O Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, Almirante-de-Esquadra Wilson Barbosa Guerra, disse que não seria possível o estudo da plataforma marítima continental sem a participação das universidades que estão no top das pesquisas científicas.
O levantamento científico da “Amazônia Azul”- plataforma marítima continental brasileira pouco explorada, é o desafio a que se propuseram oficialmente a Marinha Brasileira e a Universidade Santa Cecília (Unisanta), durante a assinatura de Acordo de Cooperação Técnica e Científica, na manhã desta sexta-feira (22). É o primeiro acordo desse tipo firmado com uma universidade particular, conforme o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, Almirante-de-Esquadra Wilson Barbosa Guerra.
“Chegamos à fronteira do conhecimento, e a Marinha percebeu que, sozinha, não poderá fazer os estudos necessários, sem as universidades que estão no top das pesquisas”, afirmou o almirante. Ele mencionou um dos objetivos do Acordo, o que é partilhado pela Unisanta: transferir o conhecimento para o bem da sociedade. O Brasil atingiu marcos financeiros e econômicos pujantes, que precisam ser acompanhados pelo conhecimento científico e o desenvolvimento social, disse.
A Marinha, com o Ministério da Defesa, estabeleceu um programa de pesquisas para os próximos 20 anos. Algumas já estão sendo feitas pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, em Arraial do Cabo, em parceria com o governo da França. Entre as áreas de interesse da Marinha estão as algas, a microfauna da bacia petrolífera, os organismos bioluminescentes, os que aderem aos cascos dos navios e dos submarinos, as condições do ecossistema marinho. As embarcações da Marinha ficam durante muito tempo embaixo da água, e outros estudos importantes se referem à velocidade do som nesse ambiente.
Cursos de pós-graduação constituem outro foco de interesse da Marinha, e a Unisanta poderá contribuir, afirmou a Reitora, Sílvia Teixeira Penteado. Ela mencionou os Mestrados em Ecologia Marinha e Gerenciamento Costeiro, e o de Engenharia Mecânica, recomendados pela Capes, além de diversos cursos de Lato Sensu na área do estuário, de oceanografia, de engenharia de petróleo e outros, necessários para a exploração marítima e preservação do meio ambiente. “Os oceanos ocupam 2/3 do planeta, são ricos em alimentos e recursos, e precisam ser explorados de forma consciente”.
Amazônia Azul
Lúcia Teixeira Furlani, presidente da Unisanta, referiu-se ao aumento da plataforma marítima brasileira. Foram adicionados mais 4,5 milhões quilômetros quadrados ao território nacional, o que aumenta a necessidade de pesquisas mais profundas. A Unisanta já vinha realizando estudos com a Marinha desde 1999, com a colaboração de diversos parceiros. O Brasil, com seu imenso mar territorial, é um tesouro ainda carente de pesquisas científicas que possibilitem um desenvolvimento pleno e autossustentável em benefício de nossa população e da nossa soberania. Daí a importância do Acordo assinado nesta sexta-feira.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar estabeleceu que todos os bens econômicos existentes sobre o leito do mar e no subsolo marinho, ao longo de uma faixa litorânea de 200 milhas marítimas de largura, na chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE), constituem propriedade exclusiva do país costeiro. Em alguns casos, a Plataforma Continental (PC) – prolongamento natural da massa terrestre de um Estado costeiro – ultrapassa essa distância, podendo estender a propriedade econômica do Estado a até 350 milhas marítimas. Essas áreas somadas – ZEE mais a PC – caracterizam a chamada Amazônia Azul, com quase 4,5 milhões de Km², o que acrescenta ao País uma área equivalente a mais de 50% de sua extensão territorial.
O Pró-Reitor da Unisanta, Marcelo Teixeira, disse que estudos foram feitos pela Universidade também com o Exército, a Aeronáutica, a Polícia Militar e os Bombeiros. Com a Marinha, além das pesquisas acadêmicas, a Unisanta poderá colaborar enviando professores e alunos de Educação Física para coordenar atividades físicas em comunidades carentes, ou oferecer-lhe o uso de quadras, piscinas e equipamentos.
Pontos em comum
Tanto a Marinha como a Unisanta têm um ponto em comum, conforme o Acordo: (…) a busca pelo desenvolvimento tecnológico e social aliados à preservação de nossos bens naturais, culturais e históricos. O documento menciona a experiência da Unisanta quanto a pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico em mares e oceanos, “tendo inclusive realizado outras atividades em parceria com a Marinha do Brasil e demais instituições públicas e privadas no País e no Exterior”.
O papel da SecCTM é o de “acompanhar a evolução científica e tecnológica, o estado da arte, os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento realizados em instituições privadas e governamentais, de relacionar-se com as demais Forças Armadas e com os setores industrial, universitário e técnico-científico, nas atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico de sistemas, equipamentos, componentes, materiais e técnicas de interesse da Marinha”.
O professor Fábio Giordano apresentou as pesquisas feitas e em andamento pela Unisanta, como a de automação portuária e segurança laboral, descarte de materiais de dragagem no estuário, monitoramento ambiental, entre muitas, com participação da União Europeia, e outras na área de Engenharia.
Autoridades
O prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, ressaltou que a Marinha e a Unisanta são peças fundamentais para a realização de estudos e tecnologias que se fazem necessárias como o Parque Tecnológico da cidade, as pesquisas para se aprofundar o canal de Santos, a modernização do porto e atenuar problemas como o aquecimento global e a elevação do nível do mar.
“Acompanho cada conquista e cada avanço da Unisanta, que foi minha escola”, disse.
Estavam presentes ainda o Secretário de Planejamento de Santos e presidente do CAP – Conselho de Autoridade Portuária, Bechara Abdala; o Secretário de Assunto Portuários de Santos, Júlio César Novaes de Paula Santos; o presidente da Fundação CENEP- Centro de Excelência Portuária, Esmeraldo Tarquínio; o diretor da Fundação Parque Tecnológico de Santos, Marco Aurelio Linhares Matias; o diretor da Fundação Settaport, Antonio Biz; o vice-presidente da Soamar, Sociedade Amigos da Marinha, Eugênio Carlos Pierotti; o diretor da Associação Comercial de Santos, Geraldo Cesar Pierotti, o diretor do Ciesp em Cubatão, Valdir José Capobianco; o vice-diretor do Ciesp de Santos, Ronaldo de Souza Forte; o vereador Fábio Nunes: Sérgio Aquino, ex-secretário de Assuntos Portuários de Santos, entre outras autoridades
Participaram da comitiva da Marinha o Vice-Almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão, comandante do 8º Distrito Naval; o Contra-Almirante Humberto Moraes Ruivo, diretor do Instituto de Pesquisa da Marinha; Capitão-de-Mar-e-Guerra Gerson Luiz Rodrigues Silva, Capitão dos Portos de São Paulo; o Capitão de Fragata Cléderson Bucci Fernandes, encarregado da Divisão de Parcerias Estratégicas do SecCTM) e o Capitão-Tenente James Acampora Bessa Pinto, Assistente da SecCTM.