de ouro nas Paraolímpíadas Escolares. No ano seguinte, nos Jogos Paraolímpicos de Santa Catarina, forma mais três medalhas de ouro.
Já neste ano, treinando duas horas por dia, cinco vezes por semana, na Academia Extreme/Abain, ele encarou desafio maiores. Brilhou no Circuito Loterias Caixa, foi convocado para os Jogos Estudantis Mundiais para jovens de 12 a 19 anos, nos Estados Unidos, competição na qual obteve ouro nas cinco provas disputadas.
No Circuito Loterias Caixa, que definiu a equipe brasileira para o Mundial Paraolímpico Adulto de Natação, a ser realizado no mês de dezembro, no Rio de Janeiro, onde Carlão deve, uma vez mais, brilhar, o jovem nadador catarinense começou muito bem.
Inicialmente, na etapa de Fortaleza, ficou atrás apenas do experiente paraolímpico André Meneghetti, sendo prata nos 100 e 400 metros nado livre. Já na etapa seguinte, em Porto Alegre, voltou a ser prata nos 100 metros nado livre, mas superou o favorito e foi ouro, com direito a recorde nos 400 metros nado livre.
Ainda nesta temporada, na terceira edição das Paraolímpíadas Escolares Nacionais, em Brasília, nos dias 12, 13 1 14 deste mês, ele ganhou ouro nos 50, 100 e 400 metros nado livre, bem como nos 100 metros nado de costas.
Agora, ao lado do pai, Rheine – “paitrocinador”, amigo de todas as horas, conselheiro, motorista etc – ele batalha para atingir o ideal de estar em Londres 2012, na próxima edição dos Jogos Parolímpicos, ao lado, quem sabe, de Carlão do Brasil.
PS: Matheus não é aluno e muito menos atleta da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), mas laços muito mais profundos nos unem.