Ana Marcela, sobre as Olimpíadas de Tóquio: “Com todo o respeito a minhas adversárias que querem vencer, dessa vez vou querer um pouco mais que elas”. Léo de Deus e Nicholas Santos foram outras atrações da imprensa na manhã desta quarta-feira, pelas últimas conquistas no exterior.  

Tetracampeã mundial e campeã pan-americana de Maratonas Aquáticas, Ana Marcela Cunha recebeu, nesta quarta-feira (14/8), o certificado e o troféu do International Marathon Swimming Hall of Fame (Hall da Fama das Maratonas Aquáticas), das mãos de Igor de Souza, um dos melhores nadadores brasileiros em águas abertas.

Foi uma rápida cerimônia realizada no final da coletiva de imprensa na Universidade Santa Cecília (Unisanta), oportunidade em que Igor, que também faz parte do Hall da Fama, lembrou os tempos em que Ana Marcela era uma menina e já despontava com toda a garra da nadadora vitoriosa que viria a ser. Apenas atletas que receberam essa honraria podem realizar a apresentação de novos membros ao Hall da Fama, onde, do Brasil, já estão o nadador Abílio Couto, Igor de Souza e Poliana Okimoto, também da Unisanta, única medalha da natação brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio.

A cerimônia de indução da Classe 2019 (que homenageou os destaques mundiais da modalidade) aconteceu no dia 8 de março deste ano, em Melbourne, na Austrália, mas Ana Marcela não pôde estar presente em virtude dos treinamentos.

 

 

 

 

 

 

 

Ana Marcela: confiante

Ana Marcela, Léo de Deus e Nicholas Santos foram as grandes estrelas da natação brasileira, com prestígio internacional, que despertaram o maior interesse da imprensa nesta quarta-feira, na Unisanta.  Principalmente por suas últimas conquistas, no Pan realizado em Lima, no Peru.

Ana Marcela Cunha é sempre cautelosa, gosta de dizer que pensa nas competições “passo a passo”, mas não se esquivou de admitir que tem chances de vencer em Tóquio. Sabe que as outras concorrentes também esperam ganhar, mas, “com todo respeito a elas (as adversárias), desta vez eu estou querendo um pouco mais que elas”.

A tetracampeã mundial de maratonas aquáticas afirma que está em uma de suas melhores fases. “Nunca estive em uma linha tão boa de resultados”.  Ficou feliz de figurar no ranking entre os 19 melhores atletas do Pan (ela, Leo de Deus e Hugo Calderano, do tênis de mesa).

No próximo dia 23, ela viaja para a próxima etapa da Copa do Mundo. Vem nadando do jeito que planejou e vai tentar ganhar a Copa, dando o seu melhor.  Ela agradeceu à Unisanta, à família Teixeira e aos patrocinadores pelo apoio. “A gente tem aqui (na Unisanta) como nossa casa. E acho que chego sim, no ano que vem, no meu 100% lá. Estou vivendo um dos melhores momentos de minha vida e quero chegar lá na frente ainda melhor”.

Copa do mundo

“A próxima etapa da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas (na Macedônia), no dia 28/8, será a primeira prova no circuito mundial após classificação, então eu tô (estou) correndo também aí pelo ranking mundial”, acrescentou Ana Marcela. Ela está hoje na terceira colocação, 650 pontos atrás da primeira e 100 pontos atrás da segunda.

“Então eu tenho três provas pra (para) tentar recuperar o máximo possível e, pensando ainda neste ano, tentar ser campeã da Copa do Mundo. E aí, para o ano que vem, a gente vai ter pouco tempo, a gente vai ter pouca prova antes da Olimpíada. A gente não deve nadar muito, deve ficar um pouquinho mais escondida, porque neste ano no mundial, a gente foi bem”.

Ela comentou sobre sua participação, em Lima, nos 1.500 metros na piscina. Foi a primeira vez que esteve numa seleção brasileira de piscina, em que se sentiu como “uma debutante”. As pessoas estão acostumadas a vê-la subir ao pódio, mas ela gostou da experiência.

Ana Marcela Cunha fez história no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju (Coreia do Sul) como a mulher com mais medalhas em todas as edições da Competição; além das duas medalhas de ouro no Mundial (5 e 25km de maratona aquática), Ana também foi ouro em Lima – Peru e se tornou campeã pan-americana.

 

 

 

 

 

 

 

Leonardo de Deus: de cara lavada

“Estou muito feliz, de cara lavada. Às vezes eu me pego rindo em casa sozinho, porque foi mais difícil conquistar essa medalha fora da piscina do que dentro dela. Primeiramente, eu queria agradecer aqui ao meu clube Unisanta, que esteve comigo nessa odisseia, para que, aos 50 minutos do segundo tempo, eu pudesse participar do Pan”, afirmou Leonardo de Deus.

