“Quando se diz que foram criados tantos mil empregos, fala-se só em emprego formal. E emprego propriamente dito? Isso ainda está em falta”. A reflexão do coordenador de pesquisas do Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos da Universidade Santa Cecília (NESE/Unisanta), Jorge Manuel de Souza Ferreira, ilustra o ponto mais discutido na divulgação da 2ª Pesquisa de Emprego e Desemprego da Cidade de Praia Grande, realizado na última terça-feira (16), no Consistório da Unisanta: a alta informalidade no número de empregados.
Segundo Ferreira, a taxa de informalidade no município é das mais elevadas, em torno de 50% em relação à População Economicamente Ativa (PEA) — que em Praia Grande é de 113.105 pessoas. Estão empregados 98.241 cidadãos, e 49.278 deles trabalharam de maneira informal. Na visão do coordenador de pesquisas do NESE/Unisanta, os dados são passíveis de atenção, visto que a taxa de desemprego, que no ano passado foi de 13,75% da PEA, chegou esse ano a 13,87%. Considerando-se a margem de erro de 2,62%, para mais ou para menos, não houve melhora nessa taxa, e manteve-se a queda na qualidade do trabalho.
“Com a falta do emprego, as pessoas migram para o mercado informal. Em nível nacional, houve um aumento na taxa de empregos, mas há também um grande estoque de desemprego. Então quando se fala que foram criados 10 mil empregos, na verdade, fala-se de emprego formal. Na verdade, não se criou nenhum emprego novo”, explica Ferreira.
Apesar de ponderar, no entanto, que nessa taxa de informalidade, entre os autônomos, estão médicos e advogados, por exemplo, ele lembra que a maior parte dos empregos informais é precária, o que, segundo o coordenador de pesquisas, deve ser objeto de atenção. “É para esse ramo que muitas pessoas, entre elas jovens e pessoas com menos conhecimento, acabam seguindo”. Vale lembrar que, de acordo com os dados, 91,3% dos autônomos trabalham de maneira informal, englobando desde profissionais liberais a ambulantes.
Ensino – A questão da escolaridade também chamou a atenção em dois aspectos, como a redução no número de desempregados com escolaridade mais elevada. Na pesquisa de 2007, por exemplo, 16,67% dos praia grandenses que tinham ensino superior incompleto e completo estavam desempregados. Em 2008, esse número caiu para 9,78%. No que diz respeito ao ensino de Pós-Graduação, os dados caíram de 1,04% para zero, do ano passado para esse ano.
O resultado segue uma tendência cada vez maior de preparação para disputa de cargos. “À medida que se aumenta o nível dos concursos, maior a chance de emprego para aquele que tem mais estudo”, explica Ferreira. Até por isso, o número campeão de desempregados está na faixa dos que tem somente o Ensino Médio, completo ou incompleto, que, de 61,46% no ano passado, chegou a 67,39% na coleta de 2008.
Pesquisa – Segundo o relatório da Pesquisa de Emprego e Desemprego, os principais objetivos do levantamento foram estabelecer relações com dados de outras cidades da Baixada Santista e colaborar com o desenvolvimento das cidades, apontando os lados bons e ruins da economia local. Para essa pesquisa, foram entrevistados, durante o mês de julho, 449 domicílios, totalizando um universo de 1447 pessoas (768 mulheres e 679 homens). O intervalo de confiança é de 95,5%.
Estiveram presentes na entrega do resultado, além de Jorge Manuel de Souza Ferreira, a presidente da Unisanta, Dra. Lúcia Maria Teixeira Furlani, e o diretor da Faculdade de Administração de Empresas, Júlio Simões Júnior. A presidente enfatizou a qualidade do material pesquisado pelo NESE/Unisanta e sua extensão. “Com esses dados, levantam-se os problemas e os pontos para que as prefeituras, no caso a de Praia Grande, possam saber o que focar e como o fazer. São informações que esclarecem as condições da Baixada Santista em todos os seus aspectos”.
Ferreira lembra também que, ainda neste mês de setembro, está sendo realizada outra pesquisa de Emprego e Desemprego em Santos e, até o final do ano, deve começar mais um monitoramento em São Vicente.