Quem viu pela tevê a vitória consagradora de Luiz Lima na sexta edição da Travessia dos Fortes, domingo (26), muito provavelmente não tenha idéia do esforço que o atleta da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) teve de despender para alcançar o pentacampeonato em uma das mais tradicionais provas de mar aberto do País.
A conquista fechou um ano de excepcionais resultados para o atleta, também campeão brasileiro de Maratonas Aquáticas, com triunfos em dez das 11 provas disputadas. Mas, para alcançar, mais uma vez, o lugar mais alto do pódio, Luiz foi além dos seus limites físicos, recorrendo principalmente à sua condição de notável estrategista.
Exaurido, após um ano de mais de 20 participações nacionais e internacionais em grandes travessias, bem como nas disputas nacionais e estaduais em piscina, Luiz Lima venceu a distância de 3,8 km entre os Fortes de Copacabana e do Leme, no Rio de Janeiro, cruzando em primeiro lugar.
O sorriso largo, a emoção incontida e a consciência do dever cumprido, no retorno dado aos patrocinadores, escondem o organismo debilitado. “Agora, por recomendação médica, terei de parar por uns 15 dias, para recuperar as forças e tratar de um quadro anêmico (taxa baixa de hemoglobinas), determinado em muito por uma temporada de muitas competições, excessivas viagens, tensões físicas e, principalmente, emocionais”, admite o campeão brasileiro e pentacampeão da Travessia dos Fortes.
Depois do descanso, Luiz iniciará a preparação para a etapa internacional da II Travessia Renata Agondi, que abrirá em 26 de janeiro próximo o mais importante circuito mundial de águas abertas, o Marathon World Cup 2007. “Essa prova é de vital importância tanto para mim como para os meus patrocinadores e, principalmente para a UNISANTA, que organiza a disputa”, destaca. “Assim preciso estar bem preparado, perfeitamente recuperado, de maneira que não participarei do Campeonato Brasileiro Sênior, no mês de dezembro, em Vitória, no Espírito Santo”.
OBJETIVO ALCANÇADO – Quando o ano começou, Luiz tinha um objetivo claro: conquistar o campeonato brasileiro de maratonas aquáticas. Como estrategista que é, entendeu que teria de dar o máximo nas primeiras provas para ter gordura para queimar na reta final, quando também o desgaste seria maior, diante das competições em piscina e a Travessia dos Fortes.
Antes de participar do Pan-Americano de águas abertas, no Equador, no qual conquistou dois pódios, Luiz venceu todas as sete etapas do Circuito Nacional de Maratonas Aquáticas desenvolvidas até então. Foi ao Mundial de Nápoles, competição na qual foi o melhor latino-americano, superando seu maior rival continental, o venezuelano Ricardo Monastério, adversário histórico até mesmo nas provas de piscinas.
Venceu as etapas da II Travessia Renata Agondi, com ênfase na prova de 10 km, válida também para o Circuito Nacional, e cujo desempenho acabou valendo a conquista, de forma antecipada, do título brasileiro de águas abertas.
Nas piscinas, Luiz também foi de vital importância para UNISANTA nas conquistas dos títulos estaduais e nacionais. “Nadei os Brasileiros Absolutos (Troféu Brasil e Finkel) em condições bastante adversas já que vinha de disputas internacionais (Pan-Americano e Mundial) e viagens desgastantes”, revela.
“Alcancei o objetivo traçado, dando seqüência a uma série de bons resultados em minha carreira”, fala, referindo-se ao notável desempenho nas provas de 1500 metros no Troféu Brasil, as quais venceu, sem exceção, entre 1993 e 2005. Agora, é pensar no Pan-Americano, lembrando que para garantir sua presença na mais importante competição internacional de 2007, terá de superar o desafio da seletiva de maio, na Praia de Copacabana, no Rio.
Em 2007, Luiz Lima pretende reduzir o número de participações em provas de 10 km. A par disso, já desistiu de encarar a distância no Mundial de Melbourne, na Austrália, em março. “No mundial, só tomarei parte nos 5 km. De provas de 10 km, participarei apenas da Travessia Renata Agondi, da seletiva para o Pan e, se Deus quiser, do Pan-Americano”, diz.