O nadador, tricampeão pan-americano nos 200m borboleta, ouro nos 4×100 medley misto, prata nos 4×100 medley e bronze nos 200m costas em Lima – Peru, lembrou sua participação no mundial da Coreia, onde foi finalista dos 200m borboleta.  “Fiquei em sétimo numa prova fortíssima, onde bateram recorde mundial e a gente teve dois dias para voltar do mundial e ir para o Pan, um fuso horário de 12 horas… Então, tem que atravessar todas essas adversidades, eu que tava entre picos, vou ou não vou, o que eu vou fazer, fui inscrito no último momento por mim mesmo, porque fui eu que fiz a inscrição, então eu tô (estou) com aquele sentimento de dever comprido, de alma lavada”.

“Uma coisa que eu falei e que eu vou repetir aqui, que não ia ser justo comigo por tudo o que eu fiz pela natação brasileira, tudo o que eu venho fazendo, eu estar de fora desses Jogos (pan). E a justiça foi feita, se não foi a justiça do homem, foi a justiça divina. E é o que eu falo, o homem não tira o que é de Deus, então eu tô (estou) muito grato por todos aqueles que estavam comigo num momento difícil, num momento em que eu estava desacreditado, então hoje eu só tenho a sorrir, eu vejo as quatro medalhas, eu que conquistei um sonho meu. Ser tricampeão pan-americano, o próprio reconhecimento da Panam Sports de ser eleito um dos melhores atletas dos jogos pan-americanos, pra (para) mim, é o resultado que eu esperava, era o que eu sonhei fazer e eu só tenho a agradecer a Deus e a todos aqueles que trabalharam comigo, estiveram comigo, meu clube, Unisanta, o exército, meu patrocinador, os que estiveram comigo, a minha família, então, o sentimento de alma lavada”.

Sobre nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em que a natação brasileira pouco fez, com exceção de Poliana Okimoto, o nadador atribuiu o insucesso da seleção aos horários das competições (a partir das 22h30), quando os nadadores brasileiros não estão acostumados a competir.

 

 

 

 

 

 

 

Nicholas: a tarefa de casa

Nicholas Santos é outro nadador da Unisanta que se prepara para as próximas competições com empenho e confiança. “No Mundial, meu objetivo é nadar os 50m livre, tentar fazer o índice pra Tóquio no ano que vem. Eu já comecei esse planejamento, tenho que quebrar um pouco algumas manias, até de treino mesmo, o tempo todo treinando borboleta… Então, eu voltei a treinar o crawl e meu objetivo é classificar nos 50m livre pra (para) Tóquio ano que vem”.

Ele agradeceu à Unisanta a oportunidade pelo suporte todo pra (para) eu participar desse Mundial, também à empresa patrocinadora.  “Sem eles, com certeza, não estaria nessa competição fazendo mais um feito aí pra minha carreira, com 39 anos, sendo o nadador mais velho a conseguir uma medalha no Mundial. Pra (Para) mim, sem dúvida, eu sempre fiz a tarefa de casa assim”.

“Então, todo o planejamento proposto, eu sempre fiz, sempre tentei me dedicar ao máximo, então eu acho que é a resposta de tudo isso que vem acontecendo ao longo da minha carreira, tem coisas que eu não consigo responder, como fatores genéticos, com relação a como que eu consigo me manter no alto rendimento até hoje”. O que eu posso dizer é que eu me mantenho sempre focado, com objetivo, eu acho que tudo que a gente se propõe a fazer com muita energia, seja empreendendo, (como) tendo um negócio, leva tempo. É preciso cerca de 10 anos pra  você conseguir se manter e falar:  realmente eu fiz tudo o que eu podia, com muita energia e deu certo”.

Nicholas Santos falou da importância do apoio da família e sobre os treinamentos no Brasil. “Não vejo nenhuma diferença nos treinamentos que fazemos no Brasil e lá fora. Muitos campeões olímpicos me procuram para saber como treinamos aqui”.

Nicholas Santos foi bronze nos 50m borboleta no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju. Com essa medalha, Nicholas bateu novo recorde (que já era seu): é o nadador mais velho a ir ao pódio em mundiais.

Gabrielle Roncatto

Quanto à Gabriele Roncatto, não ficou muito satisfeita com seus resultados em Lima.  “Fico feliz pela medalha de bronze, fico feliz por ter a oportunidade de representar o meu País, os brasileiros no Pan, mas eu acho que a gente sempre espera mais e eu vou ter que me dedicar mais, eu vou treinar mais e me cuidar mais, para, num próximo pan-americano ou nas próximas competições, me apresentar da melhor forma”.

Gabrielle Roncatto foi bronze nos 4x200m livre em Lima – Peru. Estavam presentes André Calvelo – integrante da equipe de revezamento do Brasil nos 4X100m livre no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju – 6ª melhor do mundo – e Victor Colonese – 4º lugar em Maratona Aquática em Lima – Peru.