Valdemir, aluno da Unisanta, também foi o primeiro surfista cego do País

Os desafios e conquistas já fazem parte da rotina de aluno da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Valdemir Pereira Correa. Formado em 2012 na Faculdade de Educação Física, Valdemir, que é deficiente visual, agora tem como objetivo estudar as leis que controlam as relações dos indivíduos em uma sociedade e ingressou em 2013, na Faculdade de Direito, também na Santa Cecília.

Hoje, aos 44 anos e após 20 anos de ter perdido totalmente a visão, Valdemir segue firme na luta para conseguir fazer tudo o que pessoas “sem deficiências física” fazem. Depois de ser conhecido como o primeiro surfista cego do país, agora o aluno de Direito também será lembrado como o primeiro deficiente visual a participar de um conselho de sentença de um Tribunal do Juri. O feito aconteceu no início do mês de setembro.

“A princípio a minha presença causou perplexidade e espanto, já que nunca houvera um cego participando do conselho de sentença, no entanto o juiz Antonio Castelo não se intimidou com essa inusitada situação”. Segundo o estudante, o juiz designou que um funcionário do tribunal lesse para ele os autos do processo, o que permitiu que Valdemir tivesse conhecimento dos fatos ali registrados.
Valdemir conta ainda que apesar das cédulas de respostas à condenação (sim / não) não terem nenhuma inscrição em braille, elas foram organizadas em suas mãos: direita (referente ao sim) e esquerda (referente ao não), para que conseguisse efetuar a votação sem nenhum constrangimento.

Após esta experiência, foi programada uma nova visita de Valdemir ao Tribunal para orientar a equipe sobre melhorias, inclusive confecção de cédulas em braille, para garantir o direito que tem o deficiente de integração à sociedade. “Quero expressar minha gratidão a sua excelência, o juiz Antonio Castelo, ao promotor doutor Borba, à defensora doutora Nádia e ao professor da Faculdade de Direito da Unisanta, Luciano Pereira de Souza, que sempre me incentivou e acreditou que tudo daria certo. Graças a essas atitudes que o direito se concretiza.”