As Faculdades que oferecem cursos de Comunicação Social na Baixada Santista, mantidos pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), Universidade Católica de Santos (Unisantos), Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e a Esamc, aguardam esclarecimentos e providências por parte do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), em relação ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2009, realizado no dia 8 de novembro.
Em reunião convocada pela Delegacia Regional do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), as universidades decidiram encaminhar solicitação de esclarecimentos ao Inep, de modo a assegurar que os universitários da Baixada não sejam prejudicados por orientações equivocadas dadas por fiscais de provas que estavam na Escola Estadual Cleóbulo Amazonas Duarte.
De acordo com inúmeros depoimentos dos universitários que fizeram a prova naquela escola, os fiscais teriam orientado os participantes a responder apenas às questões específicas do curso e a não responder e deixar em branco as questões gerais. Ainda segundo os alunos, outra informação que gerou mais dúvidas, contrariando o próprio manual do Enade, foi no sentido de que “haveria prejuízo maior para aqueles que não atendessem à orientação dos fiscais, respondendo a todas as questões”.
Diante desse fato, considerado lamentável pelos dirigentes das instituições de Santos, os alunos de Santos passaram a argumentar com os fiscais, que teriam relutado em aceitar qualquer comentário. Episódios como esse teriam acontecido também em outras cidades do País, comprometendo a avaliação, segundo foi apurado pelos dirigentes.
Inep – Ao receber o documento em Brasília, o Coordenador Geral do Enade, Webster Spiguel Cassiano, e a Diretora de Avaliação da Educação Superior, Iguatemy Maria de Lucena Martins, informaram que “o fato será analisado junto às instâncias competentes do MEC e à Empresa Aplicadora do Exame”. Em relação à atitude dos fiscais, eles esclareceram que o Inep “não deu qualquer orientação no sentido de que fosse respondida apenas parte da prova; e que a atitude dos fiscais não está amparada em norma do Inep”. Tal pronunciamento do MEC tranquilizou em parte os dirigentes santistas, que esperam que o episódio seja esclarecido.
Prejuízo – O Enade, que avalia a qualidade dos cursos superiores em todo o País, integra uma das etapas da avaliação do Ministério da Educação (MEC), que, somada à visita de uma comissão de especialistas à Universidade e ao questionário preenchido pela instituição, resulta no Índice Geral de Cursos (IGC). Dependendo desse conceito, as universidades precisam fazer as alterações exigidas pelo MEC para poder continuar oferecendo o curso em questão.

“Ao deixar de responder a mais da metade da prova, a pontuação dos alunos de Comunicação que estavam na escola Cleóbulo deve ficar comprometida e não refletir o aprendizado”, afirma Humberto Challoub, diretor da Faculdade de Artes e Comunicação da Unisanta. “Nossos alunos estavam muito bem preparados e confiantes de que teriam um excelente desempenho no Enade”, acrescenta Challoub.

Em reunião realizada na Chancelaria da Unisanta, os reitores e diretores de todas as Faculdades de Comunicação de Santos apresentaram a relação de nomes dos alunos prejudicados. A lista foi anexada a outros depoimentos para dar sustentação à manifestação, de modo a auxiliar o MEC na apuração dos acontecimentos.

Sem a reconsideração das notas, cerca de 50% de todos os alunos de Comunicação do Unimonte teriam sido desprezados na avaliação, afirma Adalto Corrêa de Souza Jr., diretor da Faculdade de Ciências Sociais da instituição. “Após a informação equivocada dos fiscais, o ambiente de prova ficou conturbado, confuso, reduzindo a segurança dos alunos”, conclui.
Providências – Todos os dirigentes acreditam que não houve intenção em prejudicar os alunos, mas é preciso que sejam tomadas as providências necessárias para que o processo seja reformulado, beneficiando a continuidade da aplicação do exame nos próximos anos e de modo a não desestimular os alunos.

Embora o ideal seria que a prova fosse aplicada em sua totalidade, conforme foi formulada, assegurando a isonomia a todos os estudantes do País, o que as instituições esperam agora é que, pelo menos, o MEC não leve em consideração as notas dos alunos de Comunicação que estavam no Cleóbulo, mas somente considerem como realizada a prova desses estudantes, condição obrigatória para o recebimento do diploma de graduação, para que não tenham maiores prejuízos.

A documentação foi encaminhada ao MEC pela delegada regional do Semesp e presidente da Unisanta, Lúcia Maria Teixeira Furlani, e pelas reitoras Sílvia Ângela Teixeira Penteado (Unisanta), Maria Helena de Almeida Lambert (Unisantos), o vice-reitor do Unimonte, Rogério Massaro, e a diretora acadêmica da Esamc Santos, Carlota Barbosa de Moura.