Toda menina sonha em completar 15 anos em meio a uma bela festa, um baile de debutantes, com direito inclusive a Príncipe Encantado. Para Ana Marcela de Jesus Cunha, o destino acabou pregando uma peça daquelas. Nada de desagradável, ao contrário. Mas, no mínimo, inusitado. Em 23 de março próximo, quando fará 15 anos, a nadadora da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), estará em plena disputa do 12º. Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos, em Melbourne, no Sul na Austrália.

Tudo bem que Ana Marcela já terá participado da prova da maratona aquática dos 10 km, marcada para o próximo dia 20, mas de qualquer forma, será a primeira vez que ela comemorará um aniversário fora do País, longe dos pais, familiares e amigos mais chegados.

“Tenho procurado não pensar tanto nisso e focar apenas a luta por um bom resultado no Mundial e depois buscar uma vaga nos Jogos Pan-Americanos e, posteriormente, nos Jogos de Pequim”, revela, demonstrando uma maturidade bastante incomum para uma menina de sua idade.

Campeã brasileira de águas abertas em 2006 e com um Mundial de Maratonas Aquáticas em seu currículo, Ana Marcela parece não ter sentido os efeitos da mudança da Bahia, sua terra natal, para Santos. “Amo nadar e procuro dar o máximo para atingir meus objetivos. Quero estar no Pan e nos Jogos Olímpicos. Vou buscar um resultado legal em Melburne, sem deixar de lado a seletiva para o Pan, no mês de maio. Quero ser uma das duas brasileiras que representarão o País, nos Jogos do Rio de Janeiro”.

A CBDA já anunciou que os integrantes da seleção brasileira pan-americana terão direto a participar de duas etapas do Circuito Mundial de Maratonas Aquáticas ainda esse ano. Ana Marcela, confiante em uma boa performance na seletiva para o Pan, não esconde seu desejo de ir às etapas de Pequim e Espanha. “O bom de Pequim e tomar contato com o palco da maratona aquática olímpica e eu sempre quis conhecer a Espanha”, justifica.

Quanto ao Mundial de Melbourne, Ana não se assusta ao saber que terá de enfrentar as melhores do mundo, e nem mesmo que a água estará em uma temperatura bastante fria. “Terei pela frente as praticamente as mesmas nadadoras com as quais competi na etapa internacional da Travessia Renata Agondi e do Mundial de Nápoles, na Itália, no ano passado. São todas fortes, mas já conhecidas. E quanto à água ser fria, acredito que isso possa ser contornado, pois disponho de um percentual de gordura satisfatório e já tive a oportunidade de nadar com água a 18 graus, na Travessia dos Fortes, em Copacabana, no Rio, onde as correntes frias do Pólo chegam”, ressalta.

Ana Marcela, e mais o também campeão brasileiro de águas abertas e nadador da UNISANTA, Luiz Lima, viajam para Melbourne neste domingo (11). “O Luiz embarca no Rio e eu, em São Paulo, Juntos faremos uma conexão em Buenos Aires e de lá seguimos para a Austrália”, completa.