* colaborou: Bruno Secco

É sua segunda Olimpíada e, desta vez, sua classificação surpreendeu a mídia especializada, pois não vinha conseguindo render s eu máximo em sua especialidade. Disciplinado, tem uma história de tenacidade e confiabilidade. Seu lema é: “He who is not courageous enough to take risks will accomplish nothing in life.” (Muhammad Ali)

Nascido no Rio de Janeiro, no dia 21 de janeiro de 1987, o nadador Tales Rocha Cerdeira, 29, da Universidade Santa Cecília (Unisanta), definitivamente surpreendeu ao conseguir o índice para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Embora sempre tivesse qualidade para disputar uma Olimpíada, o nadador de 29 anos não era cotado como uma das promessas para a vaga.

Isso porque começou o ano de 2016 desacreditado, já que não conseguia render seu máximo nos 200m peito, sua especialidade. Só que ele conseguiu reagir e, em abril, foi premiado pelo seu esforço.

Representando nosso País pela segunda vez em uma Olimpíada (primeira participação em Londres), o nadador conquistou a marca necessária para as Olimpíadas, durante o Troféu Maria Lenk de Natação, que aconteceu no Estádio de Esportes Aquáticos do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Cerdeira nadou na última série classificatória do dia 17 e obteve o tempo de 2m10s99, abaixo do índice olímpico – 2m11s66. Com essa marca, ele, então, passou a ser o brasileiro com o melhor índice na prova e não foi superado pelos seus adversários.

Tales conta que todo o clima de Olimpíadas que vem marcando esse ano de 2016 o motivou a treinar ainda mais para atingir o objetivo. “Comecei o ano desacreditado, já que não vinha conseguindo render nesta prova que é a minha especialidade. Acho que o espírito olímpico me contagiou, principalmente pelo fato dos Jogos serem aqui na minha cidade”, disse o carioca da Unisanta, agradecendo à Universidade. “Estou muito feliz. Preciso agradecer a todos que me ajudaram e à Unisanta que acreditou em mim”, completou o nadador assim que conquistou a vaga individual.

Ainda de acordo com o atleta, no Maria Lenk os nadadores puderam sentir um pouco do clima das Olimpíadas. “Eu só pensava em estar lá novamente para ouvir o grito da galera. Quando estive em Londres, vi o quanto o apoio da torcida é importante”. Tales finaliza lembrando o incentivo da Família Teixeira (dirigentes da Unisanta) ao esporte. “O Brasil precisa de pessoas como vocês. Misturar esporte com a educação é raro no em nosso País”.

Sobre a participação no Rio 2016, o atleta diz que tem plena consciência da dificuldade que existe para chegar a uma final. “Já tive a experiência de Londres, quando faltou muito pouco. Mas hoje me vejo em uma situação mais favorável, sem lesão, 100% saudável, e ainda mais motivado pelos Jogos acontecerem na minha cidade”.

Títulos – Em toda sua carreira, até aqui, o atleta possui 16 recordes quebrados e 144 participações em campeonatos estaduais. Segundo o site da CBDA, o atleta possui 347 participações em campeonatos nacionais; nessas competições, ele possui 44 medalhas de ouro, 46 medalhas de prata e 38 medalhas de bronze. Em campeonatos internacionais, Tales possui 29 participações e três medalhas de prata.

Dentre as principais conquistas estão o índice para o Campeonato Mundial de Natação de Xangai 2011, índice para os Jogos Pan-Americanos, ouro nos 200m peito nos Jogos Mundiais Militares de 2011 nas provas de 200m peito e 4x100m medley, além da prata os 100m peito, e a 9ª. colocação nas Olimpíadas de Londres 2012.

Com mais de 500 medalhas na carreira, o carioca que atualmente é treinado por Gustavo Schirru começou a nadar ainda bebê, por recomendações médicas, pois foi diagnosticado com asma. Quando foi morar em Santos, Tales percebeu que faria da natação sua profissão. Sempre obteve os melhores resultados no estilo peito, desde criança.

Tales representa, pela segunda vez em sua carreira, a Unisanta. O nadador teve sua primeira passagem pela Instituição entre os anos de 2005 e 2006. O atleta começou sua carreira defendendo o Tijuca Tênis Clube, em que ficou até os 18 anos de idade. Também já fez parte das equipes do Pinheiros e do Flamengo.

