Os fisioterapeutas, ex-alunos e professores da Unisanta, apresentarão resultados de seis pesquisas sobre memória, exercícios físicos e quedas, entre outros temas
Estudos com idosos da cidade de Santos foram selecionados para serem apresentados no maior congresso do mundo de pesquisas sobre demência: a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (The Alzheimer’s Association International Conference – 2018 (https://www.alz.org/aaic/). Os seis trabalhos foram desenvolvidos por cinco ex-alunos e/ou professores da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (Unisanta). O encontro acontece a partir de 20 de julho, em Chicago, nos Estados Unidos.
Três dos trabalhos indicados para a Conferência tiveram como base dados de um estudo coordenado pela professora de Fisioterapia da Unisanta, dra. Sheila de Melo Borges, em parceria com a Secretaria de Saúde de Santos. Intitulada “Síndrome da fragilidade: identificação e monitoramento de vulnerabilidade em idosos usuários de Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município de Santos/SP”, a pesquisa contou com a participação de 305 idosos usuários de sete UBS de Santos/SP.
Entre os assuntos abordados estão comprometimento funcional, cognitivo e de memória, exercícios físicos, quedas e síndrome da fragilidade.
A Diretora de Saúde da Unisanta, Dra. Caroline Simões Teixeira, é autora de um dos trabalhados selecionados. O estudo “Cognitive Assessment in Elderly People Assisted By Basic Health Care of a Brazilian City: Correlation with Timed “up and GO” Test with and without DUAL-Task” avaliou os idosos com testes de rastreio cognitivo (relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio) e funcional (de mobilidade). Na análise foi identificado que menos da metade da população apresentou resultado sugestivo de comprometimento cognitivo e, de maneira geral, uma boa mobilidade funcional. Além disso, os resultados apontam que um bom desempenho nos testes cognitivos está relacionado a um bom desempenho nos testes de mobilidade funcional. Caroline é formada em Fisioterapia pela Unisanta (2015) e especialista em Fisioterapia em Reabilitação Cardiopulmonar pelo Hospital Albert Einstein.
Já Marcos Vinícius Monteiro Bezerra, formado na Universidade Santa Cecíla em 2016 e aluno de Residência Multiprofissional em Fisioterapia na UNIFESP, realizou o estudo “Cognitive Screening Tests According to Frailty Syndrome in Community-Dwelling Elderly”, com o objetivo de comparar diferentes testes de rastreio cognitivo em idosos não frágeis, vulneráveis e frágeis. Segundo o autor, foi possível observar que nos três testes de rastreio cognitivo utilizados no estudo, os idosos não frágeis tiveram um melhor desempenho, quando comparados com idosos vulneráveis e frágeis. Isto sugere que os domínios cognitivos, como a função executiva, a linguagem, além da avaliação cognitiva global, podem ser importantes indicadores de síndrome da fragilidade em idosos.
Avaliar o comprometimento cognitivo e a ocorrência de quedas por relato nos últimos 12 meses foi o objetivo do trabalho “Association between Cognition and the Occurrence of Falls in Community-Dwelling Elderly”, da fisioterapeuta pela Unisanta (2017), Vitória de Almeida Ramos. “Constatamos que há uma baixa prevalência de quedas na população idosa avaliada, sendo assim não foi possível observar relação das quedas com o comprometimento avaliado por testes de rastreio cognitivo utilizados no presente estudo”, afirma a ex-aluna, que é pós-graduanda em Gerontologia no Hospital Albert Einstein.
A importância do exercício físico – Dupla tarefa durante mobilidade funcional e desempenho cognitivo entre idosos sedentários e praticantes de exercícios resistidos foi o tema do trabalho do recém-formado em fisioterapia da Unisanta, Sergio Luiz Lopez Nusa, que é pós graduando em neurologia clínica – UNIFESP. O objetivo do estudo, intitulado Dual-Task during Functional Mobility and Cognitive Performance between Elderly Resistance Traning Practitioners and Sedentary Elderly, foi comparar a dupla tarefa durante a mobilidade funcional e o desempenho cognitivo, entre idosos praticantes de atividade física (musculação) e sedentários. Participaram do estudo 164 idosos divididos em dois grupos, sendo que 44 deles praticam musculação no Complexo Recreativo e Esportivo Rebouças, e 120, sedentários frequentadores de UBS.
De acordo com Nusa, foi possível observar que idosos que são praticantes de musculação apresentam melhor desempenho durante a mobilidade funcional (com e sem dupla tarefa), apesar de não apresentarem diferença significativa nos testes de rastreamento cognitivo quando comparados aos idosos sedentários. “Destacamos que a atividade física trouxe benefícios durante a realização de tarefas motoras funcionais de que normalmente os idosos necessitam para manterem-se independentes e com melhores condições de administrar tarefas de atenção dividida, tão comuns no nosso dia a dia”, afirma.
Grupo de Neurociências – Além de orientar os seis trabalhos acima, a dra. Sheila Borges também faz parte grupo de Neurociências – LIM-27 do IPq-FMUSP e levará dois de seus estudos, realizados em São Paulo, para a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, nos EUA. São eles:
“Correlation between Falls and Gait SPEED during a Divided Attention Task in Older Adults with Cognitive Impairment.” Objetivo: verificar a relação da ocorrência de quedas e velocidade de marcha no teste de 4 metros com e sem dupla tarefa entre idosos com doença de Alzheimer em fase inicial, idosos com comprometimento cognitivo leve (CCL) e idosos saudáveis cognitivamente. Resultados: os resultados apontam relação entre estes fatores, mostrando que é importante um trabalho preventivo de quedas em idosos, especialmente quando há presença de algum déficit cognitivo, sendo essencial esta abordagem com a progressão do comprometimento cognitivo.
“Frailty Syndrome in Alzheimer’s Disease, Mild Cognitive Impairment and Normal Aging: Correlation with Executive Function.” Objetivo: verificar a prevalência da síndrome da fragilidade, comparando os resultados entre grupos de idosos com doença de Alzheimer em fase inicial, idosos com comprometimento cognitivo leve (CCL) e idosos saudáveis cognitivamente. Além disso, foi realizada uma anáise para saber se há relação da fragilidade com a função executiva (domínio cognitivo importante para execução de atividades do dia a dia relacionada ao planejamento das ações). Os resultados apontam que a fragilidade aumenta conforme o grau de comprometimento cognitivo e que a síndrome da fragilidade foi associada a um pior desempenho na função executiva.
Para a dra. Sheila, “estes dados mostram a importância de atividades que envolvam o treinamento deste componente cognitivo (a função executiva) de forma interdisciplinar, além de uma abordagem preventiva e terapêutica para a síndrome da fragilidade, visto que o prejuízo em ambos está associado à maior ocorrência de quedas e incapacidades na população idosa, além de outros desfechos negativos como institucionalização e hospitalização recorrente”.
Sheila de Melo Borges é fisioterapeuta formada na Unisanta, tem Aprimoramento em Fisioterapia em Geriatria e Gerontologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; Mestre em Gerontologia pela UNICAMP; e doutora em Ciências (psiquiatria) pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq-FMUSP).
Sobre o Congresso – A Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) é o maior e mais influente encontro internacional dedicado ao avanço da ciência da demência. A cada ano, a AAIC reúne os pesquisadores clínicos e científicos mais importantes do mundo, para compartilhar descobertas de pesquisas que levarão a métodos de prevenção e tratamento e melhorias no diagnóstico da doença de Alzheimer.