De nada adianta a utilização de novas tecnologias ou enxergar o docente como apenas um retransmissor de conhecimentos.  Ele, diferente do que muitos dizem, ainda tem papel fundamental na formação do cidadão, diante dos inúmeros caminhos propostos pelo mundo midiático.

Essa foi a conclusão de uma das sessões do 16º Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro (FNESP), que teve entre os debatedores Lúcia Maria Teixeira, presidente da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e vice-presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp).

Durante o evento realizado nesta sexta-feira (26), na Capital, a  educadora discursou sobre sustentabilidade e experiências acadêmicas e quais são os caminhos e as alternativas para repensar o ecossistema educacional.

Para ela, o objetivo do ensino superior de educar seus alunos para o exercício pleno da cidadania deve implicar propiciar-lhes, além das habilidades para a atuação profissional, uma formação geral e humanista, dotada de visão crítica da sociedade em que irão atuar. Significa formar o cidadão ético, comprometido com sua época e local onde desenvolverá suas ações.

Lúcia Teixeira acredita ainda que os docentes têm em mãos a possibilidade não apenas de preparar recursos humanos capacitados profissionalmente como também agentes da transformação social, que não solidifiquem uma sociedade injusta.

Durante sua explanação, a educadora ressaltou que o primeiro tema da pesquisa do professor deve ser o aluno e seu perfil. “Não é o professor apenas alguém responsável pelos aspectos técnicos e pedagógicos. Ele precisa ter uma atitude frente ao conhecimento, ao ensino, ao mundo, que o leve, através dos conteúdos trabalhados, a formar o homem-sujeito”, concluiu.

Paulo Blikstein, professor da Escola de Educação e diretor do Transformative Learning Technologies Lab da Universidade de Stanford (EUA), que também participou da sessão, em concordância com Lúcia afirmou que é necessário preparar o professor para o avanço tecnológico. Segundo ele, não adianta jogar um tablet, um computador na mão do aluno e imaginar que ele vai usar magicamente todos esses recursos. “Isso não acontece. Sabemos que o professor é indispensável e tem um papel muito importante. Precisamos formá-lo para ser não apenas uma pessoa explicando as coisas lá na frente, mas também um articulador desses recursos, como um trabalhador intelectual”.

Blikstein citou ainda a importância da atualização do docente com o mundo tecnológico.  “Ele precisa saber o que está acontecendo no mundo, se familiarizar com as novas mídias e tecnologias. Não importa se o docente usa um data show, lousa, vídeo, o importante é que ele entenda as características de cada mídia e saiba escolher a mais apropriada para cada conteúdo e momento. O centro da aula tem que ser o professor”.

Também participou da sessão Gustavo Hoffmann, diretor acadêmico do Grupo FACEB e pró-reitor Acadêmico da UNIPAC.

Sobre o evento – Durante o 16º Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro, organizado pelo Semesp, nos dias 25 e 26, em São Paulo, foram discutidos os temas: Ensino Superior Particular Brasileiro foram organizações sustentáveis e a inovação; como ser sustentável em um ambiente competitivo e complexo; sustentabilidade e gestão da IES; ecossistema acadêmico e as dinâmicas no processo de ensino e aprendizagem; sustentabilidade das organizações e as políticas públicas de financiamento; sustentabilidade e experiências acadêmicas com os caminhos e as alternativas para repensar o ecossistema acadêmico.

O evento contou com a participação de outros especialistas internacionais como o diretor de Planejamento Estratégico do Grupo Kaplan University (EUA), Leo Gonçalves; a pesquisadora sênior de Educação Superior do Instituto Clayton Christensen (EUA), Michele Weise; o diretor executivo do Twitter para Desenvolvimento de Mercado para América Latina e cofundador do canal Esporte Interativo, Carlos Moreira Jr; o pesquisador e diretor da Cátedra Unesco de Políticas Comparadas de Educação Superior da Universidade Diego Portales

Segundo Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp,  um dos objetivos do Sindicato é oferecer subsídios administrativos, jurídicos e econômicos para que seus associados possam se posicionar no mercado de trabalho.

“Estamos na 16ª edição do fórum e a cada ano abordamos temas que incomodam ou preocupam o segmento. Começamos há 16 anos com 100 participantes e o número vem sendo crescente. Hoje estamos com 500 inscritos de 17 estados brasileiros, cerca de 190 instituições de ensino e por aí se vê o interesse e a credibilidade que o fórum obteve”.

De acordo com Lúcia Teixeira, o ensino superior particular congrega 85% do aluando dos universitários brasileiros. “São alunos, em sua maioria, trabalhadores e há um grande histórico de inovação e conhecimento a ser oferecido a este aluno.”

“A universidade que não se questiona ou debate está parada. Sempre há o que ser alcançado ou adequado de forma a achar as melhores soluções para os grandes desafios do nosso País e do mundo”. A presidente da Unisanta lembrou ainda que “ações como essa e tantas que são feitas na Unisanta e em outras instituições são o caminho para melhorarmos sempre”.

Para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp,  a ideia do fórum é discutir com os especialistas das diversas áreas o que está acontecendo e os melhores caminhos para os problemas atuais. Mas não é apenas esse o foco. Procuramos enxergar um panorama das tendências na área acadêmica e das gestões administrativa e financeira, além de buscar a sustentabilidade das organizações de Ensino Superior. “A expectativa é conseguir efetivamente implantar, em curto prazo, as questões envolvidas e incutir dentro de suas discussões o que está por vir e como se organizarem de forma sustentável e com qualidade.”