Primeiros títulos – Tales Cerdeira, que tem como sua principal referência no esporte o piloto de automobilismo Ayrton Senna e como hobby passeios na praia e andar de skate, conquistou seu primeiro grande resultado no Troféu Maria Lenk de 2008, seletiva para os Jogos Olímpicos de Pequim. Na competição, ele ficou a 50 centésimos do índice nos 200m peito, terminando na segunda colocação (02min14s21).

No Troféu Maria Lenk de 2009, alcançou o índice nos 200m peito para participar do Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos em Roma. Tales nadou a prova em 2min09s31, fazendo o 17º. tempo do mundo, na época.
No Campeonato Mundial de Roma, ele terminou na 27ª. colocação nos 200 metros peito, com o tempo de 2min12s62.

Em 2010, Tales se confirmou como um dos melhores brasileiros no estilo, vencendo as provas de 100m peito (1min01s61) e dos 200m peito (2min10s91) no Troféu Maria Lenk 2010. Nesse mesmo ano, o atleta ficou em sétimo lugar no Pan-Pacífico realizado em Irvine, EUA, na prova dos 100m peito com o tempo de 1min00s47. Ele terminou o ano com o 9º. melhor tempo do mundo nos 200m peito e o 14º. nos 100m peito.
Participou também do Campeonato Mundial de Piscina Curta, realizado em Dubai, terminando na 9ª. colocação nos 200m peito, com o tempo de 2min06s39.

O ano de 2010 foi mesmo de Tales. No Mundial Militar realizado Warendorf, Alemanha, Tales venceu quatro provas: os 50m peito – 27s77, 100m peito – 1m00s69, 200m peito – 2m11s24 e o revezamento 4x100m medley. Em setembro, ele disputou a etapa do Rio de Janeiro da Copa do Mundo de Natação (piscina curta) e terminou com o segundo lugar nos 200m peito (2min05s61), sendo sua melhor marca pessoal. Nos 100m peito, ele ficou com o bronze (58s52) e nos 50m peito, terminou na quarta colocação (27s38).

Em maio de 2011, Tales ficou em segundo no Troféu Maria Lenk com o tempo de 02min11s86 nos 200m peito e decidiu focar seu treinamento para os Jogos Mundiais Militares, que foram realizados na Cidade Maravilhosa.

Nos Jogos Mundiais Militares, realizados em julho de 2011, venceu as provas de 200m peito (2m14s08) e os 4x100m medley, além da prata nos 100m peito.

Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, Tales nadou a final dos 200m peito em quinto lugar (2min17s84).

Em abril de 2012, Tales venceu a prova dos 200m peito no Troféu Maria Lenk, nadando abaixo do índice para as Olimpíadas de Londres. O atleta venceu a prova com 2min12s40, mas alcançou o tempo de 2min10s37, nas eliminatórias. No dia anterior, Tales teve um estiramento no adutor, de grau 2 e, mesmo assim, ficou com o segundo tempo e com a segunda vaga para sua primeira participação olímpica.

Nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, nadou as eliminatórias em 2min11s05 passando para a semifinal. Na semifinal, o atleta fez o tempo de 2min09s77, terminando a prova na nona colocação, a uma posição da final olímpica.

“Foi muito especial porque era a minha primeira Olimpíada, mas, principalmente, porque tive algumas dificuldades em 2011, além da grave lesão que tive um dia antes de fazer o índice, no Troféu Maria Lenk”, conta o atleta ao site Esporte Essencial.

Já representando a Unisanta, Tales venceu a prova dos 200m peito no Open de 2013 (2min11s16) e garantiu vaga para disputar o Pan-Pacífico de 2014.
Em 2014, seu melhor resultado foi o quinto lugar no Pan-Pacífico, realizado em Gold Coast, na Austrália, em que fez o tempo de 2min11s49 nos 200m peito. No Maria Lenk, ele terminou na terceira colocação (02min13s28).

O ano de 2015 não foi tão bom para Tales. Na primeira seletiva olímpica, realizada em Palhoça, ele nadou os 200m peito em 2min14s13 terminando na terceira colocação e ficando acima do índice. A volta por cima foi no Troféu Maria Lenk 2016, última seletiva, realizada no Parque Aquático da Barra, em abril.