O valor da cesta básica manteve-se em queda no mês de julho que apresentou redução de preço de 1,96% em relação ao mês anterior com vários itens tendo seus preços reduzidos, destacando-se a carne e a banana com mais representativos.
A cesta básica utilizada é a oficial e constante do Decreto-Lei n.º 399 de 30 de abril de 1938, o qual regulamentou a Lei nº 185 de 14 de janeiro de 1936, ambos vigentes até o momento.
Pesquisa de locais de compra
Foram identificados na pesquisa de orçamento familiar – POF – os locais de incidência de compra dos produtos, também chamados de hábitos de compra dos consumidores. Determina-se, então, a participação de cada local de compra, para cada um dos itens, estabelecendo-se uma ordem decrescente e o percentual de participação de cada local no total do item.
Determinação de marcas e tipos de produtos
Identificados os locais passa-se à consideração das marcas, tipos de embalagem, e peso consumidos (informações obtidas dos hábitos de consumo do conjunto amostral das famílias pesquisadas). Estabeleceram-se pesos relativos a: marcas, locais de compra, tipo de embalagem (peso), tipo de estabelecimento etc., resultando na elaboração do questionário da pesquisa por produto, local, marca, tipo, etc.
Coleta de preços
Utilizando a informação anterior, é efetuada visita mensal aos locais pré-estabelecidos, sendo apontados os preços praticados. Os preços obtidos, por produto, considerando a marca e o tipo, são processados resultando na média ponderada do item. A somatória do preço dos itens resulta no valor da cesta mensal, já ponderada. (a título de exemplo, pode-se citar a banana, cujo valor é resultante das pesquisas de preço em supermercados, feiras, sacolões e quitandas). A comparação dos preços das cestas mensais permite a obtenção do índice de evolução mensal e acumulado em percentual. Os valores obtidos estão representados no quadro II, tendo como mês inicial janeiro de 2002 cuja cesta foi avaliada em R$114,36.
A cesta básica apurada no mês apresentou variação de -1,96%, índice ocasionado pela redução de preços de 7 itens, contra 4 que apresentaram aumentos e 2 que permaneceram estáveis. Este comportamento da cesta reflete em parte a atual conjuntura da economia na qual a taxa de câmbio desfavorece as exportações, e possibilita um maior direcionamento de produção para o mercado interno na busca de uma maior rentabilidade dos produtores. Por outro lado favorecendo as importações faz com que os produtos importados cheguem mais baratos ao mercado interno também forçando a queda dos preços internos pela maior competição. Este cenário acaba por beneficiar os consumidores. Não estão afastados outros efeitos como os climáticos e da safra agrícola que podem estar beneficiando uma maior produção.
Com esta variação o índice acumulado cai 4,6% para 2,4%, ou seja o aumento da cesta no ano é inferior ao índice de inflação medido pelo IPC NESE, deve-se considerar ainda que a cesta em 2002 e 2003 aumentou mais do que a média da inflação e em 2004 ficou praticamente empatada com a inflação, evidenciando uma recuperação de preços.
No ano os preços da cesta tiveram seu auge em maio quando a mesma valeu R$ 170,73 voltando agora para R$ 163,68 que é um preço muito próximo do mês de fevereiro R$ 162,95.
É relevante ressalvar que a manutenção da taxa básica de juros pelo banco Central em patamar elevado, está gerando influência na contenção da demanda e por decorrência nos aumentos de preços em geral. Há também como dito anteriormente influência da valorização do real frente ao dólar, fazendo com que os produtos exportáveis sejam menos competitivos no mercado externo e assim podendo ser redirecionados para o mercado interno em volume maior, deslocando positivamente a curva da oferta e forçando assim o preço para um patamar menor.
O valor da cesta desde o início da sua elaboração pelo Nese já acumula variação de 43,13%, o que significa uma média de aproximadamente 8,5% ao ano, ou seja, acima da média da inflação medida no período (jan/2002 a junho/2005). Este crescimento é decorrente de uma recuperação de preços do setor rural que durante boa parte do plano real contribuiu para a manutenção dos preços em patamares estáveis. No entanto na busca da recuperação de margem bem como devido a aumento de custos houve reajustes acima da média conforme citado.
A expectativa de comportamento dos preços para o futuro, sempre irá depender de variáveis imponderáveis como condições climáticas, comportamento geral da economia e do comportamento do mercado externo. No entanto, as projeções de uma inflação mais baixa para 2005, e a estabilidade no risco país, nos levam a crer que haverá menor pressão inflacionária, mas sem dúvida a redução da carga tributária poderá ser um diferencial importante assim como foi em 2004 (especificamente nos alimentos básicos).
No acumulado, a cesta encerrou 2004 custando R$ 159,62 e está atualmente em R$ 163,68.