O novo Complexo de Laboratórios de Engenharia Mecânica Antonio de Salles Penteado, voltado para as áreas de graduação e mestrado da Universidade Santa Cecília (Unisanta), foi inaugurado na manhã desta quarta-feira (19/5), às 10 horas, em comemoração aos 50 anos do Complexo Educacional Santa Cecília e aos 40 anos de instalação de seu curso de Engenharia.
O Complexo, no qual foram investidos recentemente cerca de R$ 20 milhões, recebeu elogios do presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, (AEAS), Marcos Teixeira. Ele mencionou os equipamentos e os projetos ali existentes, que preparam os futuros engenheiros não apenas para a tecnologia e o mercado de trabalho, mas também para “melhorar a qualidade de vida” da população.
O presidente da AEAS mencionou como exemplo a maca especial para gestante. “Engenharia é isso, esse é o foco. Parabéns”, afirmou Teixeira. Ali estavam também a câmara hiperbárica para preservação de órgãos para transplante, a manta vibratória que auxilia no tratamento de dores e, ainda, como trabalho de conclusão de curso na área da Bioengenharia, os projetos de um andador e uma cadeira ortostática para deficientes.
“A maca para gestantes está servindo até como apoio para uma tese de doutorado em Fisioterapia”, explicou o coordenador do Curso de Engenharia Mecânica, Carlos Alberto Amaral Moino.
O Complexo recebeu o nome do Diretor da Engenharia, Antonio de Salles Penteado, que se emocionou bastante ao receber a homenagem, e a dedicou a todos os que participam ou participaram dos 35 anos da Faculdade, de alunos a ex-alunos, professores e coordenadores.
“Nesta Universidade é possível reunir a teoria à prática. Formamos engenheiros qualificados aptos a entrar no mercado de trabalho”, afirmou a Reitora da Unisanta, Sílvia Teixeira Penteado. Ela mostrou dois exemplos concretos do conceito dos engenheiros ali formados. Ex-alunos da Unisanta formados recentemente são homenageados anualmente em São Paulo pelo CREA. E um dos palestrantes presentes à Semana de Engenharia, no dia anterior, afirmou que, dos diretores da empresa que ele representava no momento , 8 eram engenheiros diplomados na Unisanta.
A diretora-presidente da Universidade, Lúcia Teixeira Furlani, citou um fato ligado à história da criação da primeira Faculdade de Engenharia noturna, que muitos não acreditavam que o CREA pudesse autorizar. Houve na época muita descrença, pois era novidade do País. Alguns setores achavam que um aluno trabalhador jamais teria tempo e condições de fazer um curso de Engenharia à noite.
A Unisanta tem provado que é possível formar ótimos engenheiros nos cursos noturnos de Engenhria, que se destacam no mercado de trabalho, aqui e no exterior. “Dar condições de elevar o trabalhador brasileiro, essa é a síntese de que o Brasil precisa”, afirmou Lúcia.
O Pró-Reitor da Unisanta, Marcelo Teixeira, prestou uma homenagem a seu pai, o dr. Milton Teixeira, fundador do Complexo Educacional Santa Cecília, “ grande educador e grande empreendedor”, que teve a coragem e a visão de criar a Instituição, com dona Nilza Teixeira. No local em que está o novo Complexo de Laboratórios de Engenharia, havia ali um campo em que Marcelo, então menino, vinha jogar futebol. A prática de esportes no local continuou, com antigos professores e funcionários, após a o término das aulas.
Esse convívio e esse amor aos esportes são outras marcas da Unisanta. Participaram ainda da cerimônia Eduardo Lustosa, diretor da AEAS, coordenadores e professores dos Cursos de Mestrado em Engenharia Mecânica da Unisanta e do Mestrado em Ecologia e Sistemas Costeiros.
O novo ambiente ocupa uma área de cerca de 500 metros quadrados, dividido em cinco ambientes. Segundo o coordenador do curso de Engenharia Mecânica, Carlo Alberto Amaral Moino, o novo complexo de laboratórios possibilitará o desenvolvimento de projetos interdisciplinares com potencial de mercado e que podem responder às necessidades da comunidade.
“Esse é um espaço de revelação de talentos e qualificação de profissionais, pois aqui nascem projetos inovadores que podem até ser patenteados, como a câmara hiperbárica”.
Tocha dos Jogos Abertos – Na área do esporte, aos alunos projetaram e construíram a tocha que foi usada nos Jogos Abertos do Interior 2010. Com um modelo semelhante ao utilizado em Olimpíadas e Pan-americanos, a tocha apresenta diferenciais como o design, menor peso e o sistema de controle do gás.
Também foram feitos uma cadeira para arremesso voltada a para-atletas e um dispositivo para medir esforços na natação. O professor Moino destaca ainda a participação dos estudantes em competições nacionais, como as organizadas pela Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE Brasil), para as quais os universitários projetam e constroem um autocross conhecido como baja e um aeromodelo, que exige inclusive conhecimentos da engenharia aeronáutica.
