Jogo aberto

Eduardo Silva

O tempo passa numa velocidade que surpreende. Às vezes, positivamente, e mesmo sem perceber já realizamos um sonho. Em outras o tempo expõe nossos defeitos que não conseguimos corrigir nem com o passar dos anos. Mas o tempo também constrói histórias de vida e transforma crianças em adultos vencedores. Ao relembrar passagens importantes do esporte santista, me vem a memória as competições de natação que aprendi a gostar com meus amigos Ênio Faria, João Carlos de Barros, Roberto Capella, Flávio Vieira, professor Elny Alves de Camargo, doutor Sérgio de Almeida, dona Jurema e o técnico Júnior.
Foram pessoas muito importantes na minha formação profissional. E se tenho até hoje uma paixão pelos esportes olímpicos devo isso a todas elas e muitos outros, como Roberto Douglas Machado, Lourival Figueiredo de Mello, João carvalhal, Antonio Jorge Nóbrega e José Rubens Marino, que me ofereceu o primeiro emprego na área. E foi na beira da piscina do Inter, do Saldanha, do Vasco da Gama ou do Santa Cecília, que vi o surgimento de grandes atletas. Tive a sorte de presenciar braçadas vitoriosas de Shirley Rosa Falbo e Paulo César Battisti.
Vi um duelo saudável entre dois talentos do nado de peito, João Fernando Almeida e Ricardo Benasayag. Conheci Renata Câmara Agondi, símbolo da natação em águas abertas, além de muitos jovens brilhantes como Érika Torralbo Gimenez, Natália Peres, Otamar Pelúsio, Marcos Tamada, Cíntia Higa e o inesquecível José Ricardo de Oliveira. Vi muitos outros que peço desculpas, por não ter espaço para homenagear aqui na coluna. Também foi nessa época que acompanhei o entusiasmo de Marcelo Teixeira com a equipe do Colégio Santa Cecília.
Apoiado pelo pai, doutor Milton ele começou a formar o que hoje é uma das melhores equipes do Brasil. Eram os tempos do saudoso Wilson Castro, o Bagdá. Do técnico Roberto Guerra que ajudou na formação da equipe. Um grupo que contava com Marcelo Mauriz, filho histórico goleiro do Santos Futebol Clube, Cláudio Mauriz. Naqueles tempos, a preocupação dos Teixeira era ganhar o Campeonato regional e cair na água com seus atletas. Mas o tempo passou e os últimos resultados com as vitórias nos campeonatos estaduais infantil e juvenil e no Brasileiro da categoria júnior mostraram a importância do investimento da universidade no esporte.
O sonho de Milton, Marcelo e da família cresceu com braçadas calculadas. A partir de 1987, uma nova era tomou conta da instituição. Começou com a chegada do técnico Márcio Latuf e foi se consolidando com dois jovens brilhantes: Hugo Dupree e Lúcia Roseane dos Santos. Se hoje a Universidade conta com um grupo forte em várias categorias, Hugo e Lúcia foram os pioneiros dessa grande fase atual. O esforço, a qualidade técnica e a dedicação deles contribuíram e muito para o fortalecimento da equipe, hoje uma referência nacional. O tempo faz bem para a natação da Unisanta. O entusiasmo ganhou planejamento e profissionalismo. Além de Latuf, vieram outros técnicos da qualidade como Gérson pazian. E outros professores cuidam do futuro como Binho, Cláudio, Joel Moraes e aqueles que iniciam a garotada no Aprenda a Nadar todos com a supervisão da professora Rosa do Carmo.
Os tempos dos sonhos e do amadorismo ficaram para trás, mas o espírito de união e de vitórias permanece na piscina olímpica da Universidade. Por isso, não tenho dúvida, que vai se tornar em breve e por muito tempo na equipe número um da natação brasileira.