Prática industrial – Os interesses do parque industrial também são alvo de estudos de profissionais e alunos de Engenharia, comenta o professor Deovaldo de Moraes Júnior, responsável por um dos laboratórios de Engenharia. No local, são produzidas unidades industriais em escala reduzida, que possibilitam a realização de pesquisas inéditas com aplicação direta nos mais diversos segmentos da indústria.
Transportador Pneumático – Marlene Silva de Moraes, professora do curso de Engenharia da Unisanta, está desenvolvendo sua tese de doutorado na Unicamp, com pesquisas científicas obtidas por meio de um dos equipamentos do laboratório de Engenharia da Unisanta, um transportador pneumático.
O estudo tem por objetivo a obtenção de dados, não disponíveis em publicações, sobre a perda de carga em acessórios em escala industrial. Com aplicações nas indústrias químicas, de alimentos, de minérios, farmacêutica e de celulose, por exemplo, o transportador pneumático é usado para deslocamento de partículas como grãos, medicamentos em pó e polietileno dentro de tubulações. O mesmo equipamento será usado em estudos futuros por alunos do mestrado profissional em Engenharia Mecânica da Unisanta, iniciado neste ano.
Tanque com troca de calor – Também está em andamento o doutorado que utiliza um tanque com troca de calor, produzido na Unisanta. Voltado para indústrias do setor petroquímico, de alimentos e de tintas, o equipamento reduz a viscosidade do produto para facilitar seu transporte. A pesquisa do professor Moino tem como foco de estudo o dispositivo que mistura e resfria ou aquece o produto dentro dos tanques industriais.
Ainda no campo da troca de calor, há outra unidade, produzida nos laboratórios da Unisanta, que está sendo usada em uma dissertação de mestrado realizado na Universidade Federal do ABC. Trata-se de um trocador de calor com placas, que tem a finalidade de pasteurizar leite e sucos.
Spray Dryer – A secagem da biomassa da banana verde em secador do tipo spray dryer foi outra pesquisa de doutorado, também obtido pela Unicamp, com base no Spray Dryer – um secador por atomização -, construído no laboratório de Engenharia da Unisanta. O equipamento está presente na indústria de alimentos e farmacêutica, podendo ser usado para a produção de produtos como sabão em pó, café solúvel e leite em pó.
Trata-se de um projeto inovador que produz a farinha da banana verde, a qual pode ser utilizada industrialmente em uma grande variedade de alimentos, por não interferir nos atributos sensoriais de outros ingredientes e apresentar propriedades funcionais, sobretudo pela presença do amido resistente. De acordo com a pesquisa, essa substância pode reduzir os índices de glicemia e de colesterol e o risco de câncer de cólon.
Bancada de Experimentos de Engenharia de Petróleo – Um dos mais novos equipamentos produzidos no laboratório de Engenharia da Unisanta poderá gerar pesquisas para a graduação e pós-graduação nas áreas de mecânica, química e petróleo. Trata-se de uma bancada de experimentos que mostra desde o processo de exploração, passando pela produção, até a distribuição do petróleo. A Unisanta já possui uma minirrefinaria, produzida em conjunto com a Petrobras e a única em operação no país, mas que não possibilita a obtenção de dados para pesquisa, diferente desta bancada, explica Moraes Jr.
Na área da graduação, outra pesquisa demonstra a estreita ligação entre universidade e o parque industrial. O professor Moino cita como exemplo o trabalho intitulado Estudo de Tensões e Flexibilidade em Tubulações Industriais, que foi publicado na revista Tubo & Companhia, edição número 33, ocupando oito páginas, com gráficos e ilustrações. Além disso, a pesquisa foi selecionada para ser apresentada no 10º Congresso Ibero-Americano em Engenharia Mecânica (CIBEM 10), marcado para setembro, na Universidade do Porto, em Portugal.
Os graduandos iniciaram a primeira etapa dos estudos com experimentos em laboratório (módulo didático construído para esse fim) e métodos de análises computacionais. “Para absorver as tensões causadas pela expansão térmica de modo mais eficiente, foram estudados diversos arranjos de juntas de dilatação térmica”, escreveram os acadêmicos.
Parque Tecnológico – O professor Moino acredita que o novo espaço é um incentivo à prática de projetos de inovação tecnológica e tem importância fundamental na formação de profissionais empreendedores, perfil desejado para atuação no parque tecnológico de Santos.
“As novas empresas que surgirão para atender à crescente demanda de serviços voltados à área do petróleo e gás e do setor portuário serão dirigidas por profissionais que, em sua formação, puderam aliar teoria e prática em ambientes favoráveis à inovação científica e tecnológica”, comenta.